quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Desaceleração da economia reduz a procura por serviços nos pet shops

29/10/2014
Com 28 unidades em operação, a Cobasi, rede varejista de produtos para animais de estimação, deve manter o crescimento registrado em 2013 e prevê mais três lojas até o final do ano
Fellipe Aquinoautelosa com o crescimento da rede para este ano, Cobasi aposta na bandeira Pet Fácil
Foto: Divulgação
SÃO PAULO - Na contramão da indústria dos produtos para animais de estimação, que somente este ano deve registrar crescimento superior a 8%, redes de pet shop começam a sentir impactos negativos do mercado brasileiro. O segmento tem visto queda na procura de serviços.
Com a projeção de faturar R$ 16,4 bilhões este ano, a categoria já representa cerca de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB), informou a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Entre as companhias que preveem crescimento mais tímido este ano está a Cobasi. Com 28 lojas em operação - todas próprias -, a varejista segue mais cautelosa com relação ao mercado, como disse a gerente de marketing da rede, Daniela Bochi. "Não estamos tão otimistas quanto a indústria, já que 2014 não está sendo um ano favorável para o varejo como um todo", destacou ela.
Conforme a executiva, o segmento pet foi impactado principalmente pelo baixo desempenho da economia brasileira, o que levou a companhia a manter o mesmo crescimento do ano passado, sem registrar alta no volume de vendas. "Foi um ano ruim para todos os segmentos. Não deixamos de crescer, já que mantivemos os índices vistos ano passado".
Expansão
Com um público diário superior a 1.500 pessoas em cada unidade, Daniela afirmou que os planos de investimento da companhia não foram alterados, tanto que perspectiva da marca é chegar a 31 lojas, ainda este ano. "Mesmo com o varejo desacelerado, mantivemos o nosso plano de expansão. Até o final do ano vamos inaugurar a 31ª unidade. Além disso, criamos a marca Pet Fácil - loja de bairro - que chegará a quatro unidades em 2013", afirmou.
Para o próximo ano, a Cobasi quer ampliar suas lojas e investir nas regiões Sul e Centro-Oeste. Com forte atuação no Estado de São Paulo, uma nova unidade foi aberta no Rio de Janeiro, onde a companhia já contava com duas lojas. "A expectativa é de cinco a 10 novas lojas ano que vem, mas ainda não decidimos em quais locais eles serão abertas".
Plataforma on-line
Com a projeção de faturar mais de um R$ 1 milhão este ano, a Petfarma, importadora e distribuidora de medicamentos virtual diz estar otimista. Com atuação no mercado varejista e de venda direta ao consumidor, a companhia, que atua no comércio de medicamentos e suplementos para pets, prevê crescimento de superior a 100% em 2014, além de 60% no próximo ano.
"As grandes distribuidoras foram as que mais sentiram os impactos negativos da economia. Para as pequenas, o movimento ajudou a estimular a competitividade por preços melhores", contou um dos representantes da companhia, Ronald Glanzmann.
Hoje, 50% do faturamento da rede é fruto dos produtos importados, já os outros 50% estão divididos entre venda direta e negociação com o varejo. "Recebemos em média 400 pedidos ao mês. Além disso, trabalhamos com produtos de alto valor agregado, com venda sob prescrição médica".
Segundo Glanzmann, o mercado animal possui grande potencial de crescimento no Brasil, já que atualmente o País possui a segunda população de pets no mundo.
"Temos mais cachorros e gatos, do que crianças com até 17 anos. Isso se reflete no número de veterinários que é a maior do mundo, sendo seguida pela Rússia e Estados Unidos", finalizou.
Ferramenta digital
Marketplace de produtos animais, a 4 Pets é outra companhia que está atenta ao potencial de crescimento no setor. Com mais de 30 companhias do segmento da plataforma virtual, entre alimentação e medicamento, a marca aposta agora na Integra Vet, novo braço da marca criado para desenvolver sites de comércio eletrônico (e-commerce).
"Criamos a companhia, pois tínhamos uma limitação com as tabelas de preço de algumas empresas no marketplace", disse a coordenadora comercial da marca, Mariana Matazo.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Kolatrix total

As urnas eletrônicas e a honorabilidade do Judiciário

27/10/2014

Luiz Guilherme Marques, juiz de direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG)

Ricardo Santiago, que se disse mesário em CG/PB, disse que sua sessão eleitoral recebeu uma urna com 400 votos já computados para a candidata ao cargo de presidente da República Dilma Roussef e que tentou chamar a Polícia na hora, mas foi impedido, tendo veiculado essa informação na data de ontem, dia 26 de outubro de 2014, às 18:33 h.

Como juiz eleitoral da 349ª Zona Eleitoral de Juiz de Fora/MG e como cidadão brasileiro, considero-me no dever de enviar este artigo à AMAGIS – Associação dos Magistrados Mineiros, a fim de que seja publicado, para conhecimento de quem possa se interessar pelo assunto, quer como responsável pela Justiça Eleitoral, quer como cidadão.

Sei que esta fala pode representar minha exoneração do cargo provisório de juiz eleitoral, mas, pela minha própria honorabilidade como magistrado mineiro, entendo-me no dever de veicular esta notícia, que, se for falsa, em nada prejudicará a candidata eleita, e, que, se for verdadeira, deve ser transformada em alguma coisa de concreto, pois não se pode admitir que alguma informação grave como essa fique isenta de averiguação por quem de direito.

Afirmo que a cidadania e o exercício do cargo de magistrado exigem participação ativa das autoridades e do povo em geral.

Como juiz já fui objeto de reclamações de pessoas inconformadas com a minha atuação funcional e, felizmente, todas redundaram em arquivamento das denúncias assinadas ou anônimas por falta de base, mas acredito que nenhuma autoridade, seja de que nível for, deva ficar isenta de fiscalização e averiguação, quando ocorra qualquer afirmação que desabone sua atuação funcional.

Nada se perde quando ganha a cidadania no seu sentido mais elevado.

O Brasil precisa promover-se a país de primeiro mundo e isso somente acontecerá se todos nós, autoridades constituídas, prestarmos conta ao povo da nossa atuação como tal.

Não importa se votei na referida candidata ou não, mas está em jogo a própria honorabilidade da Justiça Eleitoral, da qual faço parte provisoriamente, devido ao sistema de rodízio de juízes estaduais que exercem tal função por dois anos.

A execração que se faz atualmente contra o Judiciário não deve persistir, mas, para tanto, o próprio Judiciário deve mostrar aos cidadãos que merece crédito e que está acima de quaisquer interesses partidários. 
Este assunto é da alçada da Justiça Eleitoral e deve ser apurado, sendo que, se isso não se fizer, ficará a suspeita, como uma espada de Dâmocles sobre nossas cabeças, de que eu e os demais juízes e tribunais eleitorais somos corruptos, o que garanto que não sou e assim também afirmo quanto à imensa maioria dos meus colegas.

Estou enviando este breve artigo também para a AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros, a fim de que seja publicado, caso assim entendam os colegas dirigentes dessas entidades de classe dos membros do Judiciário.

O texto é breve, como deve ser qualquer manifestação que dispensa fundamentos, pela própria clareza e seriedade de que se reveste.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Vendas da Reckitt Benckiser desaceleram

22/10/2014
O crescimento de vendas da fabricante de bens de consumo Reckitt Benckiser desacelerou de forma mais acentuada do que o esperado no terceiro trimestre, atingido pela fraqueza em economias ocidentais e arrefecimento em mercados emergentes, avança a agência Reuters.

A fabricante de produtos de limpeza Veja e de produtos para depilação Veet agora espera que o crescimento da receita no ano fique na parte inferior de sua meta de 4 a 5 por cento, embora ainda tenha mantido previsão de alta para as margens de lucro.

"O crescimento ainda não voltou nos mercados desenvolvidos e os mercados emergentes estão, em geral, mais fracos", disse o presidente-executivo, Rakesh Kapoor, citando países como Tailândia, Indonésia, Índia e Brasil, onde as vendas de produtos para casa e cuidados pessoais andaram de lado, com varejistas focados na venda de cervejas e refrigerantes no campeonato Mundial de Futebol.

"Estávamos à espera de uma recuperação no terceiro trimestre, mas ainda não vimos isso", disse Kapoor sobre o Brasil. "Não sei se posso dizer hoje que isso será corrigido em breve".

Excluindo o negócio de produtos farmacêuticos da Reckitt, que a empresa espera desmembrar até o final do ano, as vendas em mesmas bases subiram 3 por cento. O desempenho ficou abaixo do avanço de 4 por cento no segundo trimestre e da estimativa média de analistas de 3,7 por cento, de acordo com um consenso compilado pela empresa.

"O terceiro trimestre testemunha a favor de um mundo em desaceleração", disse o analista Martin Deboo, da Jefferies, a respeito do desempenho da Reckitt.


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Programa Nutri-Mestres lançado a nível internacional

22/10/2014

A Nutri Ventures acaba de lançar o programa Nutri-Mestres nos EUA e Brasil. Um ano depois da apresentação em Portugal, o programa que utiliza o entretenimento como ferramenta educativa na promoção de estilos de vida saudáveis espera agora chegar a mais de 65 milhões de crianças norte-americanas e brasileiras.

O Nutri-Mestres disponibiliza um conjunto de materiais educativos gratuitos para profissionais ligados aos sectores da saúde e educação. "Emprestamos a história e os heróis da Nutri Ventures - que as crianças já conhecem da televisão e do digital - e desenvolvemos vídeo-aulas, fichas de trabalho, músicas e outros elementos de interactividade e multimédia. Estes materiais vão ajudar professores, nutricionistas e outros profissionais a captar a atenção dos mais pequenos para o tema da alimentação saudável", esclarece Sofia Bento Monteiro, Global Marketing Manager da Nutri Ventures.

À semelhança dos materiais disponibilizados em Portugal, todos os materiais desenvolvidos para os EUA e Brasil contaram com o apoio de parceiros locais na área da saúde, educação e alimentação.

Estas organizações validam as mensagens nutricionais, adaptam os conteúdos ao currículo pedagógico de cada país e ajudam a promover o programa.

"Estamos muito satisfeitos por poder trabalhar com organizações de referência como a Parthership for a Healthier America, nos EUA, e o Instituto Movere, no Brasil. Ficamos ainda mais motivados e seguros de que este é o caminho para ajudar a combater a má alimentação infantil", revela Sofia Bento Monteiro.

Em Portugal, o programa foi elaborado em conjunto pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), pela Direcção-Geral da Educação (DGE) e pela Nutri Ventures. Está disponível em www.nutri-mestres.pt.


Fonte: comunicado de imprensa 

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A importância do endomarketing na área farmacêutica

Costumo dizer que endomarketing é a mais básica das atitudes que uma empresa pode ter

Evelyn Cordeiro, 

Costumo dizer que endomarketing é a mais básica das atitudes que uma empresa pode ter. Se marketing é um processo dinâmico e orgânico que objetiva a construção e manutenção de relações duradouras através de trocas, o relacionamento com os clientes internos (funcionários) deve fazer parte das prioridades estratégicas de qualquer negócio, produzindo uma onda que emanará um comportamento enriquecedor no dia a dia de trabalho e que proporcionará uma influência interessante no resultado econômico-financeiro, pois o astral positivo atingirá e contaminará os clientes externos.
Na área farmacêutica, o foco em endomarketing é ainda mais essencial porque o seu core é extremamente voltado à saúde e bem estar, que são assuntos delicados, e o ambiente de negócios é altamente competitivo.

Mas afinal, quais as reais razões de investir no marketing interno?

1- A matéria prima do marketing é feita de carne e osso, ou seja, pessoas!
2- Empresas são construídas por pessoas e para pessoas.
3- Funcionários felizes atendem melhor os clientes. Fazem girar o círculo virtuoso de prosperidade nos negócios.
4- O mercado está com escassez de profissionais competentes e a atmosfera organizacional das relações e o ambiente interno são pontos fortes que todo profissional considera antes de analisar outras propostas de trabalho.
5- Empresa que quer vencer precisa de um time comprometido e competente, sempre! É o que chamo de 3C’s de um Time Vencedor: Comprometimento, Competência e Constância.
6- Quanto melhor o score dos 3C’s, maior a maturidade da organização e mais forte é a relação de confiança entre funcionários e empresas. Essa confiança transborda para fora da empresa.

E como desenvolver um programa de endomarketing campeão na indústria farmacêutica?

- Entendendo que marketing interno precisa possuir vínculos com a estratégia corporativa. E que todo processo de endomarketing deve ser planejado e desenvolvido como um programa de construção e fortalecimento da relação empresa-funcionário.
- Estudando o público interno, entendendo seus anseios e padrão comportamental, analisando a cultura empresarial e cruzando com os objetivos estratégicos da organização.
- Trabalhando para retirar do mindset da equipe responsável a ideia de que endomarketing é a mesma coisa que comunicação interna. E que basta enviar emails motivacionais, alimentar os murais e realizar uma festa de fim de ano animada que estará desenvolvendo marketing interno.
- Entendendo que o canal de comunicação mais forte que se possui são os próprios funcionários e que para atingi-los assertivamente é necessário planejar ações focadas em resultados reais, utilizando a mensagem certa por meios certos para o público certo. Sugiro que divida sua equipe em grupos por direcionadores, de acordo com a análise realizada no segundo item e aja diferenciadamente em cada grupo. Existem ações em massa (para todos os funcionários) e ações personalizadas (por clusters).
- Usando o exemplo como catalisador para atitudes que desejam replicar internamente e fomentar o transbordamento da magia interna aos clientes externos. O exemplo é o melhor treinamento e possui custo zero.
- Compreendendo a cadeia relacional de cada cluster de funcionários, para que possa estabelecer ações direcionadas e aderentes a todos os elos dessa cadeia. Por exemplo: quem são os clientes do cluster representantes comerciais (propagandistas)? Médicos. Como atuar com esse cluster para que ele proporcione mais satisfação aos seus clientes para maximizar as possibilidades de prescrição e venda dos produtos do laboratório?
Para que se formem equipes de alto desempenho em indústrias farmacêuticas é necessário que se criem processos internos que aflorem nas pessoas a ideia de que são importantes para a empresa. O endomarketing, quando bem desenvolvido, desperta nos funcionários o orgulho de pertencer à organização, motivando-o a desempenhar muito melhor suas atividades e satisfazer aos clientes externos. Endomarketing de verdade causa transbordamento da satisfação e felicidade para fora do laboratório.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A indústria farmacêutica e a perpetuação das doenças

Para a indústria farmacêutica e uma parte da medicina e dos médicos as doenças se tornaram uma fonte inrterminável de lucros e enriquecimento

A distorção dos princípios e da ética da indústria farmacêutica e de boa parte da medicina
Hoje, a maioria das pessoas está descontente com os resultados da medicina convencional, e isso tem fundamentos.
A medicina moderna baseia-se na ciência experimental, que está fundamentada no “método científico”, o qual integra em si os conceitos e princípios da física newtoniana, do cartesianismo e do empirismo moderno. Disso resulta uma medicina que tem uma base filosófica materialista e utiliza os experimentos, a análise, a lógica, a dedução, as leis da física e os cálculos matemáticos para formar uma visão do ser humano, de suas doenças, dos métodos terapêuticos e da cura.
Apesar do grande conhecimento físico sobre o corpo humano gerado pela medicina moderna e dos sucessos na aplicação dos recursos terapêuticos para o tratamento das doenças, seus princípios e sua metodologia resultaram numa visão árida, incompleta e fragmentada do ser humano.
Essa visão materialista encara o ser humano como um ser puramente biológico, vivendo dentro de um ambiente material e relacionando-se através de seus instintos e produções psíquicas. Suas produções psíquicas são consideradas apenas como subprodutos de suas reações bioquímicas.
A partir dessa visão, em geral, desconsideram-se os significados emocionais e existenciais da vida do paciente, e as relações entre a sua mente e o seu corpo na formação de suas doenças são praticamente desprezadas. Isso ocasiona uma perda do sentido integrado do indivíduo com os vários aspectos de sua vida e impede uma compreensão sábia e inteligente sobre as reais causas de suas doenças por parte do médico – que devido a isso é incapaz de tratá-lo em profundidade, mediante os métodos corretos.
Além disso, como a medicina moderna desumanizou-se e desespiritualizou-se – perdendo parâmetros e princípios humanos, espirituais, integrativos, holísticos e mesmo éticos -, ela também degenerou-se, submetendo-se e até associando-se às grandes multinacionais farmacêuticas, criando uma “indústria da doença”, onde o foco não é mais a pessoa, mas sim a doença e o remédio. É por isso que hoje o foco da medicina e da farmácia modernas não é mais a busca da saúde humana, mas sim a pesquisa de remédios e de métodos para tratar doenças e oferecê-los continuamente aos doentes.
Gerou-se um ciclo vicioso de criar remédios e terapias para as doenças, sem buscar as causas fundamentais das mesmas, que normalmente estão nos conflitos psicológicos dos indivíduos. Consequentemente, as doenças humanas e suas curas reais ficaram em segundo plano, e, devido ao interesse financeiro e a ignorância, toda a ênfase foi dada à pesquisa dos remédios químicos.
Segundo um estudo da IMS Health – empresa que fornece informações, serviços e tecnologia para o setor de saúde no mundo – a indústria farmacêutica pretende alcançar em 2015, somente no Brasil, um mercado de R$ 110 bilhões. Já, no mundo, em 2011, o mercado farmacêutico alcançou cerca de U$ 950 bilhões.
Os gráficos e relatórios da IMS Health mostram um interesse evidente em lucros, mostrando as posições das empresas farmacêuticas dentro do ranking mundial de vendas de remédios etc. Ítens como o “Top 20 de produtos globais” e “Melhores empresas de vendas nos EUA” evidenciam claramente não as pesquisas sobre a saúde, sobre a cura de doenças e o bem-estar humano, mas a ganância que está por trás, por exemplo, do interesse no crescimento e no aumento de vendas em relação às 20 doenças que afetam mais as pessoas nos EUA (“Top 20 classes terapêuticas”).
É chocante, mas real: as doenças são vistas a partir da perspectiva da venda de remédios; são vistas como fonte permanente de lucros e enriquecimento, e como meio para o sucesso na escalada do mercado global.
O que fazer a partir desse cenário?…
As pessoas precisam aprender sobre o seu próprio organismo e sobre o que é ser saudável. Precisam educar-se sobre a sua saúde, sobre os meios naturais de tratar-se e curar-se e sobre as boas práticas para a saúde. E, quando for preciso, buscar os bons médicos e terapeutas que têm uma visão humana e integrada das pessoas, e que usam meios naturais e alternativos para o tratamento, a cura e o restabelecimento da saúde.
Mas, precisamos ser cuidadosos, porque também nos meios ditos alternativos existem pessoas ambiciosas e embusteiras, e por isso, precisamos usar a nossa sensibilidade e inteligência para discernir entre os bons e os maus médicos e terapeutas.
Em geral, os médicos e terapeutas mais doces e humanos, que não cobram exorbitâncias e que são interessados e atentos em nós e na resolução de nossos problemas, são os realmente bons.

Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social.


sábado, 18 de outubro de 2014

Comer mais gordura pode ser bom para a saúde


17/10/2014 - 08:41
Ao contrário do que diz o senso comum e os conselhos de muitos médicos dos últimos anos, comer mais gordura pode ser benéfico para a saúde. Diversos estudos recentes apontam para o facto de que certos tipos de gorduras - não todos - podem sair da lista de "vilões", seja para quem quer emagrecer ou evitar problemas cardíacos, afirma o médico Michael Mosley, que apresenta o programa da BBC "Trust me, I'm a Doctor", avança o Diário Digital.

Se a crença era a de que gorduras saturadas criavam coágulos nas artérias e engordavam, novas evidências mostram que consumi-las pode, na verdade, ajudar a perder peso e ser benéfico para o coração.

No início do ano, por exemplo, um estudo liderado pela British Heart Foundation causou polémica. Cientistas de Oxford, Cambridge e Harvard, entre outros, examinaram a ligação entre o consumo de gordura saturada e doenças cardíacas.

Apesar de analisar o resultado de quase 80 estudos envolvendo mais de meio milhão de pessoas, os cientistas não encontraram evidências convincentes de que comer gorduras saturadas implicava um maior risco de problemas cardíacos.

Mais do que isso, quando analisaram os testes sanguíneos, descobriram que altos níveis de gorduras saturadas estão associados a um menor risco de doenças coronárias. E isso é válido especialmente no que diz respeito ao tipo de gordura saturada encontrada no leite e outros lacticínios, conhecido como "ácido margárico".

A pesquisa provocou desconfiança por parte de alguns especialistas, que temem que o resultado possa confundir as pessoas e que passe não uma mensagem de que é benéfico consumir mais de algumas outras formas de gordura, mas sim de que é bom comer muito mais gorduras saturadas até em doces.

E isso é preocupante, segundo eles, porque é sabido que os elevados níveis de obesidade no mundo têm vindo a ser inflamados por petiscos como muffins, bolos e salgados, todos com altos índices de gordura, açúcares e calorias.

Kay-Tee Khaw, de Departamento de Saúde Pública da Universidade de Cambridge, foi enfática ao dizer que a pesquisa não é uma licença para se encher de "junk food". Mas concordou que os resultados tornam o cenário nutricional mais complicado.

"É complicado no sentido de que alguns alimentos que têm muitas gorduras saturadas parecem reduzir doenças cardíacas."

Segundo a especialista, há fortes evidências de que comer oleaginosas algumas vezes por semana reduz o risco de problemas do coração, apesar de conterem gorduras saturadas e insaturadas. A investigadora afirma ainda que as provas disso são menos fortes em relação a lacticínios, e vê poucos problemas no consumo de manteiga e leite.

Mas, deixando de lado as questões cardíacas, de qualquer forma, as gorduras são prejudiciais porque engordam, certo? Não necessariamente.

Um estudo recente produzido pelo Scandinavian Journal of Primary Health Care, intitulado "Alto consumo de gordura de lacticínios ligado a menos obesidade" questiona essa relação.

No estudo, investigadores analisaram 1.589 suecos durante 12 anos. Os que adoptavam uma dieta baixa em gorduras – cortando com a manteiga, leite desnatado e doces tinham mais tendência a terem excesso de peso na região abdominal do que os que consumiam manteiga, leite A e doces.

Uma das razões para isso pode ser o facto de que consumir gordura faz a pessoa ficar saciada rapidamente, então, quando esta é cortada da dieta, o que se faz é substituir (conscientemente ou não) calorias por outros alimentos. E frequentemente essa substituição vem em forma de hidratos de carbono como pão branco e massas.

O que se está a concluir até ao momento é que não está a dar um “livre passe” para comer fritos ou colocar doces em tudo, porque mesmo o coração não sendo prejudicado pelo consumo de gorduras, já está provado que ele é sim afectado por uma elevada ingestão de calorias.

"Acredito que a maioria das gorduras saturadas, especialmente a de alimentos processados, não são saudáveis", disse Michael Mosley. "Mas voltei a consumir manteiga, iogurte grego e leite semidesnatado, além de estar a comer muito mais castanhas, nozes, peixe e vegetais".





Cada doente com Nevralgia Pós-Herpética seguido em Unidade de Dor custa cerca de 3 mil euros

17/10/2014 - 08:59
Na data em que se assinala o Dia Nacional de Luta Contra a Dor - 17 de Outubro, investigadores do Centro Nacional de Observação em Dor e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto divulgam pela primeira vez os resultados do Estudo 'Custos e Qualidade de Vida em doentes com Zona ou Nevralgia Pós-Herpética seguidos em Unidades de Dor em Portugal – Estudo Observacional Multicêntrico'.

Um dos resultados mais significativos foi a elevada utilização de serviços de saúde por parte destes doentes e o subsequente e muito relevante impacto económico desta doença. Durante o curso do episódio de Herpes Zoster ou Nevralgia Pós-Herpética a média dos custos totais por doente são estimados em 3.331€. Para este valor contribuem sobretudo os custos directos (medicação, consultas médicas, atendimentos em serviços de urgência, hospitalizações) que são estimados em 3.043€ e dos quais 2/3 representam unicamente custos com medicação. Os custos indirectos são relativamente baixos, mas devem ser encarados no contexto de uma população idosa, maioritariamente reformada e onde apenas 60% reporta ter um cuidador dedicado.

O estudo agora divulgado teve ainda como objectivos avaliar os sintomas e as características da dor associada ao Herpes Zoster e à Nevralgia Pós-Herpética e o respectivo impacto na qualidade de vida do doente, quer ao nível das atividades diárias, quer ao nível da utilização de cuidados de saúde.

Relativamente às características da Nevralgia Pós-Herpética, 28% dos doentes que participaram no estudo referiram dor durante um período de 7-12 meses, 23% durante 1-2 anos e 12% durante 2 a 3 anos. Cinquenta e cinco por cento referiram que a dor é constante e 34% que a mesma é diária. Para 26% dos doentes a intensidade da dor foi classificada como grave e muito grave e para 22% como moderada.

Na fase aguda do episódio de Herpes Zoster 55% dos doentes relatou dor intensa e muito intensa e a localização da erupção cutânea foi sobretudo na região torácica e abdominal.

O estudo conclui ainda que 50% dos doentes já tiveram que recorrer a uma urgência hospitalar pelo menos uma vez e 7% permaneceram internados, em média por cerca de 10 dias.



sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Grandes Redes de Farmácias chegaram ao Nordeste com força total.

Nota de C&T: Para muitos que pensam que o Nordeste de hoje é o mesmo de 30 anos atrás, segue uma matéria que mostra como o mercado desenvolvido  do Sudeste hoje enxerga positivamente o Nordeste.
Há 10 anos quando fui contratado como Gerente de Contas para o Norte/Nordeste de uma multinacional de grande porte no seguimento farmacêutico  já discutíamos a presença das primeiras células dessas grandes redes na região, o tempo passou e as previsões se concretizaram, hoje o Nordeste é definitivamente uma região atrativa para investimentos, ontem estive em uma recém inaugurada loja da Drogasil em Aracaju, diga-se de passagem uma excelente loja, uma loja de quem acredita no retorno financeiro com segurança.
Investimentos públicos podem chegar de forma rápida e desorganizados, mas para fixar investimentos privado tudo tem seu tempo, é preciso estudo, segurança no que está fazendo e certeza de retorno.
O Nordeste é a região que oferece aos investidores radicalizados em outras regiões oportunidades de pelo menos manterem seus resultados positivos ao contrário dessas regiões que estão saturadas ou caminhando para isso. (Teófilo Fernandes).

17/10/2014 - 05h00 | Atualizado em 17/10/2014 - 09h11

Drogarias vão acirrar a disputa pelo mercado no Nordeste























Setor de medicamentos.Rede de farmácias cearense, a bandeira Pague Menos, que lidera na região e hoje detém mais de 10% do mercado nacional, deve sentir o aumento da concorrência
Fellipe Aquino

SÃO PAULO - Após redes de supermercados e shopping centers anunciarem a expansão para o Nordeste, o setor farmacêutico também se prepara para acirrar a disputa por esse mercado. O motivo é o aumento do poder de compra da população, além do crescente interesse pelos produtos de beleza.
Com investimento em novas unidades e centros de distribuição, redes do Sudeste agora buscam uma fatia do mercado e o movimento deve afetar a rede de farmácias cearense Pague Menos, que lidera na região e hoje detém mais de 10% do mercado nacional. O Grupo DPSP, que detém as drogarias São Paulo e Pacheco, é um exemplo e desde o ano passado tem ampliado as operações na Bahia e no Recife.
Criada há três anos, após a fusão das marcas - que têm operações separadas -, a companhia já soma ao menos 25 lojas em Salvador, onde está com a Drogaria São Paulo. "Tínhamos presença muito forte na Região Sudeste, predominantemente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Agora, começamos a atuar em outras praças para ter abrangência nacional, em médio e longo prazo", disse ao DCI o presidente da DPSP, Gilberto Martins Ferreira.
Com a projeção de fechar o ano com 140 novas lojas das duas marcas, além de 560 novos pontos de venda até 2018, ele afirmou que o foco da companhia está no Nordeste e também Centro-Oeste, onde a DPSP passou a atuar com a Drogaria Pacheco. "No ano passado entramos em Goiânia [GO]. Este ano, no Distrito Federal". Hoje, a empresa soma com as duas marcas ao menos 900 lojas em operação - todas próprias.

Modelo regional
De acordo com ele, o varejo farmacêutico tem migrado de um modelo regional para o nacional. E a companhia investe em um crescimento orgânico, que se tornou mais interessante economicamente, já que o Grupo pode ser mais seletivo na hora de abrir uma nova loja. "Nosso mercado é extremamente competitivo. E a preocupação está principalmente na capacitação dos funcionários, que exige uma atenção maior já que estamos falando de saúde".
Ao mirar na crescente classe C da Região Nordeste, Ferreira destaca que as mulheres são maioria nas unidades das redes. Tanto que 30% do faturamento do Grupo já correspondem às vendas do segmento de beleza e estética. "Mesmo com um tíquete médio baixo, a categoria possui um volume de vendas importante", conclui.
Questionado sobre a possível venda do Grupo para a empresa CVS - líder do setor nos Estados Unidos -, que estaria disposta a comprar a companhia por R$ 4,5 bilhões, o executivo disse que as informações não passam de especulação.
Vale lembrar que em fevereiro do ano passado, a CVS comprou a brasileira Onofre, que também negava as negociações. "Temos uma empresa sadia e extremamente capitalizada, além de muito assediada por fundos de investimentos. Mas não pensamos nisso agora."

Investimento
Com mais de 1.045 lojas - 60% em São Paulo - a RaiaDrogasil é outra companhia que investirá na Região Nordeste. Com seis centros de distribuição (CD), em quatro estados da federação, a empresa irá construir um CD para atender a crescente demanda em Pernambuco.
"Será a primeira unidade na região e deverá ser aberta em Recife. Hoje, Nordeste é abastecido pelo CD de Goiânia", ressalta o presidente da RaiaDrogasil, Marcílio Pousada.
Presente em 14 estados, ele diz que os investimentos da companhia estão direcionados para o Nordeste, onde a marca atua com um modelo que atende principalmente às classes B e C. O aumento de renda e o crescimento da taxa de envelhecimento nas cidades nordestinas foram destacados pelo executivo. "São os principais vetores de vendas para nós. Além disso, até o momento não tivemos problemas com isso na região, muito pelo contrário."
Com projeção de abrir mais 130 lojas este ano, Pousada afirma que ao menos 80 já foram inauguradas e as outras 50 devem entrar em operação até dezembro. "O mais difícil no processo é achar o ponto e fechar o contrato, mas isso já fizemos."
De acordo com ele, as duas redes controladas pela companhia - Droga Raia e Drogasil - têm apresentado crescimento, mas cada uma em seu mercado de atuação. Nascidas no Sudeste, a Droga Raia cresce com mais força na Região Sul, onde tem forte atuação em Curitiba (PR). Já a Drogasil está bem posicionada nos estados do Centro-Oeste e no Nordeste.
"Isso acontece por conta do posicionamento das redes, definido quando houve a fusão das marcas. A Drogasil como estava muito bem estabelecida no sul de Minas Gerais, logo estrategicamente achamos melhor subir com a marca para os outros estados", afirmou.

Liderança
Na contramão dos concorrentes está a Pague Menos. Nascida na Região Nordeste, a companhia diz ser a única do varejo de medicamentos "com presença em todo o território nacional", como informou o presidente da marca, Deusmar Queiróz.
Conforme o executivo, agora os investimentos da companhia estão direcionados para o Centro-Oeste, onde recentemente foi inaugurado um centro de distribuição que irá abastecer a região, o Sudeste e o Sul do País. "Esse é o maior CD de medicamentos da América Latina, com 400 mil metros cúbicos de armazenagem", afirmou.
Com perspectivas de crescer 18% este ano, Queiróz contou que ao menos 80 novas lojas devem ser abertas até o final de 2014, sendo a projeção de terminar o ano com 730 unidades. "Vamos sair de um faturamento de R$ 3,8 bilhões em 2013 para R$ 4,4 bilhões este ano", revelou. Para 2015, a intenção da rede é de chegar a 830 unidades.
Outra aposta da rede são produtos de marca própria, que correspondem a 5% do faturamento. A categoria de produtos de beleza e higiene tem crescido a uma taxa de 20% ao ano. Já a venda de medicamentos tem crescido menos, 15% ao ano


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Relator busca acordo para votar MP das Farmácias

Nota de C&T:
Coisas de nosso Congresso Nacional, 20 anos tramitando um projeto e depois tudo poderá mudar para atender determinados interesses comerciais ou de classes. Claro, tudo no Brasil tem um lado eleitoreiro mascarado pelos princípios dos bons samaritanos preocupados com causas sociais que efetivamente nada é feito para mudar o cenário real. Nesse caso a prioridade deveria ser a vida fortalecida pela saúde.
No Brasil se faz necessário uma mudança radical na política de comercialização de medicamentos, só colocar farmacêuticos nos balcões de farmácias não resolverá nada, apenas atenderá um desejo da classe dos profissionais e sacrificará muitos comerciantes.
O Brasil precisa ter rigor na constituição das empresas comercializadoras de medicamentos, por exemplo: Quantos pacientes este PDV vai atender dentro desta comunidade com área preestabelecida? Qual o comportamento de mercado sobre automedicação? Os produtos ali comercializados atende as necessidades da comunidade ou quando precisar de um medicamento menos comum terá o consumidor que se deslocar para outra comunidade? Como são armazenados e conservados os medicamentos? Qual é a temperatura e luz incidente sobre os medicamentos naquele PDV? Quais práticas são exercidas sobre os itens ali comercializados? É justo um balconista sugerir a troca de um medicamento porque aquele indicado lhe paga 10% de comissão?
Será que nosso Congresso Nacional legisla com competência no assunto?


Designado relator da Medida Provisória (MP) 653/2014, que flexibiliza a exigência da presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento das farmácias, o deputado Manoel Junior (PMDB-PB) afirmou que buscará, para a elaboração de seu relatório, o equilíbrio entre as condições das pequenas localidades brasileiras e as garantias legais para o bom atendimento à população.
A designação foi feita nesta quarta-feira (8), na reunião da comissão mista destinada a dar parecer à MP 653/2014.  A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi eleita presidente da comissão e o deputado Francisco das Chagas (PT-SP), vice-presidente. O senador Paulo Davim (PV-RN) será o relator revisor do texto.
Desde que foi editada, a medida provisória dividiu opiniões entre as entidades do setor farmacêutico e o relator quer realizar audiências públicas para ouvir os segmentos envolvidos. A MP 653/2014 foi editada em 8 de agosto, no mesmo dia da sanção da Lei 13.021/2014, que regulamenta o exercício das atividades farmacêuticas, determinando a presença obrigatória de farmacêutico por todo o tempo em que a farmácia estiver aberta ao público.
A MP flexibilizou essa regra para farmácias caracterizadas como micro ou pequenas empresas, que poderão funcionar com a presença de um prático inscrito no conselho da categoria, desde que o órgão sanitário de fiscalização local confirme a inexistência de farmacêutico na localidade e licencie o estabelecimento em nome do interesse público e da necessidade da existência de farmácia ou drogaria.
Divergência
Enquanto a Associação Brasileira de Comércio Farmacêutico (ABCFarma) considera a flexibilização essencial para a sobrevivência de pequenas farmácias, o Conselho Federal de Farmácia afirma que a medida expõe os consumidores ao risco de atendimento inadequado pela falta de orientação de um farmacêutico.
– Temos que encontrar um ponto de equilíbrio. Exigir, por exemplo, que uma farmácia em Coxixola, na Paraíba, que tem três mil habitantes, tenha um farmacêutico de plantão o dia todo é uma dose muito grande, até porque faltam profissionais nessas cidades pequenas, no Brasil inteiro. Dizer também que essas farmácias podem arbitrar sem uma assistência técnica, sem um acompanhamento, também é um relaxamento da legislação – disse o relator.
Para ele, são dois extremos que precisam ser evitados. Manoel Junior informou que na próxima reunião da comissão mista apresentará um calendário para realização de audiências públicas, de forma a poder votar seu relatório até o dia 15 de novembro. A presidente do colegiado, senadora Vanessa Grazziotin, aguarda a sinalização do relator para agendar o próximo encontro do grupo e para marcar as audiências públicas. A MP perderá validade se não for votada pelas duas casas do Congresso até o dia 5 de dezembro.
Vanessa, que é farmacêutica, foi relatora do projeto que deu origem à Lei 13.021/2014, aprovado em julho pelo Senado, após mais de 20 anos de tramitação no Congresso. A senadora destacou os esforços que permitiram a aprovação da nova lei, envolvendo a construção de um amplo entendimento entre todos os setores envolvidos.
Para a busca de acordo em torno da MP, a comissão ouvirá os donos de farmácias, os farmacêuticos e o governo. Em nota, o Ministério da Saúde se posicionou sobre o assunto e negou que a MP dê a todas as farmácias que sejam micro ou pequenas empresas o direito de funcionar apenas com um técnico de nível médio. Conforme afirma, essa possibilidade será aberta apenas àquelas localizadas em região onde se confirme a ausência de farmacêutico e onde se ateste o interesse público para que o estabelecimento exerça suas atividades.
Já a integrante da comissão parlamentar do Conselho Federal de Farmácia Gilcilene Chaer argumenta que essas dificuldades das pequenas cidades hoje são resolvidas por meio da assinatura de Termos de Ajuste de Conduta (TAC), não sendo necessária previsão legal. Ela afirma ainda que toda a demanda por farmacêuticos em breve estará atendida, uma vez que o número desses profissionais já passa de 180 mil e a cada ano mais dez mil novos farmacêuticos são formados e buscam uma vaga no mercado de trabalho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Peter Gøtzsche. "Os preços da medicação inovadora são uma tentativa de extorsão"

Créditos: Marta F. Reis
publicado em 7 Out 2014 - 05:00

Médico dinamarquês tem comparado indústria farmacêutica com a máfia. Defende que os médicos têm de aprender a dizer "não obrigado"

Peter C. Gøtzsche dedicou os últimos anos a estudar o modus operandi da indústria farmacêutica, onde começou a carreira como delegado de propaganda. O trabalho resultou num livro nas bancas há um ano, este Verão publicado em Espanha e prestes a sair em Itália, Alemanha, Rússia ou Coreia. O conversou com o médico dinamarquês que em Setembro apareceu no programa de Jon Stewart. "The Daily Show" a comparar a indústria com os cartéis de droga. Gøtzsche afirma que o sector do medicamento é um sistema corrupto que contribui com as suas omissões e marketing para a morte de milhares de pessoas. No caso da nova medicação da hepatite C, vê um problema recorrente: explorar ao máximo um monopólio saqueando o erário público.
O que o levou a escrever este livro?
Fi-lo para acordar as pessoas. Tudo começou no Verão de 2012, quando decidi fazer uma pesquisa no Google com fraude à frente do nome das maiores farmacêuticas. Tive 500 mil a 27 milhões de resultados por cada empresa que pesquisei e fui constatando que os esquemas se repetiam. As empresas mentem sistematicamente sobre os seus resultados, escondem riscos e exacerbam benefícios, o que leva as pessoas a pensar que os medicamentos só trazem benefícios. Reuni uma série de exemplos e informações sobre situações muito graves, em que inclusive têm sido ocultadas mortes.
No início da sua carreira trabalhou como delegado de propaganda médica. Recorda-se de se ter sentido enganado?
Numa das empresas em que trabalhei estava encarregado de vender um novo tipo de antibiótico e numa das campanhas tínhamos de apresentá-lo como um medicamento mais eficaz contra a sinusite aguda e informávamos os médicos de que havia um estudo a demonstrar que o fármaco penetrava melhor na mucosa dos senos nasais do que o que havia até então. Fiquei perplexo e senti-me até humilhado quando um dos médicos me disse que era impossível medir a concentração de antibiótico na mucosa nasal.
Escreve que é muito fácil convencer os médicos a actuar erroneamente.
É a natureza humana. Se a informação que recebem sobre os medicamentos vem de entidades que até são generosas, lhes oferecem dinheiro, jantares e até mulheres - há casos em que a indústria chega a pagar acompanhantes de luxo -, fica-se com um sentimento de lealdade. Todas as pessoas que lidam com a indústria farmacêutica acabam por ser objecto de algum tipo de suborno, que tem o intuito de simplesmente as levar a vender mais.
Enquanto médico, alguma vez se sentiu subornado?
Há 25 anos participei num encontro de um dia em Paris patrocinado por uma farmacêutica e quando íamos para o jantar deram-me um envelope. Quando o abri mais tarde tinha uma nota de mil dólares, um valor absurdo pela presença de um jovem médico dinamarquês.
Esses pagamentos ainda existem?
Tudo o que ajude a vender medicamentos pode acontecer. Não é preciso ir tão longe, o facto de a indústria pagar viagens a congressos é uma forma de influenciar.
Mas não é importante ir a congressos, até para ficar actualizado?
Os médicos não precisam de ir a congressos com viagens pagas pelas farmacêuticas. Se não têm dinheiro para ir, fiquem em casa. Podem ler as conclusões em revistas médicas. Têm de aprender a dizer "não, obrigado". Nos casos em que se justifica irem, por exemplo para apresentarem trabalhos, não é preciso a viagem ser paga pela indústria. Podem candidatar- -se a financiamento ou a bolsas.
Ao longo desta investigação, o que é que mais o perturbou?
Talvez o dado mais assustador tenha sido perceber que na área da psiquiatria a indústria está a aumentar o risco de suicídio entre os jovens ao mesmo tempo que diz protegê-los. Pelo menos três grandes empresas que vendem inibidores selectivos da recaptação de serotonina, manipularam informação sobre o risco de suicídio. Por outro lado, apesar de nem todos os casos serem reportados, está demonstrado que os antidepressivos aumentam o risco de suicídio em particular antes dos 25 anos. Os jovens não devem tomá--los. Penso que também é perturbador pensar que os efeitos adversos dos medicamentos são a terceira causa de morte na Europa, depois dos problemas cardíacos e do cancro, e usamo-lo muitas vezes com pouco critério.
No seu livro descreve a psiquiatria como o paraíso das farmacêuticas.
Como as definições das perturbações mentais ainda são pouco claras, é uma área fácil de manipular. Estou convencido que actualmente os medicamentos e a forma como são usados causam mais mal que bem: quando muito deviam ser usados em situações agudas e só em alguns doentes, mas não é isso que acontece.
É muito crítico dos ensaios clínicos.
Não podem ser considerados credíveis a partir do momento em que não temos acesso a todos os dados, que ficam na posse de quem tem maiores conflitos de interesses - as empresas interessadas em vender os seus produtos. Os reguladores estão bloqueados: o que temos neste momento é semelhante a alguém que se apresenta numa oficina para o seu carro ser avaliado mas em vez de levar o automóvel para o mecânico fazer as verificações leva os relatórios que o próprio produziu em casa. Ou um julgamento em que o réu faz todas as diligências. Permitimos que a indústria farmacêutica enriquecesse tanto e se tornasse tão poderosa que é muito difícil alterar um sistema inquinado.
Como se resolve?
Precisamos de uma revolução. Na minha opinião, a indústria não devia ser autorizada a fazer ensaios dos seus medicamentos. Idealmente, o desenvolvimento dos medicamentos devia ser um empreendimento público, assim como o seu marketing. Mas antes de mais os ensaios deviam ser iniciativas públicas, independentes.
Pagas com que dinheiro?
A indústria pagaria para o seu medicamento ser avaliado, mas garantir-se-ia independência na análise. Após esses estudos, se se verificasse que os medicamentos novos não são eficazes, seguros ou vantajosos, não os comprávamos.
Em Portugal tem havido uma guerra de forças em torno da nova medicação para a hepatite C. A empresa pediu inicialmente 48 mil euros por tratamento, preço que o governo diz ser incomportável. Quem tem razão?
Propostas desse género são extorsão, chantagem e só resultam de a empresa ter aí um monopólio que quer explorar. Têm a noção de que é muito difícil um político aparecer na televisão a dizer que é impossível tratar todos os doentes com hepatite C porque não há dinheiro e cobrará o máximo que conseguir.
O medicamento não é benéfico?
Não estudei esse medicamento em particular, mas o que dita o preço nunca é isso - é a empresa ter um monopólio.
Um dos argumentos é que é preciso pagar o investimento.
Esse argumento é uma treta. É um dos mitos que abordo no livro, o de que os medicamentos são tão caros por causa dos custos elevados de investigação e produção. Costumamos ouvir dizer que comercializar um novo medicamento pressupõe um investimento de 800 milhões de dólares mas este número é falso, resulta de análises financeiras das próprias empresas. A zidovuvina, o primeiro medicamento contra a sida que saiu para o mercado, foi sintetizada por um centro da Fundação contra o Cancro no Michigan em 1964. A farmacêutica que o desenvolveu gastou muito mas mesmo assim quando foi posto à venda em 1984 o custo por doente era de 10 mil dólares. Os contribuintes patrocinam a indústria de muitas formas, muitas vezes porque a investigação básica nasce nas universidades e depois porque os remédios são comparticipados. Os preços a que a nova medicação chega ao mercado são semelhantes a uma situação de resgate de reféns.
Como se contraria essa realidade?
Os governos não devem aprovar novos medicamentos sem negociar preços e se for muito alto devem dizer não.
Como se explica isso aos doentes?
Esse é o maior problema e muitas associações de doentes acabam por ser manipuladas pela indústria da mesma forma que os profissionais de saúde. Penso que a solução está em a União Europeia unir--se para dizer basta pois aí terá uma posição de força: se todos dissessem não, a empresa teria de baixar preços. Isto tem de ser claro para os doentes, de outra forma os gastos serão cada vez mais insustentáveis. Estou convencido de que se não tomássemos tantos medicamentos de utilidade duvidosa e se a medicação tivesse o preço adequado a despesa com medicamentos podia baixar 90% e teríamos doentes mais saudáveis e a viver mais tempo.
Portugal fez recentemente uma proposta nesse sentido na UE, para o preço da medicação da hepatite C ser proporcional ao do Egipto, onde é vendido por 700 dólares. Mas entretanto Espanha já comparticipou a 25 mil euros...
Se não há acordo, porque é que não se compra o medicamento no Egipto? Acho que é a pergunta a fazer.
Enquanto médico, contrariava os pedidos de remédios por parte dos doentes?
Penso que foi o meu maior contributo na medicina interna, sobretudo nos idosos que muitas vezes tomam vários medicamentos ao mesmo tempo e que comprometem as suas funções cognitivas. Quando paravam, rejuvenesciam. Os doentes precisam de ser mais sensibilizados: não devem fazer parte de associações que aceitem favores da indústria, devem perguntar aos médicos se recebem dinheiro ou outros benefícios da indústria e em caso afirmativo mudar de médico. Não devem tomar medicamentos a menos que seja indispensável e, quando é possível, devem optar por substâncias no mercado há pelo menos sete anos, dado que é neste período geralmente que se verificam riscos e acabam por ser retirados.
No seu livro conclui que as farmacêuticas chegam a ser piores que a máfia.
Existe nitidamente uma situação de crime organizado. Não estudei todas as empresas mas as maiores fazem todas o mesmo: escondem riscos e exageram benefícios, mentem no marketing e pagam a concorrentes para manter monopólios. É um sistema corrupto.
Países mais pequenos como Portugal estão mais imunes a esses lóbis?
Não creio que haja diferenças, o dinheiro da indústria vem de todo o lado.
Mas é muito mais comum ouvirmos esses casos de fraude nos EUA.
São melhores a investigar os escândalos e têm mais recursos para compensar os insiders que denunciam. Penso que devíamos ter mais essa postura na Europa.
Tem sido alvo de ameaças ou intimidações por causa destas declarações?
Não.
Isso não o surpreende?
Não. Sabem que o que digo está muito bem documentado. Quando não se consegue argumentar contra uma verdade inconveniente, o melhor é ficar calado.