terça-feira, 12 de novembro de 2013

Redes sociais – o “curtir” tem que ter limites

5 de Novembro de 2013 by infocoacs

Imagem apenas ilustrativa, não consta no artigo original.

Esse é um tema recorrente em artigos que falam de comportamento relacionado ao mundo corporativo. E, como sempre comento com meus coachees, tal qual a evolução das tecnologias, este será um tema eternamente incompleto e carente de atenção redobrada.

Há dois anos, a consultoria Nielsen andou investigando hábitos de uso de redes sociais. Os resultados impressionaram: detectou que 86% dos brasileiros usuários de internet transitam em redes sociais e blogs (até aqui, tudo bem). Como uma coisa puxa a outra, os brasileiros somam 20% dos usuários do Twitter do mundo.  A Robert Half realizou pesquisa com cerca de 2.800 executivos contratantes de diversos países. O Brasil lidera o ranking dos países cujas empresas,  no momento de uma contratação, pesquisam redes sociais para conhecer melhor os candidatos – 21% das empresas fazem isso. Como curiosidade, no outro extremo, estão Bélgica e República Tcheca, com menos de 5%.

Falando de números ainda mais recentes sobre o comportamento dos usuários de internet, a e.life marketing research realizou uma pesquisa em 2013 com 650 usuários de internet. Descobriu que o acesso à web por meio de smartphones e laptops é quase o mesmo que o acesso em domicílio – 61,8% (smartphones), 65,7% (laptops) e 74,7% (domicílio) respectivamente. E cerca de 80% o fazem entre 30 e 40 horas semanais. Não admira que a vida tenha realmente ficado mais escancarada. Essa mesma pesquisa, voltando às nossas redes, mostra que 81,6% dos usuários têm o Facebook como a rede que mais utilizam, seguida de perto pelo Linked In e o Google+.  E redes como o Instagram e o Pintrest tiveram a adesão, juntas, de 33% dos usuários pesquisados, o que mostra o enorme potencial para redes de exposição pessoal fotográfica. Vejam em que terreno estamos pisando. Sem ir muito a fundo, já dá pra perceber o impacto disso na percepção de quem avalia um candidato a um posto de trabalho, ou de um chefe que deseja saber, digamos, um pouco mais sobre a sua equipe…

Pena que quem não se dá conta disso é o próprio exposto. É só dar uma fuçada em algumas dezenas de perfis do Facebook (a rede mais amada pelos brasileiros de todas as idades). Pessoas atentando contra o próprio patrimônio o tempo todo. E não estamos falando em folclores do tipo “eu odeio isso ou aquilo” ou “durmo no emprego”. Diferente do finado Orkut (hoje em dia, relegado o a joguinhos e aplicativos sem relevância), no qual os grupos de aceitação eram o foco, a coisa se sofisticou. O foco passou a ser a exposição da rotina por meio de atitudes nem sempre abertamente declaradas, mas simplesmente mostradas. Fotos da refeição do dia, da viagem da semana, do cachorro, dos amigos, do nenê que nasceu, imagens de um parente ou amigo hospitalizado. Uma colagem ilimitada e banalizada da vida cotidiana aos olhos de quem quer que seja. Nas redes, todos querem parecer felizes e bem resolvidos, mas a rotina dos comentários, em algum momento, entrega a realidade: excesso de intimidade, diálogos sem fundamento ou com duplo sentido, textos mal escritos ou com erros de grafia absurdos, fotos e opiniões estranhas. E é curioso abrir o LinkedIn e o Facebook de uma mesma pessoa – não raro parecem duas pessoas completamente diferentes, coisa de louco.

Não fiz parte da pesquisa da Robert Half (muito menos da e.life), mas me considero parte da extrapolação da amostra. Quando estou contratando alguém, além do currículo, entrevista e o que mais faça parte do processo, também me valho das redes sociais. Se você é contratante, candidato e/ou membro de um time, faça o teste e navegue em perfis aleatórios sob a perspectiva “big brother” – você vai tomar alguns sustos.

Discutir a relevância ou não de estar em redes sociais é tão inverossímil quanto questionar se exercícios fazem bem à saúde. Mas o primeiro mandamento pra usar o mundo das redes sociais de forma saudável e produtiva é entender a diferença entre a atitude virtual e a atitude real. No mundo real, o que você faz ou diz, uma, duas, talvez dez pessoas vejam e talvez, com o tempo, esqueçam. Na web, nossos movimentos e atitude deixam uma marca, um rastro acessado por milhares de pessoas que podem “curtir” ou não. O que está lá, fica pra posteridade. E o Skype está aí pra provar que, na verdade, virtual e real um dia serão uma coisa só.

Ok, cercear a liberdade de expressão e interação por meio de um espaço livre não faz sentido no mundo de hoje, mas há que se tomar alguns cuidados no que tange a expor sua intimidade. Que estratégias você utiliza ou quais você conhece para ter, ao menos, uma exposição controlada? Como você se informa para as aperfeiçoar? Esperar soluções mágicas de forma passiva vai melhorar seu uso da web?” Pense bem nisso antes do próximo “curtir”.

Texto de autoria de Daniel C. Souza, executivo da área da saúde,com especialização em coaching e um dos fundadores da FTR Coaching

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário