sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Farmacêuticas alemãs contestam estudo feito por ONG no Brasil

06/12/2012 - 08:34

Consultadas pela DW Brasil, as empresas farmacêuticas alemãs Bayer HealthCare e Boehringer Ingelheim contestaram as acusações apresentadas no estudo “Às custas dos pobres”, realizado pela ONG alemã Bundeskoordination Internationalismus (Buko, na sigla em alemão). No estudo, os preços, a qualidade de medicamentos e publicidade de empresas farmacêuticas no Brasil foram questionados, avança a DW Brasil.

A Bayer rejeitou com veemência as acusações feitas pela Buko. "O estudo publicado descreve as nossas actividades de forma incompleta e negligencia informações por nós previamente disponibilizadas e tornadas públicas, como por exemplo nosso engajamento na área da doença de Chagas", respondeu a empresa.

A Bayer disse ainda que vai reunir-se no início de Dezembro com representantes da Buko para debater o conteúdo e a metodologia do estudo.

Outra farmacêutica alemã, a Boehringer Ingelheim, respondeu que comercializa apenas medicamentos com resultados positivos na avaliação benefício-risco, ou seja, "na qual o benefício se sobrepõe aos possíveis riscos à saúde". A empresa disse ainda que a decisão de lançar um produto no mercado cabe apenas às autoridades de saúde nacionais.

A Boehringer Ingelheim disse ainda que mantém um "diálogo crítico" constante também com a Buko e disponibiliza informações sobre os produtos por ela oferecidos em países em desenvolvimento.

Posição da Bayer HealthCare

No relatório, a Bayer HealthCare foi criticada por vender caro o medicamento Nexavar®, muito importante no tratamento do cancro do fígado, afirma o estudo.

Outra crítica foi a "mistura absurda de vitaminas" – considerada problemática por especialistas, uma vez que a reacção do corpo à ingestão concomitante de tantos princípios activos seria imprevisível – no composto Supradyn® Pré-Natal.

A Bayer disse que as "declarações e números" sobre os custos de pesquisa do Nexavar® apresentados no estudo estão errados. A empresa afirmou ainda que o desenvolvimento de um novo medicamento é um processo longo, complexo, arriscado e com custos que podem ultrapassar mil milhões de euros. "Além disso, os preços de medicamentos são negociados com as autoridades locais e estão sujeitos a diferentes margens de lucro, impostos e outros factores."

Sobre a segurança dos seus medicamentos, a empresa afirmou que "todos os estudos clínicos [para a aprovação de medicamentos] se submetem a rigorosos princípios éticos e científicos internacionais e preenchem, sem excepção, as exigências das autoridades locais de saúde", acrescentando que a aprovação de novos medicamentos só ocorre após testes de eficácia e segurança por autoridades locais e internacionais.

Além disso, "a Bayer comprometeu-se com o marketing responsável, segundo padrões internacionais, especificados por códigos de conduta e preceitos externos. Todas as actividades de marketing ocorrem, em todo o mundo, em estrita concordância com as leis e normas nacionais".

Posição da Boehringer Ingelheim

A Boehringer Ingelheim foi criticada por comercializar no Brasil o Buscopan® Composto, proibido noutros países por conter a substância activa metamizol. O estudo afirma que a substância pode desencadear diversas reacções adversas no corpo, além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos, importantes para o sistema imunológico.

A empresa respondeu que está convencida do "perfil de segurança e eficácia" da família de produtos Buscopan®. Segundo ela, o medicamento está aprovado em mais de 20 países, incluindo Bélgica, Espanha, Argentina e Brasil.

A Boehringer Ingelheim afirmou ainda que a relação benefício-risco é analisada e avaliada de forma contínua pela empresa e pelas autoridades de autorização e de controlo, com base em todas as informações disponíveis. "Assim asseguramos que os nossos medicamentos são eficazes e seguros."

De acordo com a empresa, na Alemanha os dois princípios activos do Buscopan® Composto – metamizol e brometo de n-butilescopolamina – estão disponíveis no mercado isoladamente e podem ser combinados de forma livre.

A empresa disse ainda que havia uma campanha publicitária para a família de produtos Buscopan® no Brasil, mas que esta foi exibida pela última vez em Setembro de 2012.

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