quarta-feira, 27 de março de 2013

Você Confia Totalmente Nas Informações Divulgadas Por Sociedades Medicas?

Há muito tempo a questão da imparcialidade e qualidade das informações divulgadas por sociedades medicas vem sendo estudadas.

Os problemas de qualidade nas Guias de Prática Clínica (GPC)

Diretrizes das Sociedades Medicas

Algumas diretrizes destas sociedades são FORTEMENTE questionadas porque alguns médicos membros destas sociedades tem forte conflitos de interesses, POIS SÃO PALESTRANTES DAS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS, outros tem viagens a congressos patrocinadas pela indústria e ainda alguns são até mesmo acionistas das empresas.

Como é um assunto de alcance mundial e com óbvias repercussões na saúde pública trouxemos um interessante artigo sobre este tema.

O conceituado e respeitado Boletín de Información Farmacoterapéutica de Navarra, Volume 20, nº 1 Janeiro/Fevereiro 2012 publicou uma revisão sobre a qualidade das Guias de Prática Clínica (GPC), as conhecidas Diretrizes. A revisão apontou vários problemas:

·         Número alto de guias para o mesmo tópico

·         Variabilidade de recomendações

·         Conflitos de interesses

·         Força das evidências e a aplicabilidade na clínica, na prática.

Conclusão: vários documentos que se autodenominam GPC na realidade não o são. Assim, devemos avaliar cuidadosamente a qualidade das evidências em que se baseiam as recomendações.

Pontos Controversos das Sociedades Medicas

Veja abaixo o texto com maiores detalhes de alguns pontos controversos:

·         Cardiologia: Em relação ao uso de estatinas e o ponto de corte do colesterol.

·         A ausência de provas e as recomendações das guias e diretrizes são pontos de controvérsia. Dois pesquisadores destacam que os objetivos terapêuticos e os pontos de corte para iniciar o tratamento baseado nos níveis de LDL divergem da evidência clínica e o que é recomendado não foi testado em nenhum ensaio clínico. Preocupante não?

·         Hipertensão: Um editorial do Periódico da Associação Médica do Canadá ressaltou os potenciais conflitos de interesses nas recomendações sobre o tratamento da hipertensão, visto que as GPC deste país recomendaram a utilização de medicamentos com patentes em oposição aos medicamentos genéricos.

·         Ginecologia e Obstetrícia: Um estudo recente que oferecia suporte as recomendações do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas mostrou que somente um terço das recomendações se apoiava em evidências de elevada qualidade.

·         Psiquiatria: A análise de 7 guias sobre depressão mostrou que estas estavam focadas exclusivamente no tratamento farmacológico e pouca atenção foi dada a outros aspectos como psicológicos, risco de suicídio e outras questões sociais.

 

Conflitos de interesses: As relações financeiras dos médicos com empresas comerciais da área foram encontradas em mais de 50% dos autores das GPC cardiovasculares publicadas entre 2004 e 2008. Outro dado extremamente preocupante: um número significativo de cardiologistas tem ações nas indústrias afetadas pelas GPC.

A avaliação de 431 GPC elaboradas por sociedades medicas científicas mostrou um 67% delas, isto mesmo, 67%, não informaram a composição do Grupo, o que impede a avaliação dos potenciais conflitos de interesse.

Fica então a pergunta: quais os requisitos que as GPC devem apresentar para ter credibilidade? Vamos a estes critérios:
 
1)    Basear-se em uma revisão sistemática da evidência disponível.

2)    Serem desenvolvidas por um grupo multidisciplinar de especialistas.

3)    Ser baseado em um processo transparente e explícito que minimiza a distorção, preconceitos e conflitos de interesses.

4)    Proporcionar uma explicação clara das relações lógicas entre as diferentes opções de tratamento e os resultados na saúde, mostrando os índices de qualidade da evidência bem como das forças das recomendações.

5)    Reconsiderar e revisar quando novas provas disponíveis justifiquem a alteração das modificações.

Por isso, um conselho: sempre que ler sobre uma diretriz de uma sociedade medica, seu espírito crítico deve ficar em alerta. Analise, pense, pesquise: tem muitos interesses envolvidos nesta questão.

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