sábado, 2 de novembro de 2013

Médicos poderão ser proibidos de usar anéis, pulseiras ou gravatas

01/11/2013
(Portugal) - O Governo admite proibir os médicos de usarem anéis, pulseiras, alianças ou gravatas, no âmbito do combate às infecções e resistências aos antibióticos, dada a gravidade e dimensão do problema em Portugal, avança a agência Lusa, citada pelo Jornal de Notícias.
Há um conjunto de instrumentos – anéis, pulseiras, alianças – que "sabemos que são potenciais veículos de transmissão", com os quais "as minhas colegas insistem, muito alindadas, em ir trabalhar", disse o secretário de Estado e Adjunto da Saúde durante a apresentação de um relatório sobre infecções e resistência aos antimicrobianos.

Segundo Fernando Leal da Costa, médico de formação, os riscos estão ainda associados à "gravata nos cavalheiros [médicos], os estetoscópios que se insiste em transportar por todo o lado, as batas com que se almoça e janta nos refeitórios e com que, a seguir, se vêem doentes".
Questionado sobre a intenção de proibir esta indumentária nos serviços de saúde, Fernando Leal da Costa mostrou-se convicto de que tal não será necessário, mas deixa um aviso: "Não teremos dificuldade em fazê-lo".
Para o secretário de Estado, devem ser os conselhos de administração a criar medidas e a promover "uma cultura pró-activa que envolva todos os profissionais, no sentido destes terem instituições limpas".
E lembrou que os níveis de infecção hospitalar já influenciam nos orçamentos das instituições.
"Isto não se resolve só com a cenoura, também não se resolve só com a chibata. Temos de fazer um equilíbrio, para que a pessoa que está entre a cenoura e a chibata sinta a vontade de fazer melhor", disse.
Fernando Leal da Costa assumiu a gravidade das infecções e resistência aos antimicrobianos em Portugal, embora reconheça que, em alguns casos, a situação melhorou.
No conjunto de bactérias que constitui particular preocupação em termos de aquisição de resistência a antimicrobianos, "Portugal apresenta uma crescente taxa de resistência do Staphylococcus aureus à meticilina, sendo nesta altura o país europeu com mais elevada taxa".
De acordo com o relatório do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos, da Direcção Geral da Saúde (DGS), Portugal é também um dos países europeus com elevada taxa de resistência do Enterococcus faecium à vancomicina.
Outro dado preocupante que consta do documento refere-se ao aparecimento de Enterobacteriaceae resistentes a carbapenemes, antibióticos de mais largo espectro: em estudos de incidência essa taxa é ainda inferior a um por cento em Portugal.
Os autores do documento alertam para o facto de os antibióticos estarem "em risco de extinção".
"A crescente taxa de resistência dos microrganismos, associada ao decréscimo da síntese e desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos leva a que o antibiótico, menos de cem anos após a descoberta da penicilina e após ter contribuído para um marcado aumento da esperança de vida média, esteja em risco de perda de eficácia", lê-se no relatório.
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