sexta-feira, 27 de maio de 2011

Droga experimental consegue erradicar leucemia linfoblástica aguda

A substância, em combinação com o medicamento Glivec, foi capaz de "desligar" as células responsáveis pela doença


Pesquisadores conseguiram superar a resistência ao tratamento de uma forma de leucemia, demonstrando a erradicação completa do câncer em estudos com células d e animais. O estudo mostra que uma droga experimental, o RI-BPI, em combinação com o medicamento Glivec, desliga as células-tronco responsáveis por cerca de um terço da leucemia linfoblástica aguda (ALL), um câncer nas células brancas do sangue que afeta tanto crianças quanto os adultos.
A ALL tem o conhecido cromossomo Philadelphia, que também é encontrado na leucemia mieloide crônica (CML). Mas, apesar de o Glivec ter melhorado muito a sobrevida na CML, ele teve um efeito menos expressivo na ALL, e a maioria dos pacientes ainda morre dentro de um prazo relativamente curto.
" Esse prognóstico desesperador pode mudar radicalmente diante desses resultados . Estou surpreso e extremamente feliz, ao ver que o RI- BPI tem uma atividade tão forte sobre a leucemia. Isto abre a possibilidade de que o agente tenha os mesmos efeitos benéficos em outros tipos de tumor," diz o pesquisador Ari Melnick.
O RI-BPI têm demonstrado efeitos potentes sobre o linfoma não-Hodgkin (HNL) sem toxicidade para as células normais. A droga ataca o fator de transcrição BCL6, um regulador mestre de centenas de genes que fornece fortes sinais de crescimento para as células NHL.
Segundo Melnick , o novo estudo demonstrou que a BCL6 também age sobre a ALL impulsionada pelo cromossomo Philadelphia (Ph ALL) e que uma combinação de RI-BPI e Glivec praticamente paralisam o câncer. Após uma longa busca pela fonte de resistência ao Glivec nesta forma de ALL, a equipe observou que a BCL6 parece ser o mediador fundamental neste processo . "Isso nos dá uma oportunidade para atacar a resistência ao Gleevec, tendo, assim, o potencial de melhorar substancialmente os resultados para os pacientes com esta doença" , explica .
A equipe descobriu que a produção de BCL6 é iniciada após a administração de Glivec em Ph ALL. Em seguida, iniciaram a pesquisa em colaboração com Melnick, que forneceu o RI-BPI e conduziu os experimentos sobre como a BCL6 regula os genes nas células com leucemia. Os pesquisadores também realiz aram testes com animais e descobriu que a BCL6 atinge as células-tronco que dão origem à ALL. "Essas células-tronco continuamente repovoam células da doença, fazendo cópias de si mesmas . Acreditamos que a RI-BPI contraria o programa BCL6 gene regulador que essas células-tronco precisam para sobreviver . A BCL6 desliga os freios que normalmente limitam o crescimento do câncer, razão pela qual o Glivec não funciona neste câncer, mas o RI-BPI aciona estes freios novamente" , explica Melnick.
O estudo também sugere que os fatores de transcrição como a BCL6 podem ser menos impermeáveis do que se pensava para tratamento específicos. A BCL6 é uma proteína e media suas ações cancerígenas unindo-se a outras proteínas. Tradicionalmente, no entanto, as interações proteína-proteína têm sido vistas como difíceis de bloquear com medicamentos de moléculas pequenas.
Embora ainda tenha de ser testado na CML refratária - CML resistente ao Glivec, o que ocorre na maioria dos pacientes ao longo do tempo - faz sentido, segundo Melnick , que o RI-BPI possa restaurar a sensibilidade ao Glivec.
"A partir deste e dos outros estudos no meu laboratório, fiquei muito impressionado com a forma como as células tumorais são dependentes de certas proteínas para sua sobrevivência . Se conseguirmos acertar vários destes processos frágeis e dependentes, temos a chance de erradicar o câncer" , diz o pesquisador . Com base neste estudo, um ensaio clínico está sendo desenvolvido para o tratamento de crianças com Ph ALL com uma combinação de RI-BPI.

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