sábado, 10 de maio de 2014

AstraZeneca pede a primeiro-ministro britânico para se afastar da Pfizer

08/05/2014 - 08:47
A AstraZeneca pediu a David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, para não firmar posição sobre a proposta de compra hostil feita pelo laboratório americano Pfizer, que ofereceu 63 mil milhões de libras esterlinas (106,2 mil milhões de dólares) pela companhia inglesa. A AstraZeneca vai reforçar a sua defesa contra a investida da Pfizer anunciando novos medicamentos em fase de desenvolvimento, avança o Valor Econômico, citando o Financial Times.
Leif Johansson, presidente do conselho de administração da AstraZeneca, preveniu o primeiro-ministro do Reino Unido de que o contacto activo oficial com a Pfizer pode permitir que o grupo americano afirme que o governo britânico é a favor do negócio, de acordo com fontes familiarizadas com a conversa, ocorrida na sexta-feira.
Detalhes do diálogo surgiram após Ed Miliband, dirigente do Partido Trabalhista, da oposição, acusar Cameron, no domingo, de agir como um "líder de torcida" a favor da Pfizer, depois de ministros terem começado a negociar com a empresa em torno de empregos e investimentos antes de ela ter feito uma oferta formal.
O gabinete de Cameron reiterou a sua afirmação de que não está a agir como "líder de torcida a favor da Pfizer", e sim a lutar pela manutenção de postos de trabalho e conquistas científicas britânicas. Uma autoridade próxima a Cameron disse que não se poderia responsabilizar o primeiro-ministro pela interpretação dada pela Pfizer à resposta do governo britânico.
A AstraZeneca, que na semana passada recusou a proposta informal da Pfizer, de 50 libras esterlinas por acção, ao considerá-la uma "significativa" subavaliação, emitiu detalhes dos novos medicamentos em processo de investigação e desenvolvimento - entre os quais alguns tratamentos promissores para o cancro -, num esforço de convencer os investidores a continuar a confiar na AstraZeneca como empresa independente. "Estamos convencidos de que temos boa estratégia, que está a fazer bons avanços, e que temos capacidade de continuar autossuficientes", disse Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca.
A investida da Pfizer recebeu um impulso, quando uma influente personalidade do sector farmacêutico britânico criticou o "furor político e nacionalista" que cerca a oferta. Richard Sykes, presidente do conselho de administração da Royal Institution e ex-CEO da GlaxoSmithKline, disse ser "irrelevante" quem é o proprietário da Pfizer e onde fica a sua sede. "O que realmente importa é que o Reino Unido estimule essas companhias a fazerem o seu trabalho de descoberta e desenvolvimento de medicamentos aqui", escreveu no "Financial Times".
A Pfizer disse que está "muito decepcionada" com a recusa da AstraZeneca em começar negociações e disse manter abertas todas as alternativas para o seu próximo passo. Ian Read, presidente do conselho de administração e CEO da Pfizer, pediu que o conselho de administração da AstraZeneca reconsidere a sua recusa a iniciar conversações.
Segundo as normas britânicas de aquisições, a Pfizer tem até ao dia 26 de Maio para convencer a AstraZeneca a iniciar conversações ou, se fracassar, para fazer uma oferta hostil pela empresa ou desistir do negócio. Analistas dizem que um dos motivos pelos quais a Pfizer quer comprar a AstraZeneca são as perspectivas relativamente fracas do seu processo de desenvolvimento de produtos.





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