segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Farmacêuticas crescem há 10 anos, superam dólar e querem 'mais PIB'

Setor projeta encerrar o ano com alta de 9,2% nas vendas, sobre 2012.
Indústria quer participação maior do governo nos gastos com remédios.


Com crescimento nos últimos dez anos, o setor farmacêutico não sabe o que é crise na indústria e, apesar apesar da alta do dólar e seu impacto no preço da matéria-prima, não tem dúvidas que 2013 também vai fechar em alta. Ainda assim, as farmacêuticas esperam uma participação mais efetiva do governo nos gastos com a saúde, o que daria ainda mais fôlego ao setor.

O mercado de remédios projeta encerrar o ano com vendas no patamar de R$ 54,2 bilhões, uma alta de 9,2% em relação ao ano passado. O nível de emprego e a condição socioeconômica do brasileiro são as principais causas do bom desempenho, citadas tanto pelo representante das indústrias quanto pela maior delas no mercado interno.

"A EMS dobra de tamanho a cada três anos", afirma Mário Nogueira, vice-presidente institucional corporativo da EMS, empresa com fábrica em Hortolândia (SP). A gigante, presente hoje em 40 países, faturou R$ 5,9 bilhões em 2012, crescimento de 27,3%.

"O medicamento é muito sensível ao acesso da população a isso", diz o economista Celio Hiratuka, professor-doutor da Faculdade de Economia da Unicamp. Ele lembra que é diferente o "desejo de consumo" por um determinado produto, como um novo computador, e a necessidade de comprar remédio. Mas ele lembra que há outros fatores que determinam o crescimento das farmacêuticas, como o investimento em novas tecnologias e estratégia comercial.

Dados da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) apontam que as vendas de medicamentos nas redes de drogarias e farmácias subiram 16,8% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, alcançando R$ 4,3 bilhões.

Os remédios e o PIB
Os números em crescimento contrastam, porém, com outros que a indústria espera reverter. Uma das reivindicações e esperança do setor é que o governo aumente a participação nos gastos em saúde, hoje na proporção de 4,2% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), de um total de 9%.

"Se a pessoa está empregada e sente uma dor de cabeça, ela vai à farmácia e compra um remédio. Mas se está sem emprego, entra no quarto escuro e espera a dor passar", afirma o presidente-executivo da entidade que representa a indústria farmacêutica, Nelson Mussolini.

Os medicamentos contra doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, são os carros-chefes da indústria, seguidos pelos remédios para a terceira idade e para tratar o câncer. São patologias comuns de outros países, onde o segmento industrial busca garantir a escalada de crescimento.

Alta do dólar
O mercado externo está na pauta da indústria farmacêutica não apenas pelas exportações, mas pela matéria-prima que vem de fora, na ordem de 90% do total. Com o dólar nas alturas, o impacto ainda não foi sentido. Segundo o Sindusfarma, as indústrias se adaptaram e em muitos casos estão "reduzindo a rentabilidade dos acionistas", já que o nível de emprego é mantido, assim como o preço dos remédios ao consumidor final, controlado pelo governo.

A posição da indústria farmacêutica brasileira no cenário internacional vai ganhar ainda mais destaque nos próximos anos, segundo projeção da IMS Health, entidade que mede o desempenho do setor. Em oito anos, o Brasil passou da 10ª para a 6ª posição no mercado farmacêutico mundial, entre 2003 e 2011. Para 2016, ano em que sediará as Olimpíadas, a previsão é que o país ocupará a 4ª colocação, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão.

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