terça-feira, 28 de maio de 2013

Valeant compra Bausch & Lomb por 8,7 mil milhões de dólares

28/05/2013 - 09:01
O grupo farmacêutico canadiano Valeant anunciou esta segunda-feira um acordo para a compra da fabricante norte-americana de produtos oftalmológicos Bausch & Lomb por 8,7 mil milhões de dólares, avança a AFP.
Graças a este acordo, a Valeant irá pagar cerca de 4,5 mil milhões de dólares ao principal accionista da Bausch & Lomb, o fundo de investimento Warburg Pincus, e 4,2 mil milhões de dólares para abater as dívidas do grupo, informou o grupo, num comunicado.
A Bausch & Lomb é especializada na produção de lentes de contacto e de produtos usados na sua manutenção.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Analgésicos à prova de abuso: a nova fonte de rendimento para farmacêuticas

No seguimento de uma importante decisão da Food and Drug Administration - FDA, a agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, mais de dez farmacêuticas — da gigante Pfizer a novatas — estão a competir para conceber analgésicos que dificultam o uso abusivo, avança o The Wall Street Journal.

A FDA actuou no mês passado para impedir a produção e venda de versões genéricas do OxyContin® original, cuja patente já expirou, mas que é mais fácil de se abusar do que a versão actual. Essa nova versão do OxyContin®, lançada em 2010 pelo laboratório Purdue Pharma LP, contém uma infusão de polímeros que torna difícil esmagar o comprimido, impedindo os viciados de obterem de uma vez — através da inalação — os ingredientes de efeito prolongado que precisam para se doparem.

Esta semana, a FDA tem de avaliar o nível de segurança de outro analgésico com protecção adicional, o Opana ER®, da Endo Pharmaceuticals. Se a FDA concluir que o Opana ER® reduz o abuso, a agência pode proteger o medicamento da concorrência, pois genéricos não têm tais dispositivos de segurança.

A decisão seria um claro aviso às farmacêuticas de que os analgésicos sem protecções serão provavelmente removidos do mercado — e que há biliões de dólares em receitas potenciais com a venda de analgésicos à prova de abuso.

Como resultado, empresas com a Pfizer, Johnson & Johnson e Endo estão a tentar desbravar um mercado possivelmente lucrativo. A Pfizer quer lançar o Remoxy®, um concorrente directo do OxyContin® com protecções contra o abuso, e um fármaco à base de morfina chamado Embeda®.

A Johnson & Johnson está a realizar testes para demonstrar a segurança do seu opióide para dor moderada e aguda. E a Purdue Pharma pretende adaptar a sua tecnologia de protecção contra abuso a um produto feito com hidrocodeína — uma classe de medicamentos actualmente dominada por genéricos que não contam com fórmulas à prova de abusos.

"Com o tempo, deverá ocorrer uma corrida científica em todo o sector farmacêutico para criar um mercado onde todos os opióides terão propriedades para evitar abusos," disse Gary L. Stiles, director de investigação e desenvolvimento (I&D) da Purdue Pharma, que é de capital fechado.

Essa corrida poderia impulsionar um já lucrativo mercado e aumentar os preços dos analgésicos. Um relatório recente da Cowen & Co. prevê um aumento de mais 15% no valor das vendas dos analgésicos sob receita até 2017, para 8,4 mil milhões de dólares, graças em parte à decisão da FDA. A corrida poderia também mudar o ranking de participações no aquecido mercado de analgésicos, avaliado em 7,3 mil milhões de dólares, à medida que empresas como a Pfizer entrarem em força nesse segmento de opióides pela primeira vez.

A FDA não está a exigir directamente que todos os analgésicos tenham protecções. Mas se uma protecção eficaz vier a ser desenvolvida, a FDA afirmou que tem o poder de remover do mercado os produtos que não tiverem tal salvaguarda.

As farmacêuticas estão a correr para realizar os estudos e pesquisas exigidos pela FDA para provar que as suas drogas impedem o abuso. Obter essa distinção da FDA, como a Purdue Pharma conseguiu com o OxyContin®, permite aos representantes de vendas das empresas promover essas propriedades junto dos médicos. "É assim que veremos a batalha a desenrolar-se", disse Mike Royal, director para assuntos clínicos da AcelRx Pharmaceuticals, que está a desenvolver medicamentos para a dor aguda.

A Pfizer poderia abocanhar uma fatia maior do mercado de analgésicos, amparada pela sua linha de novos produtos e pela sua capacidade de comercializar com sucesso novos medicamentos, dizem analistas. A Endo actualmente lidera o mercado de analgésicos para controlar a dor com uma participação de 30%, seguida pela Purdue Pharma, com 28%, segundo um relatório recente da Cowen & Co. Já a Pfizer apareceu só com 5%.

A Pfizer tem-se vindo a preparar. A sua aquisição, por 3,6 mil milhões de dólares, da King Pharmaceuticals em 2011 colocou-a no mercado dos opióides. Além do Remoxy® e do Embeda®, a Pfizer tem os direitos sobre pelo menos cinco outros analgésicos.

O Remoxy® é protegido contra o abuso por um tipo de sacarose usada em refrigerantes e bebidas energéticas. Ela impede o fármaco de se partir com a aplicação de calor ou de ser misturado com álcool, disse James E. Brown, director-presidente da Durect Corp., que desenvolveu o Remoxy® com a Pain Therapeutics antes de vendê-lo à King.

A FDA não aprovou o Remoxy® em 2011, mas a Pfizer reuniu-se com a agência em Março e está a discutir os "próximos passos" para resolver os problemas levantados, disse John Young, presidente da Pfizer para a área de saúde básica, numa conferência de resultados com analistas, na semana passada. "Acreditamos que poderemos seguir em frente", disse ele, acrescentando que o Embeda® poderia ser lançado no primeiro semestre de 2014.

A FDA deve decidir na sexta-feira se o Opana®, da Endo, que se torna numa substância gelatinosa quando dependentes aquecem o fármaco para uso intravenoso, pode ser oferecido a médicos como tendo protecção contra abusos.

A Johnson & Johnson também está a realizar estudos para mostrar as propriedades defensivas contra abuso do Nucynta ER® e planeia apresentá-las à FDA no fim do ano, disse Gary Vorsanger, director de desenvolvimento clínico da Janssen Pharmaceuticals, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.

A Purdue Pharma, por sua vez, afirma que está a estudar formas de usar a tecnologia do OxyContin® noutras drogas, como outras formulações da oxicodeína, morfina e hidrocodeína.

Já companhias menores de biotecnologia estão a criar as suas próprias protecções. A Egalet, da Pensilvânia, recorreu a uma técnica de injecção de plástico usada para fazer brinquedos de montar ou tampas de garrafas. Os comprimidos são tão duros que, quando colocados num moedor de café — um meio comum usado por viciados para partir os comprimidos — as lâminas quebram. "É uma pílula muito robusta", disse Bob Radie, director-presidente da Egalet.

domingo, 5 de maio de 2013

Lula, após uma década, explica o porquê do silêncio sobre o ‘mensalão’

4/5/2013 13:45 Por Redação (Correio do Brasil) - do Rio de Janeiro
Trechos de uma longa entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao sociólogo Emir Sader, transformada em livro a ser lançado ainda este mês, vazaram neste sábado para a mídia alternativa e revelam o porquê de o líder mais influente do Partido dos Trabalhadores manter silêncio sobre o escândalo do ‘mensalão’, quebrado apenas no diálogo com o intelectual carioca. Tratou-se de uma estratégia para seguir adiante, apesar do pesado ataque da mídia conservadora, ao longo da última década.

– Tentaram usar o episódio do mensalão para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca – ressalta.

Na entrevista, reproduzida no livro Governos Pós-Liberais no Brasil: Lula e Dilma, a ser lançado no próximo dia 18, o ex-presidente também reafirma a necessidade de uma constituinte, para levar a cabo a reforma política essencial para a consolidação da democracia no país. Segundo afirmou a Emir Sader, “a eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil”.

– Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim. Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade – afirmou.

Leia agora os principais trechos da entrevista

– Qual o balanço que o senhor faz dos anos de governo do PT e aliados?

– Esses anos, se não foram os melhores, fazem parte do melhor período que este país viveu em muitos e muitos anos. Se formos analisar as carências que ainda existem, as necessidades vitais de um povo na maioria das vezes esquecido pelos governantes, vamos perceber que ainda falta muito a fazer para garantir a esse povo a total conquista da cidadania. Mas, se analisarmos o que foi feito, vamos perceber que outros países não conseguiram, em trinta anos, fazer o que nos conseguimos fazer em dez anos. Quebramos tabus e conceitos preestabelecidos por alguns economistas, por alguns sociólogos, por alguns historiadores. Algumas verdades foram por água abaixo. Primeiro, provamos que era plenamente possível crescer distribuindo renda, que não era preciso esperar crescer para distribuir. Segundo, provamos que era possível aumentar salário sem inflação. Nos últimos 10 anos, os trabalhadores organizados tiveram aumento real: o salário mínimo aumentou quase 74% e a inflação esteve controlada. Terceiro, durante essa década aumentamos o nosso comercio exterior e o nosso mercado interno sem que isso resultasse em conflito. Diziam antes que não era possível crescer concomitantemente mercado externo e mercado interno. Esses foram alguns tabus que nós quebramos. E, ao mesmo tempo, fizemos uma coisa que eu considero extremamente importante: provamos que pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de renda e que muito dinheiro na mão de poucos é concentração de renda.

– Quando começou o governo, o senhor devia ter uma ideia do que ele seria. O que mudou daquela ideia inicial, o que se realizou e o que não se realizou, e por quê?

– Tínhamos um programa e parecia que ele não estava andando. Eu lembro que o ministro Luiz Furlan, cada vez que tinha audiência, dizia: ‘Já estamos no governo há tantos dias, faltam só tantos dias para acabar e nós precisamos definir o que nós queremos que tenha acontecido no final do mandato. Qual é a fotografia que nós queremos’. E eu falava: ‘Furlan, a fotografia está sendo tirada’. Não é possível ficar com pressa de obter resultados. Nós temos que provar, no final de um mandato, se nós fomos capazes de fazer aquilo que nos propusemos a fazer. Se a gente for trabalhar em função das manchetes dos jornais, a gente parece que faz tudo e termina não fazendo nada.

Então é o seguinte: eu plantei um pé de jabuticaba. Se esse pé nascer saudável, vai ter sempre alguém dizendo: ‘Mas, Lula, não está dando jabuticaba, está demorando’. Se for cortar o pé e plantar outra coisa, eu nunca vou ter jabuticaba. Então, eu tenho que acreditar que, se eu adubar corretamente, aquele pé vai dar jabuticaba de qualidade. E eu citava esses exemplos no governo… Soja tem que esperar 120 dias, o feijão tem que esperar 90 dias. Não adianta ficar repisando, ‘faz uma semana que eu plantei e não nasceu’. Tem que ter paciência. Eu acho que eu fui o presidente que mais pronunciei a palavra ‘paciência’, ‘paciência’… Senão você fica louco.

Tem gente na política que levanta de manhã, lê o jornal e quer dar resposta ao jornal. E daí não faz outra coisa. Eu não fui eleito para ficar o tempo todo dando resposta a jornal. Eu fui eleito para governar um país. E isso me deu tranquilidade suficiente para ver que o programa de governo ia ser cumprido.

– Quando o senhor perdeu a paciência?

– Obviamente que nós tivemos problemas no começo. Você acha que é simples um metalúrgico sentar naquela cadeira na qual sentaram tantas outras personalidades, que via pela televisão, que achava que era mais importante do que eu… E o mesmo em relação a dormir no quarto em que dormiu tanta gente importante ou que, pelo menos a voz da opinião publica, são importantes. E eu ficava pensando: ‘Será que é verdade que eu estou aqui?’.

No começo tinha muita ansiedade. “Será que nós vamos dar conta de fazer isso? Será que vai ser possível?”, eu me perguntava. Eu acho que nós fizemos. Com erro e com muita tensão, mas fizemos.

Tivemos tropeços, é lógico. Muitos tropeços. O ano de 2005 foi muito complicado. Quando saiu a denúncia (do ‘mensalão’), foi uma situação muito delicada. Se não tivéssemos cuidado, não iríamos discutir mais nada do futuro, só aquilo que a imprensa queria que a gente discutisse. Um dia, eu cheguei em casa e disse: ‘Marisa, a partir de hoje, se a gente quiser governar este país, a gente não vai ver televisão, a gente não vai ver revista, a gente não vai ler jornal’. Eu passei a ter meia hora de conversa por dia com a assessoria de imprensa, para ver qual era o noticiário, mas eu não aceitava levantar de manhã, ligar a televisão e já ficar contaminado. Então eu acho que isso foi um dado muito importante.

Eu tinha uma equipe e criamos uma sala de situação, da qual participavam Dilma, Ciro (Gomes), Gilberto (Carvalho) e Márcio (Thomaz Bastos). E era muito engraçado: eu chegava ao Palácio e eles estavam todos nervosos. E eu estava tranquilo e falava: ‘Vocês estão vendo? Vocês leem jornal… Vocês estão nervosos por quê?’.

Vocês nasceram radicais…

– O PT era muito rígido, e foi essa rigidez que lhe permitiu chegar aonde chegou. Só que, quando um partido cresce muito, entra gente de todas as espécies. Ou seja, quando você define que vai criar um partido democrático e de massa, pode entrar no partido um cordeiro e pode entrar uma onça, mas o partido chega ao poder.
Então, a nossa chegada ao poder foi vista por eles não como uma alternância de poder benéfica à democracia, não como uma coisa normal: houve uma disputa, ganhou quem ganhou, leva quem ganhou, governa quem ganhou e fim de papo. Não é isso? Eles não viram assim. Quer dizer, eu era um indesejado que cheguei lá. Sabe aquele cara que é convidado para uma festa, e o anfitrião nem tinha convidado direito. Fala assim: ‘Se você quiser, passa lá’. E você passa e o cara fala: ‘Esse cara acreditou?’. Então, nós passamos na festa, e o que é mais grave, acertamos.

E depois, tentaram usar o episódio do ‘mensalão’ para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca.

– O senhor não tem raiva da oposição?

– Eu não tenho raiva deles e não guardo mágoas. O que eu guardo é o seguinte: eles nunca ganharam tanto dinheiro na vida como ganharam no meu governo. Nem as emissoras de televisão, que estavam quase todas quebradas; os jornais, quase todos quebrados quando assumi o governo. As empresas e os bancos também nunca ganharam tanto, mas os trabalhadores também ganharam. Agora, obviamente que eu tenho clareza que o trabalhador só pode ganhar se a empresa for bem. Eu não conheço, na história da humanidade, um momento em que a empresa vai mal e que os trabalhadores conseguem conquistar alguma coisa a não ser o desemprego.

– O Brasil mudou nesses dez anos. E o senhor, também mudou?

– Uma das coisas boas da velhice é você tirar proveito do que a vida te ensina, em vez de ficar lamentando que está velho. A vida me ensinou muito. Criar um partido nas condições que nos criamos foi muito difícil. Agora que o partido é grande, tudo fica fácil, mas eu viajava esse país para fazer assembleia com três pessoas, com quatro pessoas, com cinco pessoas. Saia daqui de São Paulo para o Acre pra fazer reunião com dez pessoas, para convencer o Chico Mendes a entrar no PT, para convencer o João Maia – aquele que recebeu dinheiro para votar na eleição do Fernando Henrique Cardoso e era advogado da Contag – para entrar no PT. Era muito difícil fazer caravana, viajar ao Nordeste, pegar ônibus, ficar uma semana andando, fazendo comício ao meio-dia, com um sol desgraçado, explicando o que era o PT para que as pessoas quisessem se filiar.

– Por quê?

– A eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil. No mundo inteiro. No Brasil, se o PT não reagir a isso, poucos partidos estarão dispostos a reagir. Então o PT precisa reagir e tentar colocar em discussão a reforma política. Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim.

Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade. A sociedade tem que acreditar no partido, tem que participar dos partidos.

– O PT não mudou necessariamente para melhor?

– O PT mudou porque aprendeu a convivência democrática da diversidade; mas, em muitos momentos, o PT cometeu os mesmos desvios que criticava como coisas totalmente equivocadas nos outros partidos políticos. E esse é o jogo eleitoral que está colocado: se o político não tiver dinheiro, não pode ser candidato, não tem como se eleger. Se não tiver dinheiro para pagar a televisão, ele não faz uma campanha.

Enquanto você é pequeno, ninguém questiona isso. Você começa a ser questionado quando vira alternativa de poder. Então, o PT precisa saber disso. O PT, quanto mais forte ele for, mais sério ele tem que ser. Eu não quero ter nenhum preconceito contra ninguém, mas eu acho que o PT precisa voltar a acreditar em valores que a gente acreditava e que foram banalizados por conta da disputa eleitoral. É o tipo de legado que a gente tem que deixar para nossos filhos, nossos netos. E provar que é possível fazer política com seriedade. Você pode fazer o jogo político, pode fazer aliança política, pode fazer coalizão política, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política. O PT precisa voltar urgentemente a ter isso como uma tarefa dele e como exercício pratico da democracia. Não tem de voltar a ser sectário como era no começo.

Eu lembro que companheiros meus perderam seu emprego numa metalúrgica, montaram um bar, mas quiseram entrar no sindicato e não puderam. “Você não pode entrar porque é patrão”, diziam. O coitado do cara tinha só um bar! A coitada da minha sogra, a mãe do marido da Marisa, a mãe do primeiro marido da Marisa (eu sou o único cara que tive três sogras na vida e uma que não era minha sogra; era sogra da minha mulher, por conta do ex-marido dela, que eu adotei como sogra), a coitada tinha um fusquinha 1966 que era herança do marido. E ela ganhava acho que R$ 600 – naquele tempo era como se fosse um salário mínimo de hoje – de aposentadoria, mas gostava de andar bem-vestida. Ela chegava a reunião do PT e o pessoal falava: ‘Já veio a burguesa do Lula’.

Tinha um candidato a vereador que queria dinheiro para a campanha e eu falei: “Olha, eu não vou pedir dinheiro para a campanha. Se você quiser, eu te apresento algumas pessoas”. Dai ele disse: “Não, mas eu não quero conversar com empresário”. Falei: “Então você quer que um favelado dê dinheiro para a tua campanha?”. Eu já fiz campanha de cofrinho. Eu já fiz campanha de macacão em palanque. Na campanha de 1982, a gente ia ao palanque, antes que eu falasse, fazia propaganda das camisas, dos botons, de tudo que a gente vendia. E a gente vendia na hora e arrecadava o dinheiro para pagar as despesas daquele comício”.

sábado, 4 de maio de 2013

Lucro da MSD cai 8,3% no trimestre (conhecida nos EUA como Merck & Co.)

03/05/2013
O lucro da farmacêutica norte-americana MSD (conhecida nos EUA como Merck & Co.) caiu 8,3% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2012, para 1,59 mil milhões de dólares, avança o Valor Econômico, citando a Dow Jones Newswires. O recuo ocorreu face ao aumento da competição com genéricos e similares. O medicamento Singulair®, usado no tratamento de asma e alergias, perdeu a sua patente no último ano.

A receita caiu 9%, para 10,7 mil milhões de dólares, abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para 11 mil milhões de dólares. A facturação no segmento de medicamentos caiu 12%, para 8,89 mil milhões de dólares. As vendas do Singulair®, até então o blockbuster da companhia, recuaram 75%, para 337 milhões de dólares.
Para o ano, a MSD reduziu a sua estimativa de ganho por acção de um intervalo entre 3,60 e 3,70 dólares para 3,45 e 3,55, dólares com expectativa de queda de 3% a 4% na receita face ao ano passado.

A companhia espera a aprovação regulamentar de várias novas drogas para recuperar as vendas perdidas para genéricos no caso de medicamentos cujas patentes caíram nos últimos anos. A MSD deve arquivar pedidos de aprovação para cinco novos medicamentos este ano.

Fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/industria-farmaceutica/03-05-13/lucro-da-msd-cai-83-no-trimestre

Sanofi nomeia novos membros para o Comité Executivo

03/05/2013
A Sanofi anunciou uma nova organização comercial mais alinhada com os seus objectivos de negócio. A empresa tem vindo a adaptar-se nos últimos quatro anos no sentido de se tornar um líder global de saúde focada nas necessidades dos pacientes. A nova organização irá entrar em vigor a partir de 1 de Julho de 2013, após a anunciada saída de Hanspeter Spek, Presidente Global Operations, avança a companhia, em comunicado de imprensa.

Serão criadas duas novas unidades – Global Commercial Operations e Global Divisions & Strategic Commercial Development – para substituir a até aqui denominada Global Operations. Peter Guenter, actual Senior Vice President Europe, sera nomeado Vice President, Global Commercial Operations. Pascale Witz, actual President & Chief Executive Officer of Medical Diagnostics da GE Healthcare irá juntar-se à equipa da Sanofi, assumindo funções de Executive Vice President, Global Divisions & Strategic Commercial Development.

De acordo com Christopher A. Viehbacher, Chief Executive Officer da Sanofi, "a nomeação destes dois novos líderes irá permitir-nos fortalecer as nossas plataformas de crescimento e garantir o sucesso dos nossos novos produtos, garantindo um futuro sustentável à nossa empresa. Peter é um profissional com forte experiência em objectivos comerciais ambiciosos. O seu trabalho desenvolvido recentemente na Europa preparou-o para impulsionar um rápido crescimento no âmbito dos cuidados de saúde. A experiência diversificada de Pascale na área comercial será um excelente contributo para a Sanofi. Estou confiante de que sua experiência no diagnóstico e tecnologia médica irá reforçar a nossa missão como uma empresa de saúde global”.

Como Executive Vice President, Global Commercial Operations, Peter Guenter incidirá sobre a execução no mercado através das diversas regiões da América do Norte, América Latina, Europa, Ásia, Japão e Pacífico e Intercontinental. A nova organização de operações comerciais e a nomeação deste profissional irão permitir que estas regiões se concentrem em dirigir plataformas de crescimento e no fornecimento de soluções inovadoras para atender as necessidades dos pacientes.

Como Executive Vice President, Global Divisions & Strategic Commercial Development, Pascale Witz será responsável por definir a direção estratégica e orientação de desenvolvimento de produtos das principais empresas do Grupo. Será responsável pelas áreas da Diabetes, Oncologia e PCS (Solução Cliente Farmacêutica), bem como uma nova estrutura de consumer healthcare. A inovação contínua e o desenvolvimento do portefólio de produtos são as prioridades da Sanofi. Pascale Witz irá trabalhar em estreita colaboração com a divisão de I&D, para moldar os perfis dos novos produtos e garantir a preparação para o lançamento bem-sucedido.


Refrigerantes causam 184 mil óbitos por ano no mundo

03/05/2013
As bebidas açucaradas, energéticas, refrigerantes e sumos de fruta bebem-se frescos e em qualquer altura do ano. Muitas vezes são a bebida preferida dos mais novos. Porém, estas bebidas não se limitam a engordar porque causam 184 mil mortes por ano, em todo o Mundo, revela um estudo da prestigiada Universidade de Harvard, nos EUA, e divulgado pela Associação Americana do Coração, avança o Correio da Manhã.


De acordo com os investigadores responsáveis pelo estudo, o consumo exagerado e regular de bebidas açucaradas é causa do aparecimento de diversas doenças, como a diabetes, cancro e doenças cardiovasculares.


Segundo dados a que o CM teve acesso, as bebidas açucaradas causam 133 mil mortes por diabetes, 44 mil óbitos por doenças cardiovasculares e sete mil mortes por cancro.


Os investigadores sublinham ser possível melhorar a dieta alimentar, a saúde e qualidade de vida ao tomar uma medida bem simples: basta reduzir o consumo das bebidas açucaradas e refrigerantes.


João Nabais, presidente da Federação Internacional da Diabetes – Região Europa, reconhece ao CM que as bebidas açucaradas e sumos não ‘light' "têm um teor de açúcar extremamente elevado".


"As pessoas não se lembram que quando bebem uma lata de uma ‘cola' qualquer equivale ao consumo de seis pacotinhos de açúcar. Essas calorias somam-se às de alimentos como a comida rápida", diz João Nabais.


O nutricionista Pedro Graça, director do Programa Alimentação Saudável, da Direcção-geral da Saúde, reconhece ao CM que as bebidas açucaradas "não têm valor nutricional". "Há a recomendação para que não sejam vendidas nas escolas, e os pais devem reclamar se estiverem à venda".


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Fim da injeção de insulina? Nova droga poderia controlar a diabetes mensal ou anualmente


Por Natasha Romanzoti em 1.05.2013 as 15:00
Milhões de diabéticos no mundo todo podem um dia dar adeus às múltiplas injeções diárias de insulina para tomar um remédio apenas uma vez ao ano.
Isso pode ser possível graças a descoberta de pesquisadores da Universidade Harvard (EUA) de um hormônio que pode aumentar o número de células saudáveis de insulina em até 30 vezes, o que dramaticamente melhora o tratamento de diabetes tipo 2.
A doença
A diabetes tipo 2, muitas vezes desencadeada por ganho de peso, está se tornando mais comum no mundo por conta da epidemia de obesidade.
No Brasil, de acordo com o Vigitel 2007 (Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis), a ocorrência média de diabetes na população adulta (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de pessoas. A prevalência aumenta com a idade: a doença atinge 18,6% da população com 65 anos ou mais.
Em pacientes com a condição, as células do pâncreas não produzem insulina suficiente, um hormônio vital para a conversão de açúcar em energia. A insulina que elas de fato conseguem fabricar não funciona corretamente.
Inicialmente, a doença é geralmente controlada com uma dieta e regime de exercício rigorosos. Mas muitos pacientes sofrem um agravamento da saúde ao longo do tempo, necessitando, eventualmente, de comprimidos ou injeções de insulina.
Complicações vindas do açúcar elevado no sangue incluem doença cardíaca, cegueira e danos nos nervos e circulatório.
A pesquisa
Os cientistas de Harvard acreditam que o hormônio betatrofina possa deter a diabetes tipo 2 em seu desenvolvimento.
“Ele poderia eventualmente significar que, em vez de tomar injeções de insulina três vezes ao dia, o paciente tome esse hormônio uma vez por semana ou uma vez por mês, ou na melhor das hipóteses, talvez uma vez por ano”, disseram.
Buscando uma alternativa para simplesmente dar insulina, os pesquisadores procuraram uma maneira de aumentar a sua produção no organismo, até chegarem no hormônio que batizaram de betatrofina.
Em seguida, eles deram o hormônio a ratos, que aumentaram o número de células produtoras de insulina beta em até 30 vezes.
Além disso, o enorme número de novas células só produziu insulina quando necessário, o que os cientistas creem que deve levar a níveis de açúcar mais naturais no sangue, bem como melhor saúde.
“Isso vai retardar, se não impedir, a progressão da diabetes”, informou o pesquisador Doug Melton.
Empresas farmacêuticas já se interessaram pela descoberta e o hormônio poderia ser testado em pessoas em apenas três anos. No entanto, a necessidade de mostrar que seria seguro e eficaz em um grande número de pacientes significa que um remédio comercial ainda está pelo menos uma década longe de chegar às prateleiras.
A pesquisa pode também ser útil no tratamento de diabetes do tipo 1, que geralmente se desenvolve na infância ou adolescência.[DailyMail, PortaldaSaude]

Implante consegue prever convulsões em epiléticos

·         Dispositivo colocado entre o crânio e o cérebro emite sinais a um outro, sob o peito, que avisa com luzes coloridas sobre a possibilidade das contrações
·         Epilepsia é a segunda doença neurológica mais comum depois do derrame, e afeta mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo
·         Até 40% das pessoas são incapazes de controlar as convulsões com os medicamentos existentes

O Globo - Publicado:

NOVA YORK - Um pequeno dispositivo colocado entre o crânio e a superfície do cérebro foi criado a partir de um estudo coordenado pelo professor de medicina Mark Cook, da Universidade de Melbourne e diretor de Neurologia do Hospital St Vincent, e é o primeiro que consegue prever convulsões em pacientes de epilepsia.

— Saber quando uma convulsão pode acontecer melhora muito a qualidade de vida e independência de quem sofre de epilepsia — diz Cook, cuja pesquisa foi publicada nesta quarta-feira na revista médica “Lancet Neurology”.

Os pesquisadores Terry O'Brien e Sam Berkovic, além de Cook, trabalharam em conjunto com a empresa NeuroVista para desenvolver o dispositivo do cérebro e um outro, colocado sob o peito, que transmite os sinais emitidos pelo cérebro. Este segundo avisa com luzes vermelha, branca e azul as probabilidades alta, moderada ou baixa de haver uma convulsão ao longo do dia.

O estudo de dois anos envolveu 15 pessoas com epilepsia com idades entre 20 e 62 anos, com experiências entre duas e 12 convulsões por mês, sem conseguir controlá-las com os tratamentos existentes.

No primeiro mês o sistema apenas gravou dados de eletroencefalograma (EEG), que permitiram a criação de algoritmos individuais de previsão de convulsão para cada paciente. O sistema então foi capaz de prever corretamente em 65% das vezes e trabalhou num nível melhor que 50% em 11 dos 15 pacientes. Oito dos 11 pacientes tiveram as convulsões previstas entre 56% e 100% do tempo.

Epilepsia é a segunda doença neurológica mais comum depois do derrame, e afeta mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo. Até 40% das pessoas são incapazes de controlar as convulsões com os medicamentos existentes.
— De 1% a 2% da população tem epilepsia crônica e até 10% das pessoas terão convulsões em algum momento da vida, então é muito comum. E é debilitante porque atinge pessoas jovens ao longo da vida — explica Cook

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/implante-consegue-prever-convulsoes-em-epileticos-8268222#ixzz2SBtKIs1w

Eurofarma quintuplica lucro em 2012

Ganhos da empresa chegam a para R$ 155,6 milhões

Valor Online  - 30/04/13 - 21h42

SÃO PAULO - A Eurofarma Laboratórios quintuplicou o lucro líquido em 2012 para R$ 155,6 milhões, segundo demonstrações contábeis publicadas hoje. A empresa, com sede em São Paulo, é de capital fechado.

A receita operacional líquida foi de R$ 1,64 bilhão, aumento de 14%. Os custos de produtos vendidos subiram mais, 16%, o que reduziu ligeiramente a margem bruta (a diferença entre vendas e custos) de 68,8% para 68,2% no período.

As despesas operacionais subiram cerca de 6%, e o lucro operacional antes do resultado financeiro chegou a R$ 244,4 milhões, 51% de alta. As despesas financeiras e o pagamento de imposto foram menores, o que ajudou a impulsionar o resultado líquido. A empresa tinha R$ 41 milhões em caixa no fim de dezembro. Os empréstimos e financiamentos no curto prazo eram de R$ 239,4 milhões. O patrimônio líquido total era de R$ 723,7 milhões.

A área de medicamentos de marca vendidos sob prescrição médica representa mais de 60% do faturamento, segundo dados do site da empresa, que atua também em medicamentos genéricos, hospitalares e veterinários.’

Boehringer Ingelheim produz no Brasil os seus medicamentos estratégicos

02/05/2013 - 09:44
É numa fazenda na cidade de Arapongas, no Paraná, no Brasil, que a farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim "cultiva" a sua facturação. A duboísia, uma planta exótica de origem australiana, é a base de produção de dois importantes medicamentos da companhia – o tradicional Buscopan®, para dores e cólicas, e o Spiriva®, para tratamento respiratório, que respondeu no ano passado por vendas globais de 3,562 mil milhões de euros, avança o Valor Econômico.
"Cultivamos essa planta no Brasil e na Austrália. No Brasil, temos a maior fazenda do grupo", disse ao Valor Andreas Barner, principal executivo e presidente do conselho de administração do laboratório alemão. Da duboísia, a companhia extrai das folhas o princípio activo do Buscopan®, o butilbrometo de escopolamina, e também um importante componente para a produção do Spiriva®, fármaco que trata a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). "Esse componente passa por uma mudança genética na Alemanha".
Se em receita o Brasil ainda representa uma pequena parte da facturação do grupo alemão, o país é a principal fonte dessa matéria-prima natural. Embora seja uma planta nativa da Austrália, a duboísia é cultivada em larga escala pela fazenda Solana Agropecuária, controlada pelo laboratório. "Mantemos a produção em dois países para evitar riscos [climáticos, por exemplo] e garantia de abastecimento", disse o principal executivo do grupo. O cultivo dessa planta passa por rigoroso controlo de qualidade.

A farmacêutica divulgou uma facturação líquida global de 14,691 mil milhões de euros em 2012, um crescimento de 11,5% sobre o ano anterior. O lucro líquido ficou em 1,237 mil milhões de euros, o que representa uma queda de 16,2%. Com esse resultado, a empresa manteve-se como o maior laboratório alemão e o 13º maior do mundo. Do total da facturação do grupo, a área de saúde animal respondeu por 1,062 mil milhões de euros.

Sem planos no curto prazo em termos de investimentos em genéricos, a companhia quer manter a sua estratégia de crescimento baseada em produtos inovadores. As áreas de oncologia ao lado da de diabetes serão os novos pilares do grupo. A companhia planeia lançar este ano um medicamento voltado para o cancro do pulmão. O foco actual está em doenças respiratórias e cardiovasculares, sobretudo. O Spiriva®, "blockbuster" da farmacêutica, registou vendas de 3,562 mil milhões de euros, quase um quarto da receita do grupo; seguido pelo Micardis® (hipertensão), com 1,9 mil milhões de euros; Pradaxa® (anticoagulante oral), com 1,1 mil milhões de euros; Combivent® (broncodilatador), 883 milhões de euros; e Trayenta® (diabetes tipo 2), com vendas de 189 milhões de euros.

Com tradicionais medicamentos isentos de prescrição, como o Anador®, Buscopan®, Mucosolvan®, a companhia pretende manter investimentos nesse segmento, que representa vendas globais de 1,5 mil milhões de euros. O grupo é um dos maiores do mundo nessa área.

Seguindo a tendência global da maioria das farmacêuticas, a Boehringer Ingelheim quer avançar no segmento de biológicos e para isso tem realizado pesquisas para desenvolver medicamentos biossimilares (cópias de biológicos). "Cerca de 25% do nosso investimento em I&D é voltado para os biológicos", disse Barner.

Com uma fábrica instalada em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), a companhia quer reforçar as suas vendas no Brasil para o sector público. No fim de 2011, a multinacional fechou um acordo de transferência de tecnologia para o medicamento Sifrol®, que trata a doemça de Parkinson.