domingo, 23 de janeiro de 2011

Vítimas das enchentes do Nordeste no ano passado (2010), continuam aguardando assistência digna. Uma vergonha às políticas de recuperação das cidades atingidas.


Nota de C&T:

Centro Comercial de Palmares PE
após enchentes em 2010
É revoltante ler matérias referentes às enchentes ocorridas no Nordeste do Brasil no ano passado. Só quem visitou locais atingidos por tais enchentes como eu visitei, pode mensurar o tamanho da tragédia, e depois de 07 meses observar o quanto é vergonhoso, passar pelos mesmos locais que passei logo após a tragédia, e perceber que os gestores públicos fizeram muito pouco em favor das vítimas e das demais pessoas atingidas diretamente ou indiretamente.

Nada justifica à quantidade de pessoas que ainda vivem em barracas de lonas e plásticos , assim como, outras que  retornaram para o mesmo local  aonde perderam tudo ou, se estabelecendo em outras áreas de riscos.

BR 101 que corta a cidade de Palmares PE durante
enchentes em 2010.
Estive esta semana em Palmares, cidade pernambucana também atingida  pelas enchentes, pude observar a falta de cuidado, de ação da prefeitura para com a cidade no geral. Continua parecendo um cenário de pós-guerra. Muita sujeira, muita poeira, ruas esburacadas, lama em muitos pontos, tráfego complicado, agente de trânsito recebendo propina de caminhoneiros para permitir o tráfego de caminhões pesados por ruas não permitido, entre outros desmandos.

Tanto dinheiro gasto em uma campanha política recente, enquanto famílias não receberam ainda um tratamento com o mínimo de dignidade, mas esta gente foi às urnas e votou. Afirmo sem medo de errar, que muitos dessa gente não sabem mais em quem votou há 03 meses.

Nota postada por Teófilo Fernandes (teofilofernandes@uol.com.br e http://twitter.com/edsonteofilo


Sete meses após enchente, famílias ainda vivem em acampamentos em Pernambuco
Daniel Carvalho, especial para O Globo
BARREIROS - Sete meses se passaram, mas famílias que perderam tudo na enchente do Rio Una, em Barreiros, município a 110 quilômetros de Recife, ainda vivem o drama de não ter onde morar - pesadelo também vivido por desabrigados em Alagoas, vítimas das enchentes de junho do ano passado.

Em Pernambuco, os desabrigados estão alojados em tendas apertadas e quentes, sem emprego e se mantendo com doações. Quem não aguentou a situação, contrariou as orientações das autoridades e está construindo sobre os escombros, nas margens do rio, correndo o risco de viver uma nova tragédia.

No acampamento Esperança, montado pelo governo pernambucano, com apoio da prefeitura e de uma ONG internacional, às margens da rodovia PE-60, moram 80 famílias. O espaço lembra um campo de refugiados.

O bebê Cauã, de 4 meses, nasceu numa das tendas. A mãe dele, a desempregada Clarisse Silva, de 18 anos, passa o dia perambulando com a criança. Amamentar o filho é atividade que faz na frente de todos. Na barraca não dá para ficar:

- Ele reclama muito por causa da quentura. O sol queima mesmo aqui dentro.

Não é só o calor que incomoda. Nos dias de chuva, como na última quinta-feira, quando O GLOBO esteve no acampamento, é preciso improvisar com plásticos para não molhar o pouco que foi salvo e está amontoado nas barracas. Até água para beber é problema. O fornecimento de água mineral havia sido interrompido. Um caminhão-pipa vinha abastecer o reservatório.

- Até bicho morto a gente já encontrou na caixa d'água. Tinha uma víbora e um sapo. Depois disso é que voltaram a entregar água mineral - conta a manicure Mônica Maria da Silva.
Todas as pessoas ouvidas pelo GLOBO denunciaram que funcionários da prefeitura os pressionam para deixar o local:

- Querem dar R$ 150 de auxílio-moradia. Não tem casa para alugar por esse preço. O menor valor que encontrei foi R$ 180 - diz Marlene Maria da Silva.

O secretário de Administração de Barreiros, Inaldo Lins, admite que há intenção de desmobilizar os acampamentos, mas disse desconhecer as denúncias. Segundo Lins, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome repassou R$ 786 mil para a manutenção dos acampamentos, mas a verba só dura até este mês. A prefeitura já pediu mais verba ao governo federal.

As famílias nos acampamentos aguardam a construção de casas num terreno desapropriado pelo governo do estado. Pela dificuldade de encontrar uma área apropriada, as obras de terraplanagem só começaram mês passado, e as primeiras moradias devem ser entregues só em dezembro, diz a prefeitura. Até dezembro, estava aprovada a construção de 2.843 casas.
Quem não aguenta esperar e não suporta a situação dos acampamentos opta pelo perigo. 


Dezenas de famílias estão reconstruindo suas casas no mesmo lugar, às margens do Rio Una. É o caso do comerciante Josiel José de Lima, de 39 anos. Ele já está de casa nova com o filho de 4 anos e a esposa. Mora ao lado de sua antiga residência, hoje pela metade. No andar térreo existia o mercadinho que sustentava a família. Agora, montou o estabelecimento no espaço onde funcionava uma igreja.

A prefeitura reconhece que há imóveis sendo construídos na área de risco, mas se diz de mãos atadas para impedir o retorno das famílias.

Além de Barreiros, 40 cidades foram atingidas em Pernambuco; 20 pessoas morreram, 26.966 ficaram desabrigadas e 56.643, desalojadas. O governo federal investiu R$ 75 milhões em obras emergenciais e, com o governo do estado, investe R$ 497 milhões em obras de infraestrutura. Das 18 mil casas que devem ser construída em Pernambuco, ao custo de R$ 1,17 bilhão, só 99 foram entregues. O GLOBO tentou por dois dias contato com o governo estadual, sem sucesso.

Fonte do texto original: http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/01/23/sete-meses-apos-enchente-familias-ainda-vivem-em-acampamentos-em-pernambuco-923587958.asp

Um comentário:

  1. este caminhao da tecmar tinha um heroi alem de ele salvar os outros motoristas ainda alimentou mais de20 crianças que estavam no corpo de bombeiro da cidade alem de estar com o pe e costas machucado parabems eu estava la

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