quinta-feira, 21 de março de 2013

Indústria farmacêutica corre contra o tempo para renovar portfólio

Laboratórios apostam em remédios de ponta para driblar prejuízos com perda de patentes

Brasil Econômico - Claudia Bredarioli*
Medicina de precisão, medicamentos de ponta para tratar as doenças da modernidade e vários milhões de dólares em investimentos para desenvolver remédios cada vez mais específicos para um tratamento quase individual dos pacientes formam o cotidiano das indústrias farmacêuticas da Costa Oeste dos Estados Unidos.

Reunidos em um ambiente de alta tecnologia — cercadas de universidades, com grande oferta de pesquisadores e disponibilidade de verba para apostar em inovação —, esses laboratórios assumem diariamente uma acirrada disputa pelos bilhões movimentados em todo o mundo no mercado de produtos farmacêuticos.

Não que várias dessas empresas abram mão de apostar também em medicamentos genéricos e remédios de consumo em massa, mas passaram a ter novas abordagens em sua estrutura de negócios depois de amargarem grandes prejuízos com os vencimentos de exclusividade de uso de patentes que recentemente obrigaram os laboratórios farmacêuticos a procurarem novos caminhos para manter os lucros em torno de suas operações bilionárias.

Para isso, gigantes como a Pfizer chegam a investir anualmente cerca de US$ 7 bilhões por ano no desenvolvimento de novos medicamentos. Esforços assim resultaram em 78 projetos de pesquisa em processo (dos quais o Brasil participa de 59% dos estudos) atualmente, sendo que sete já estão em fase final de registro em agências regulatórias — e também contribuíram para que a companhia registrasse faturamento global de US$ 59 bilhões em 2012, dentro dos quais o Brasil teve participação de R$ 4,6 bilhões.

“Temos a missão de ser a melhor indústria farmacêutica em inovação, avançando com o foco em doenças que ainda não têm tratamento. O caminho da medicina de precisão é encontrar as drogas certas para os pacientes certos”, diz Valerie Fantim, vice-presidente da Pfizer na área de oncologia e biologia de tumores.

Além da oncologia,entre as pesquisas de ponta na área de vacinas profiláticas e terapêuticas que são desenvolvidas na Califórnia, há inovações futuras em asma, rinite alérgica grave, cessação do tabagismo, câncer, doenças infecciosas, cardiovasculares e neurodegenerativas. Só no tratamento da alergia asmática, a companhia calcula que haja atualmente um potencial de 300 milhões de pacientes no mundo, que poderão chegar a 400 milhões até 2025.

Takeda
Outro grande laboratório, o japonês Takeda tem apostado especialmente em novas drogas para câncer e diabetes, com produtos já em fase final de aprovação. No Brasil, por exemplo, a Takeda prevê que até 2014 esteja disponível no mercado uma droga para tratamento de diabetes para ingestão oral — o que seria um diferencial em relação aos demais medicamentos injetáveis disponíveis hoje no mercado.

A Takeda investe anualmente cerca de US$ 3,5 bilhões em pesquisa e tem 42 novos medicamentos em seu pipeline — em diferentes fases de estudo para chegarem ao mercado a partir de 2014. “Países emergentes com mercado em crescimento como o Brasil vão se fortalecer como alvo de nossas ações”, diz Keith Wilson, presidente da Takeda em San Diego.

Na Amgen, que tem se focado no desenvolvimento de moléculas com mecanismos de ação únicos, os planos de atuação em pesquisa no Brasil ganharam fôlego em razão do apoio do governo em programas voltados à pesquisa e desenvolvimento como o Ciência sem Fronteiras.

“O Brasil vai continuar crescendo dentro da área de pesquisas avançadas e o apoio do governo sem dúvida contribuiu muito nesse processo”, diz Laura Hamill, vice-presidente da companhia responsável por América Latina, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Na Califórnia, a companhia desenvolve estudos avançados em câncer de ovário, melanoma, doenças cardiovasculares, osteosporose, psoríase e asma.

Já na Shire, que atua especialmente na área de doenças raras, o foco em especialidades e no caráter individual do tratamento fica ainda mais evidente. Atuando no Brasil com o tratamento de doenças que somam entre 300 e 400 pacientes, a companhia tem se empenhado no desenvolvimento de tecnologias com o uso de células humanas.

“No futuro, poderemos utilizar essa tecnologia em outras doenças genéticas porque trabalhamos com proteínas que não são identificadas como estranhas pelo corpo humano”, afirma Cláudio Santos, presidente da companhia no Brasil.

* Viajou a San Diego (EUA) a convite da Interfarma

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