terça-feira, 28 de outubro de 2014

As urnas eletrônicas e a honorabilidade do Judiciário

27/10/2014

Luiz Guilherme Marques, juiz de direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG)

Ricardo Santiago, que se disse mesário em CG/PB, disse que sua sessão eleitoral recebeu uma urna com 400 votos já computados para a candidata ao cargo de presidente da República Dilma Roussef e que tentou chamar a Polícia na hora, mas foi impedido, tendo veiculado essa informação na data de ontem, dia 26 de outubro de 2014, às 18:33 h.

Como juiz eleitoral da 349ª Zona Eleitoral de Juiz de Fora/MG e como cidadão brasileiro, considero-me no dever de enviar este artigo à AMAGIS – Associação dos Magistrados Mineiros, a fim de que seja publicado, para conhecimento de quem possa se interessar pelo assunto, quer como responsável pela Justiça Eleitoral, quer como cidadão.

Sei que esta fala pode representar minha exoneração do cargo provisório de juiz eleitoral, mas, pela minha própria honorabilidade como magistrado mineiro, entendo-me no dever de veicular esta notícia, que, se for falsa, em nada prejudicará a candidata eleita, e, que, se for verdadeira, deve ser transformada em alguma coisa de concreto, pois não se pode admitir que alguma informação grave como essa fique isenta de averiguação por quem de direito.

Afirmo que a cidadania e o exercício do cargo de magistrado exigem participação ativa das autoridades e do povo em geral.

Como juiz já fui objeto de reclamações de pessoas inconformadas com a minha atuação funcional e, felizmente, todas redundaram em arquivamento das denúncias assinadas ou anônimas por falta de base, mas acredito que nenhuma autoridade, seja de que nível for, deva ficar isenta de fiscalização e averiguação, quando ocorra qualquer afirmação que desabone sua atuação funcional.

Nada se perde quando ganha a cidadania no seu sentido mais elevado.

O Brasil precisa promover-se a país de primeiro mundo e isso somente acontecerá se todos nós, autoridades constituídas, prestarmos conta ao povo da nossa atuação como tal.

Não importa se votei na referida candidata ou não, mas está em jogo a própria honorabilidade da Justiça Eleitoral, da qual faço parte provisoriamente, devido ao sistema de rodízio de juízes estaduais que exercem tal função por dois anos.

A execração que se faz atualmente contra o Judiciário não deve persistir, mas, para tanto, o próprio Judiciário deve mostrar aos cidadãos que merece crédito e que está acima de quaisquer interesses partidários. 
Este assunto é da alçada da Justiça Eleitoral e deve ser apurado, sendo que, se isso não se fizer, ficará a suspeita, como uma espada de Dâmocles sobre nossas cabeças, de que eu e os demais juízes e tribunais eleitorais somos corruptos, o que garanto que não sou e assim também afirmo quanto à imensa maioria dos meus colegas.

Estou enviando este breve artigo também para a AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros, a fim de que seja publicado, caso assim entendam os colegas dirigentes dessas entidades de classe dos membros do Judiciário.

O texto é breve, como deve ser qualquer manifestação que dispensa fundamentos, pela própria clareza e seriedade de que se reveste.


Nenhum comentário:

Postar um comentário