sábado, 18 de agosto de 2012

Medicamentos para asma oferecidos pelo SUS atendem minoria

Crianças e idoso estão entre as principais vítimas da doença, responsável por cerca de 350 mil internações ao ano, no Brasil.

Recentemente divulgado na imprensa, acesso a medicamentos para asma fornecidos pelo SUS aumentou 94%. Segundo o Ministério da Saúde, em dois meses, mais de 141 mil pessoas retiraram brometo de ipratrópio, diproprionato de beclometasona e/ou sulfato de salbutamol em todo o país.
Para o dr. Elcio Vianna, diretor científico da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), este sistema de distribuição de medicamentos é muito importante e deve ser incentivado.
“Programas como este certamente evitam uma série de internações, atendimentos em pronto-socorro e inclusive reduzindo o número de mortes por asma, que ainda é muito alto no país”.
Os números comparam o volume de pacientes atendidos antes da inclusão de três novos medicamentos no Saúde Não tem Preço, ação integrante do Programa Farmácia Popular.
No entanto, segundo o médico pneumologista, se considerarmos o tamanho da população brasileira e as estimativas de que cerca de 10% dos brasileiros tenham asma, estes números ainda são muito pequenos.
“Considerando uma população de cerca de 190 milhões, como a nossa, podemos considerar um universo de 19 milhões de asmáticos. Claro que nem todos estes necessitam de medicamentos para regular a doença, mas 20% ou 30% deles certamente necessitam”.
Dr. Elcio estima que entre esta população de asmáticos, pelo menos 1,8 milhão de pacientes devem precisar de medicamentos para controlar a sua doença.
“Assim, estes 141 mil atendidos hoje são uma parcela muito pequena se comparada a todos aqueles que sofrem da doença; não chega a 5% deles”.
De norte a sul -Outro ponto importante que o dr. Elcio destaca é a má distribuição da oferta de medicamentos no país. Segundo o governo, Minas Gerais é o estado com o maior número de pessoas atendidas (37 mil), seguido do Rio Grande do Sul (35 mil).
“Como é possível que estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul sejam os campeões na distribuição dos medicamentos, se não são os que abrigam os maiores números de asmáticos?”
Ou seja, além de garantir os medicamentos a uma população muito maior, é preciso distribuí-los adequadamente entre os estados e municípios, conforme a necessidade de cada região.
Por fim, é preciso divulgar estes benefícios àqueles que necessitam e, principalmente, garantir o acesso desta população a consultas periódicas com profissionais qualificados para o diagnóstico e tratamento da asma.
“Em grande parte do país ainda carecemos de profissionais qualificados para este fim. O tratamento da asma mudou muito nas últimas décadas, os medicamentos evoluíram, passamos a utilizar diferentes fórmulas e meios de administração. Muitas destas novidades não foram passadas aos profissionais em atividade durante a faculdade. E muitos destes profissionais não tiveram acesso a essa atualização”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário