domingo, 29 de maio de 2011

EUA pedem mudança de postura de oncologistas para evitar falência da saúde
27/05/2011 - 15:45

O tratamento oferecido actualmente aos doentes oncológicos nos EUA ameaça levar à falência o sistema de saúde norte-americano. Por isso, investigadores estão a sugerir10 mudanças que os oncologistas podem adoptar para diminuir os custos, manter ou melhorar o tratamento e economizar dinheiro para ser utilizado em futuros avanços na medicina, avança o portal ISaúde.


Novos medicamentos estão a prolongar a vida dos doentes oncológicos, mas a um custo considerado alto demais. Isto combinado com o envelhecimento dos baby boomers (geração nascida entre os anos de 1945 e 1964, logo após a Segunda Guerra) e com o crescimento da população vão levar os EUA a gastar 173 mil milhões de dólares anualmente no tratamento do cancro até 2020.
Os autores focam o tratamento de doentes com tumores sólidos incuráveis e muitas das suas recomendações reforçam as directrizes baseadas em evidências fornecidas actualmente pela American Society of Clinical Oncologists (ASCO) e pela National Comprehensive Cancer Network (NCCN).


Algumas propostas pedem mais discussões francas sobre os cuidados em estágios terminais entre médicos e doentes e outras requerem mais análises sobre a necessidade de tratamentos caros e de testes de vigilância. Os investigadores argumentam que, ao estabelecer estas orientações, os oncologistas estariam menos propensos a continuar tratamentos que já não são mais benéficos para o doente.


"É importante que sejamos compassivos e honestos com os doentes em relação à quimioterapia contínua, que causa mais danos do que benefícios. Dois pontos simples, mas extremamente importantes: devemos parar de dar a quimioterapia de rotina a doentes que estão tão debilitados pela doença que não podem entrar na clínica sem ajuda. E quando o cancro continuar a crescer em três regimes de tratamento sucessivamente, é hora de mudar as equipas e usar o tratamento para doentes terminais (domiciliar ou em clínicas específicas). A investigação mostrou que, para os doentes nestas situações, é improvável que a quimioterapia continuada prolongue a vida", diz Hillner.


Os autores sugerem as seguintes alterações no comportamento dos oncologistas:

·         Limitar os testes de vigilância ou de imagem para situações em que algum benefício tenha sido demonstrado;

·         Limitar o tratamento de segunda e de terceira linha do cancro metastático à quimioterapia de agente único sequencial para a maioria dos tumores sólidos;

·         Limitar a quimioterapia a doentes com bons resultados, excepto para doenças altamente responsivas;

·         No cancro metastático com tumores sólidos, substituir o uso rotineiro de factores estimulantes de células brancas com a redução da dose de quimioterapia;

·         Para os doentes que não estão a responder a três regimes consecutivos, limitar a quimioterapia posterior a ensaios clínicos.


Também foram sugeridas as seguintes mudanças nas atitudes e na prática dos oncologistas:

·         Reconhecer que os custos dos cuidados são conduzidos por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer;

·         Definir expectativas mais realistas, tanto para os médicos quanto para os doentes;

·         Realinhar a compensação para valorizar serviços cognitivos, em vez da quimioterapia;

·         Integrar melhor os cuidados paliativos e a assistência oncológica usual (cuidados simultâneos);

·         Aceitar a necessidade de uma análise custo-benefício e de alguns limites para o tratamento.

"As nossas recomendações redefinem as práticas actuais de oncologia, e reconhecemos que levantam questões sérias", diz Hillner. "Mas agora é a hora de falar sobre como podemos preservar o dinheiro para garantir que todos os doentes recebam o melhor tratamento disponível, enquanto economizamos fundos para terapias novas e avançadas. Traçámos os pontos de partida para a discussão e esperamos que um diálogo nacional tão necessário se inicie".

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