domingo, 15 de maio de 2011

Problemas na tireóide podem afectar visão das cores
Cientistas acreditam na aplicabilidade dos resultados aos humanos
2011-05-10H

Um défice das hormonas da tireóide pode afectar a visão das cores em adultos, demonstrou um estudo realizado em ratos por cientistas do Instituto Max Planck para a Investigação do Cérebro, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e da Universidade de Medicina Veterinária Viena, na Áustria.

Vários estudos já demonstraram que a hormona tireoideia, que tem um papel fundamental no desenvolvimento do organismo, sobretudo no sistema nervoso, desempenha um papel de relevância no desenvolvimento do olho, nomeadamente, nas células do cone visual, responsáveis pela visão das cores, mas pensava-se que tal só acontecia numa fase de desenvolvimento.
Grande parte dos mamíferos apresenta dois tipos de cones com diferentes sensibilidades espectrais, que contêm um de dois pigmentos visuais (opsinas): opsinas sensíveis à luz de onda curta (luz azul) ou opsinas de luz de onda média ou larga (luz verde).

Até à realização deste estudo, os cientistas pensavam que o controlo da produção de opsinas pela hormona tireoideia era um fenómeno de desenvolvimento, pelo que assumiam que nos cones maduros, o programa de produção de opsinas era fixo e não precisava ser regulado.

Contudo, o grupo de investigadores liderado por Martin Glösmann e Anika Glaschke questionou este processo e demonstrou, em experiências com roedores, que a produção de opsinas em cones maduros continua a depender da hormona da tireóide, tal como deverá acontecer em todos os mamíferos, incluindo os humanos, acreditam os cientistas.
Até chegar a estes resultados, a equipa analisou cones em ratos adultos com hipotireoidismo ao longo de várias semanas. Nesta situação, todos os cones produziram opsinas azuis, tendo havido uma redução nas verdes.
Depois de um tratamento em que os níveis hormonais se equilibraram, os cones reverteram a sua produção para o tipo de opsinas “normal”: um tipo de cone produzia opsina verde e o outro azul. Assim, os investigadores concluíram que os cones, cujo tipo é definido pela classe de opsina que produzem, são controlados de uma forma dinâmica e reversível pela hormona tireoideia durante toda a vida.
Ao verificar estes resultados, Glösmann afirmou que, “se este mecanismo também funcionar nos cones humanos, o aparecimento de uma deficiência da hormona tireoideia em adultos - por exemplo, como resultado de uma deficiência de iodo na dieta ou pela remoção da tiróide - pode afectar as opsinas dos cones e visão a cores. "

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