sábado, 12 de novembro de 2011

Acabou o inferno astral (Agnelo Queiroz – Governador do DF)?

11 Novembro 2011 - Redação

Há um mês, exatamente, o cidadão Agnelo Queiroz estava numa artilharia de fogo que parecia não acabar. Uma ofensiva intensiva, com acusações pesadas, entre as quais, sua participação em um “propinoduto”, conforme o denunciante, Daniel de Almeida Tavares, que atira para todos os lados. Em um dia denuncia o governador, no outro, as deputadas distritais, Celina Leão (PSD) e Eliana Pedrosa, também do PSD, com inversões das denúncias, antes veementes, para depois deletar o que falou diante de uma câmera, para servir como testemunha, funcionando como combustível para um escândalo, de uma forma ou de outra.

Sem dúvida nenhuma, é um precedente que repete a performance de Durval Barbosa, que fez escola na capital da República, usando câmera para produzir provas contra àqueles que pretendiam encerrar a carreira política, como também chantagear empresários, por outras motivações. O que vêm prevalecendo em Brasília, depois de tudo, são as provas contundentes, o cenário foi formado na terça-feira, quando as duas deputadas distritais procuraram o delator Daniel de Almeida Tavares, um homem de 35 anos, que não sustentava nem uma nem outra versão – mudava de ideia a qualquer
momento.

Quando tornou pública a sua denúncia de que o governador Agnelo Queiroz teria recebido propina de um lobista quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Daniel de Almeida Tavares foi descaracterizado como um denunciante idôneo, ao demonstrar possuir todas as características de quem é um oportunista que pretende levar algum dinheiro e, que para obtê-lo, buscou dois polos em conflito político, tentando dar veracidade ao que denunciaria. Há duas semanas, ele dissertou com detalhes, publicamente, que o governador teria recebido a propina da Anvisa.

Não demorou muito e a gravação protagonizada pelas duas deputadas perdeu a credibilidade, até porque Daniel mudou sua versão, o que foi o suficiente para a Polícia Federal, ao receber o vídeo, aprofundar-se no caso. Um chantagista iniciante, que foi empregado da União Química, foi visto entrando na mansão da deputada Eliana Pedrosa, Lago Sul, no dia 23 de outubro, que chamou a sua colega Celina para participar da conversa. Na conversa entre as duas, que foi filmada durante 33 minutos, e acabou indo para a PF, continha a acusação de que Agnelo teria recebido mesmo a propina, detalhando o quanto o atual governo teria recebido.

Daniel foi adiante: “O Fernando (referia-se a Fernando Marques, o dono da União Química) me entregou R$ 50 mil para repassar a ele, só que eu repassei R$ 45 mil e tive que fazer uma viagem até Goiânia. Então, ficaram faltando R$ 5 mil e ele me ligou 500 vezes, cobrando esse dinheiro. Eu estava em Goiânia e fui obrigado a fazer a transferência eletrônica”. Ele também exibiu na filmagem uma transferência eletrônica para a conta corrente de Agnelo Queiroz, no valor de R$ 5 mil. Agnelo Queiroz não negou ter recebido o dinheiro na conta corrente, que fora repassado por Daniel, acrescentando que se tratava de uma devolução de empréstimo ao lobista.
A versão de Agnelo acrescenta também que, três dias depois de ter sido paga a quantia, quando era o diretor da Anvisa, a União Química foi beneficiada com um parecer despachado por ele e publicado no Diário Oficial da União.

Como acontece nos folhetins eletrônicos de novelas de televisão, Daniel sumiu, justo na véspera em que tinha assumido o compromisso de comparecer à Comissão de Ética da Câmara Legislativa, na segunda-feira passada, argumentando que estava doente e muito febril, sem apresentar qualquer atestado médico. Quem entrou na cena, logo em seguida, foi o deputado Chico Vigilante, líder do PT, anunciando a seus colegas que iria subir na tribuna para demonstrar que o governador teria sido vítima de um esquema que poderia complicar sua estabilidade no governo.

Cada vez mais tomando o contorno de folhetim eletrônico, na terça-feira, a TV Record, no programa “Balanço Geral”, Daniel mudava a conversa, afirmando que a deputada Eliana Pedrosa tinha lhe feito uma proposta, em dinheiro, para denunciar o governador Agnelo, dizendo “que era propina, pagamento de propina”, ressaltava, acrescentando que falou tudo o que eles queriam ouvir, inclusive que “todos os pontos foram plantados pelo senhor Eduardo Pedrosa,” que vem a ser um irmão da deputada”. Logo em seguida, Chico Vigilante exibia o vídeo em que ele negava as acusações contra Agnelo, com uma afirmação: “Tenho apreço muito grande pelo governador. Ele me ajudou no passado, nos conhecemos desde 1998, no PCdoB, com o líder petista sugerindo uma investigação: “Alguém vai pagar por isso. Tentaram desestabilizar o governador Agnelo Queiroz. Isso tem que ser investigado! A farsa começa a mostrar sua cara, a casa vai cair”.

Mas, na terça-feira, a efervescência continuava, quando as duas deputadas decidiram dar suas versões, partindo de Eliana Pedrosa, ao não admitir a oferta de suborno a Daniel, acrescentando que fora procurada por Daniel, que alegou estar sendo perseguido, e, imediatamente, recorreu a sua colega Celina para testemunhar a conversa. As duas deputadas afirmaram que não entenderam o porquê de ele ter mudado tão rápido a versão.

Logo depois, o governador Agnelo Queiroz divulgou uma nota em que afirmava não temer a investigação, enfatizando a concessão do certificado à União Química: “Será mais uma forma de prova que inexiste a conexão que tentam construir. Não depende apenas da vontade, da decisão, do diretor o encaminhamento para liberação de certificados. A avaliação passa por várias áreas técnicas e vistorias específicas antes da assinatura do diretor. É preciso que o candidato ao certificado atenda a todos os critérios e pré-requisitos exigidos pela Anvisa”.

O governador também afirmou que foi alvo de manobra sórdida, montada por “aqueles que não se conformam com a legitimidade do meu mandato”, acrescentando ainda, que fora alvo de “uma farsa fabricada por aqueles que perderam privilégios e o poder político”. E concluiu, com ênfase: “Venho sofrendo, nos últimos dias, violentos ataques que tentam me associar a atos irregulares. Estou confiante de que tudo será apurado e que a verdade começa a ser, agora, restabelecida”.

Na quarta-feira, dia nove, o governador Agnelo Queiroz estava em seu inferno astral. Segundo os astrólogos, é o período que deixa o signo vulnerável durante os 30 dias que antecedem a data do aniversário. Nessa época, a cada mês, um signo fica sem blindagem emocional, pelo contrário. Agnelo é de Escorpião e a astrologia afirma que estava no período do inferno astral, uma época que prevalece a sensibilidade. Só depois do aniversário, volta a prevalecer o paraíso astral, que é o oposto, fazendo com que “as coisas à sua volta mudem rapidamente. No momento, isto será difícil. A astróloga Mônica Horta, na quinta-feira, nos jornais, fazia a seguinte previsão para o signo de Escorpião: “Mas você precisa tentar, pelo menos de vez em quando, se distanciar desse ritmo frenético para conseguir pensar direito”.

Há quem acredite muito em horóscopo, e também quem não acredite. Mas, pelo sim, pelo não, justo na quarta-feira, o governador, no dia do seu aniversário, parecia mais leve, depois que se livrou da acusação de participar do “propinoduto”, denunciado por Daniel de Almeida Tavares, afirmando que ele teria recebido dinheiro de um lobista.

Na quarta-feira, comemorou seus 53 anos, reunindo 800 pessoas, na Churrascaria Pampa, por iniciativa dos partidos que o apoiam, com a presença de políticos e empresários, entre os quais o ex-ministro José Dirceu, como também o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Enfático, Dirceu, ao ser abordado por um repórter sobre os pedidos de impeachment contra o governador, respondeu: “Não existem denúncias. Elas já foram desmoralizadas”.

Só na quarta-feira, foram encaminhados cinco requerimentos, na Câmara Legislativa, para o impeachment de Agnelo, por iniciativa do DEM e do PSDB, com o prazo de 48 horas, que já começava a contar no mesmo dia. Agnelo Queiroz afirmou que não tem nenhum fato ou denúncia concreta contra ele que justifique o impeachment, ressaltando que “isso é mais um factoide”. Partindo para o ataque, ele afirmou que vai reagir e agir: “Vou fazer formalmente um pedido à Polícia Federal para que me investigue, porque é uma oportunidade de desmascarar tudo isso. As minhas contas são absolutamente transparentes e foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.

Na comemoração do seu aniversário, Agnelo afirmou, com ênfase, que seus opositores são de uma organização criminosa, e, citando Juscelino Kubitscheck, concluiu que, quando ele foi presidente da República, construiu Brasília, e mesmo assim foi injustiçado com calúnias. “Não vamos aceitar mais essa covardia. A política não pode ser uma coisa abaixo da linha da cintura. A oposição é uma organização criminosa que se acostumou a fazer todo tipo de barbaridade. Ainda não caiu a ficha de que o povo derrotou esse tipo de prática”.

O governador ainda afirmou que até gostaria de ser investigado para poder comprovar a sua inocência, ressaltando: “Esse pedido é uma tentativa desesperada da extrema-direita tomar o governo”



Nota de C&T: O mais absurdo é saber que tem gente que dá credibilidade a quem acusa e quem é acusado. Nada melhor diante de tantos fatos absurdos do que uma investigação imparcial. Tem quem a faça?

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