domingo, 26 de junho de 2011

As relações dos médicos com Indústrias Farmacêuticas, de equipamentos, de exames, de órteses e próteses, entre outras, precisam ser mais transparentes.

Relações entre Médicos e Indústrias Farmacêuticas vão além de patrocínios científicos particulares. 
Considero pouco racional fazer um julgamento sobre as relações dos Médicos com as Indústrias Farmacêuticas e outras de forma polarizada. Existem outros interesses e falta de interesses que precisam ser discutidos.


As descobertas da Indústria Farmacêutica são úteis a humanidade?
É possível servir a humanidade com descobertas de novas moléculas sem altos investimentos financeiros de altíssimo risco pela iniciativa privada? Indústria Farmacêutica não é instituição filantrópica.
Os governos têm políticas estabelecidas e reguladas para financiar descobertas de novas moléculas que atendam pelo menos as necessidades básicas que surgem a cada dia, que exigem tempo e continuidade com alto risco de perder todo investimento muitas vezes após o produto já está sendo comercializado no mercado?
Sabemos que menos de 5% das moléculas estudadas por anos e mais anos chegam ao mercado e muitas delas que chegam não alcançam o volume de vendas esperado. Quem vai bancar os mais de 95% das pesquisas que não chegaram ao mercado? Claro, tem que ser os produtos que chegaram.
Existem médicos que não precisam prescrever medicamentos para seus pacientes, principalmente em países que negligência na saúde?
Será que um médico de caráter formado antes de entrar na faculdade vai prescrever medicamentos desnecessários para um paciente em troca de uma passagem aérea + hospedagem + inscrição em um congresso, pacote completo como é chamado este tipo de patrocínio?
A relação Médico X Indústria Farmacêutica não pode acabar para o bem da sociedade, porém as normas estabelecidas sobre o assunto devem ser respeitadas (Compliance), temos leis em vigor mais do que suficientes para regular o assunto. Punir aqueles que não respeitam tais normas, dar publicidade aos atos referentes às questões éticas nesta relação, publicidade também aos atos dos órgãos reguladores/fiscalizadores e de casos julgados sobre tal relação de forma exemplar, governos investirem em pesquisas e desenvolvimento da ciência e outras atividades que reflitam o sentimento de respeito ao cidadão. São atitudes como estas citadas que precisamos em vez de críticas passionais.
No Brasil ainda dependemos absolutamente de insumos importados, nosso país que tem estimado para 2011 um faturamento de 40 bilhões de reais só no segmento Farma, não se produz praticamente nada, importamos até embalagens. Por quê?
Por traz de toda essa discussão tem fortunas envolvidas que ninguém ousa em citar, por exemplo: Entre os dias 24 e 29 de junho de 2011 está sendo realizado em San Diego - California - (EUA), o American Diabetes Association (ADA), com uma estimativa que supera 15.000 médicos presentes vindos do mundo inteiro, do Brasil foram centenas de médicos sendo a esmagadora maioria patrocinada por Indústrias Farmacêuticas e possivelmente por outras interessadas que produzem e comercializam produtos específicos para diabetes. Todos os hotéis de San Diego não foram suficientes, muitos médicos foram com seus familiares (estes por conta própria é o que se espera), as lojas de eletroeletrônicos, informática e outros departamentos esgotaram seus estoques no primeiro dia, todos os vôos lotados, locadoras com demanda de 100% de suas frotas, um verdadeiro boom na economia daquele Estado. São dezenas de eventos desta natureza todos os anos, inclusive aqui no Brasil. Sem o patrocínio da Indústria Farmacêutica e outras, jamais tais eventos de grandes proporções seriam realizados.
No Brasil é possível fazer eventos sem ajuda da Indústria Farmacêutica e outras, mas de pequena proporção, os chamados eventos regionais. Ninguém vai sair do RS para o RN para ir a um evento científico com palestrantes locais. Poderão ir passear. Quem vai pagar os honorários para um palestrante (lídere de opnião) americano, europeu, entre outros estrangeiros de referência vi ao RN para falar sobre novas terapias em Diabetes, por exemplo? Os médicos através de suas inscrições? Nunca.
Sem investimentos da iniciativa privada (Indústria Farmacêutica, Materiais, Equipamentos, Endopróteses, Tecnologia, Laboratórios de Exames Complementares, e outras) não se faz eventos atrativos, com isso perde as empresas de eventos, companhias aéreas, empresas de transferes, rede hoteleira, bares, restaurantes, mercados regionais de artesanatos, taxistas entre outros beneficiados economicamente com o turismo de eventos profissionais.
Precisa-se acabar primeiro com a hipocrisia, assim como também o corporativismo dentro das instituições reguladoras e fiscalizadoras, transparência nas atitudes e valorização da ética profissional. O resto é picuinhas e dor de cotovelo.
Nota postada por Teófilo Fernandes.

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