quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Indústria Farmacêutica mostra porque tantos lhe odeia. O poder dela nos EUA é incrível sobre as autoridades daquela nação.

Medicamento para evitar o parto precoce tem um preço proibitivo http://www.publico.pt/includes/img/vazio.gif?t=1302720885,73389
13.04.2011 - 11:35 Por PÚBLICO
Quando recentemente os Estados Unidos aprovaram o primeiro medicamento para reduzir o risco de parto prematuro, acendeu-se a esperança de poder minimizar a primeira causa de mortalidade infantil no mundo desenvolvido. Contudo, agora que veio a público o preço que a farmacêutica decidiu cobrar (quase dez mil euros por tratamento, depois de inicialmente ter proposto valores de quase 21 mil euros) as esperanças caíram por terra.
A FDA (Food and Drug Administration) aprovou em Fevereiro o uso de um medicamento para prevenir o parto prematuro que contém uma substância chamada caproato de hidroxiprogesterona (também conhecida como 17P) e que se destina, numa fase inicial, a todas as mulheres grávidas que já entraram em trabalho de parto antes das 37 semanas de gestação em gravidezes anteriores, pois é esse é o maior factor de risco associado ao parto pré-termo.

A substância não é nova e já tinha sido utilizada, por exemplo, no tratamento de distúrbios hormonais e do cancro do colo do útero. Foi aprovada pela primeira vez em 1956 e retirada do mercado em 2000, por razões não relacionadas com a sua segurança, garante a FDA, no seu site. Entretanto perante alguma evidência científica dos seus benefícios durante a gravidez, muitas farmácias começaram a sintetizá-la, mesmo sem controlo das autoridades de saúde. O medicamento não deve, contudo, ser usado por grávidas de gémeos ou mulheres com outro tipo de risco.

Agora surgiu numa nova pelas mãos de um laboratório uma nova apresentação oficial, de administração semanal, através de uma injecção, a partir das 16 semanas de gestação (o início pode fazer-se até às 21) e até às 37 semanas. O problema é que a farmacêutica KV, que conseguiu o monopólio na sua comercialização, propôs um preço inicial de 30 mil dólares (20.800 euros), que o Governo conseguiu reduzir para os 9700 euros – um valor considerado, ainda assim, demasiado elevado para uma esmagadora maioria da população, escreve o jornal espanhol El País.

Substância vendida na farmácia a 15 euros
A 17P é uma hormona produzida durante a gravidez que ajuda a evitar partos prematuros. Até agora cada injecção comprada na farmácia custava menos de 15 euros. A KV decidiu, em Fevereiro, começar a fabricar um medicamento com esta hormona, tendo comprado a licença à farmacêutica Hogologic por quase 140 milhões de euros. O medicamento foi submetido a diversos ensaios e testes que custaram 35 milhões de euros e chegou ao mercado com o nome Makena e com a categoria de medicamento órfão.

Esta designação permitiu que a farmacêutica tenha recebido incentivos financeiros. O objectivo é que os laboratórios fabriquem medicamentos que não tenham grande expressão comercial e que, à partida, não seriam considerados interessantes em termos de investimento. A licença dada a estes medicamentos nos Estados Unidos dura sete anos, durante os quais a empresa pode deter o monopólio do medicamento.

O problema é que o Governo pressupôs que o medicamento entraria no mercado com um preço mais acessível e não a mais de 1000 euros por cada dose, quando antes já se fabricava de forma paralela. A farmacêutica contactou mesmo as farmácias proibindo-as de continuar a comercializar a substância e a FDA já emitiu um comunicado, disponível no seu site, onde admite a exclusividade da comercialização, mas onde explica que nenhuma farmácia será multada se sintetizar um medicamento com substâncias de outros medicamentos existentes no mercado e aprovados pelo regulador. Entretanto o próprio Governo retirou a exclusividade à farmacêutica, que acabou a reduzir o preço mas para valores, ainda assim, incomportáveis.

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