sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Norte-americana Amgen quer dobrar presença no Brasil até 2020

Norte-americana Amgen quer dobrar presença no Brasil até 2020
24/07/2014 - 08:04

A maior empresa de biotecnologia do mundo, Amgen, teve uma subida anual de 54 por cento na facturação do primeiro semestre no Brasil e traça planos para dobrar a sua área de medicamentos biológicos no país, apesar da desaceleração da economia que tem travado o consumo, inclusivamente no sector de saúde, avança a agência Reuters.
A companhia fundada na década de 1980 nos EUA é especializada em medicamentos complexos e de alto custo de desenvolvimento voltados para áreas como cancro e nefrologia. No Brasil, a empresa está presente desde 2009, ampliando a sua actuação com a compra da farmacêutica brasileira Bergamo, em 2011, por 215 milhões de dólares.


De olho num mercado em que a população que está a envelhecer e que em 2014 deve registar cerca de meio milhão de novos casos de cancro, a Amgen espera ampliar de 5 para até 10 até 2020 o número de medicamentos da categoria biológicos "inovadores" vendidos no Brasil. Já em biossimilares, a quantidade de medicamentos da companhia vendida no país passará de 25 para 32.

Os medicamentos biológicos são produzidos através da manipulação de microorganismos ou células vivas modificadas, que geram proteínas longas e complexas para uso em tratamentos específicos. Esses fármacos estão no topo da indústria farmacêutica em termos de custos de desenvolvimento e de margem de lucro. Já as biossimilares são versões 'genéricas' dos medicamentos biológicos que tiveram as patentes expiradas.

Com a expansão do portefólio de medicamentos biológicos, a Amgen deve concentrar-se mais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, ampliando uma rede de 2.500 pacientes em mais de 200 centros médicos públicos e privados do país, que fazem parte de testes clínicos de novas drogas que a empresa espera ver aprovadas pelas autoridades de saúde.

Apesar dos planos de expansão, o gerente-geral da Amgen no Brasil, Eduardo Santos, afirmou que planos para uma fábrica de biofármacos, algo que consumiria investimentos na casa de mil milhões de dólares do grupo no país, não estão nos planos de curto prazo. A Amgen já tem fábricas na Irlanda, Turquia, EUA e Porto Rico.

Segundo Santos, que evitou dar detalhes financeiros da companhia no Brasil, a Amgen deve atingir equilíbrio financeiro no país este ano. O desempenho, após o investimento na compra da Bergamo, é apoiado no lançamento de três novos medicamentos no primeiro semestre.

"Estamos a sentir escrutínio em despesas com saúde por parte dos governos, federal e estadual, e empresas de seguro saúde estão a rever protocolos", disse Santos ao descrever o cenário económico do sector no país. "Não é catastrófico, mas é um cenário de contenção de gastos".

Porém, ele afirmou que os medicamentos da companhia são voltados para pacientes críticos, que não podem interromper tratamentos. "O mercado de carros novos vai cair, mas os pacientes diagnosticados continuarão a existir".

Santos afirmou que a Amgen não vê novos alvos de aquisição no Brasil, apesar da intensa consolidação vivida pela indústria farmacêutica global. No país, a Amgen compete no sector de medicamentos biotecnológicos com nomes como Roche, Pfizer e Abbott.

A Amgen também deve encarar em breve uma competição com o lançamento da fábrica de biossimilares Bionovis, projecto que prevê investimentos de 500 milhões de reais nos próximos cinco anos e reúne as brasileiras EMS, Aché, Hypermarcas e União Química.

A fábrica das quatro empresas nacionais deve ficar pronta no final de 2016 e será voltada inicialmente à produção de seis medicamentos voltados para alguns tipos de cancro e artrite. O principal cliente será o governo federal brasileiro, que tem apoiado a criação da companhia desde 2012.

 


 

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