segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cientistas descobrem área do cérebro responsável pela obesidade

Pesquisa com ratos prova que crescimento do hipotálamo está associado ao ganho de peso na fase adulta
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram que ratos com uma dieta rica em gordura na fase de crescimento desenvolvem depois, na fase adulta, células nervosas novinhas em folha em uma área do cérebro chamada hipotálamo. O crescimento dessas células, segundo o estudo, cria um ciclo vicioso: quanto mais gordura se come, mais o hipotálamo induz o corpo à obesidade e a uma vontade maior de consumir gordura.

Os cientistas explicam que o mecanismo pode ser interpretado como uma adaptação evolutiva. Numa época da evolução dos ratos em que a comida foi escassa, o organismo se defendeu criando um mecanismo para armazenar gordura e induzir o corpo a aproveitar ao máximo a chance de comer. Mas nos tempos atuais, tal faceta evolutiva tem outra consequência se aplicada aos humanos, conforme sugere o estudo. Uma infância com calorias em excesso significa uma fase adulta com maiores chances de desenvolver obesidade e distúrbios metabólicos.

Até recentemente, acreditava-se que apenas duas áreas do cérebro eram capazes de criar novas células nervosas, mesmo na fase adulta: o hipocampo, envolvido na memória, e o bulbo olfativo que, como o nome já diz, tem a ver com a capacidade de sentir cheiros. Com a descoberta de que o hipotálamo também cria células no decorrer da vida, os pesquisadores do Departamento de Neurociência da Johns Hopkins, no estado americano de Maryland, concentraram esforços em saber por que isso ocorre.

O estudo, publicado esta semana na revista “Nature”, mostra que os cientistas criaram um grupo de ratos com ração rica em gordura e outro com alimentação normal. Enquanto animais muito jovens mostraram nenhuma diferença no hipotálamo, não importando a dieta, o crescimento de neurônios no hipotálamo simplesmente quadruplicou nos ratos adultos que tiveram uma infância engordurada desde o desmame. E esses animais ganharam mais peso e mais gordura.

O hipotálamo é também reconhecidamente associado a várias funções do corpo, como o sono, a temperatura, a fome e a sede. Para comprovar a tese sobre a obesidade, os neurocientistas da Jonhs Hopkins separaram os ratos com ração gordurosa e mataram as células novas do hipotálamo com emissões de raio-X. Resultado: os animais manipulados com radiação ganharam menos peso que os ratos que tiveram a mesma alimentação, mas não passaram pelas sessões de raio-X no hipotálamo.

Se a descoberta do grupo de neurocientistas for confirmada em estudos futuros, pesquisadores poderão usá-la para tratar a obesidade por meio de uma radioterapia no hipotálamo ou com o desenvolvimento de medicamentos que inibam a neurogênese — nome que se dá ao crescimento de novos neurônios

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