quarta-feira, 29 de junho de 2011

Em Portugal, pacientes sofrem por questões que no Brasil não acontecem mais, graças às políticas sobre medicamentos mais avançadas, exemplo a lei de Genérico, do que naquele país.

Falha de medicamento deixa doença rara sem opção

29/06/2011 - 09:23
"Tenho de tomar dois comprimidos por dia. Esta é a dose mínima para me aguentar de pé. Experimentei outros medicamentos, mas este é o único que tolero e ao qual o meu corpo reage. Se não o tomar perco as forças, poderei entrar em coma e morrer. Esta é uma doença que mexe com o sistema nervoso central, tiróide e supra-renais". Sandra Roque, 37 anos, fala, em entrevista ao Diário de Notícias, da doença de Addison. Foi-lhe diagnosticada em 2005, depois de lutar contra um cancro.
O Hydrocortone®, uma das primeiras cortisonas sintéticas a surgir no mercado e cuja embalagem de 25 comprimidos custa 1,82 euros, está em falta nas farmácias desde Abril. Para Sandra e outros que sofrem desta doença rara, esta é a única alternativa.
O medicamento substitui uma hormona que o corpo deixou de produzir.
“Preciso de mais de dois frascos por mês, pelo menos. Na região de Setúbal, não há farmácia que tenha o remédio, e em Lisboa só o consegui encontrar numa farmácia onde já compro medicamentos habitualmente. Guardou-me algumas embalagens, porque não existe em mais lado nenhum”, contou Sandra ao DN, referindo que a alternativa é uma cortisona injectável que “só pode ser dada duas vezes por ano e que é muito forte”.
As farmácias que ainda têm embalagens, juntaram-nas nos últimos meses para garantir medicação aos doentes por mais algum tempo. “Nos últimos meses, temos tido mais doentes à procura do medicamento. Vão rodando pelas farmácias, mas na zona já ninguém tem”, contou ao DN Maria Joana Casimiro, directora da Farmácia Curie, que vendeu as últimas embalagens que tinha aos doentes habituais. “É um remédio do qual depende a vida dos doentes. E não há alternativa que o substitua integralmente”, disse, afirmando que disse aos doentes para apresentarem queixa na Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed). Ao organismo, porém, não chegou qualquer notificação de ruptura de stock, mas, segundo o DN apurou, estão informados das falhas constantes que têm acontecido no último ano. O fármaco é produzido por um laboratório no Reino Unido e apenas uma distribuidora, a Alliance Healthcare, detém a comercialização em exclusivo do medicamento em Portugal.
Ao DN, fonte da Alliance Healthcare explicou que “o laboratório inglês não está a fornecer o medicamento em quantidade suficiente para Portugal”, razão pela qual se reuniram na terça-feira.

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