sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cosme e Damião: quem foram estes santos?

Por Benito Pepe em 26/09/2013
Os gêmeos Cosme e Damião nasceram no século III por volta dos anos 260 d.C. na região da Arábia e viveram na Ásia Menor, no Oriente. Desde muito jovens ambos manifestaram um enorme talento para a medicina, profissão à qual se dedicaram após estudarem e diplomarem-se na Síria. Tornaram-se profissionais muito competentes e dignos, e foram trabalhar como médicos e missionários na Egéia.
Quando é comemorado o dia de São Cosme e Damião?
A Igreja Católica promulga que esses santos são protetores das crianças, dos gêmeos e padroeiros dos médicos. Tiveram seus nomes incluídos no cânon da missa e são invocados como protetores contra as doenças do corpo e da alma. Há uma basílica dedicada a eles, construída a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da basílica ocorreu num dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser festejados pela Igreja Católica nesta data.
A Umbanda e as religiões afro-brasileiras, entre elas: Cadomblé, batuque, Xangô do nordeste e xambá, celebram essa data no dia 27 de setembro. Mas é bom lembrar que nestas religiões não se trata de Cosme e Damião. Através do sincretismo religioso, muito forte no Brasil, as religiões Afro-brasileiras atribuem aos santos católicos Cosme e Damião os nomes de divindade ibejis – divindade gêmea da vida, protetor dos gêmeos (twins). Ou orixás-meninos (Ibejis ou Erês) da tradição africana Yorubá. Esse fato ocorreu a partir da escravidão no Brasil. Para burlar a vigilância de seus senhores, passaram a associar suas entidades aos santos católicos, é isso o que chamamos de sincretismo.
Um pequeno “histórico”!
Há relatos que dizem que Cosme e Damião não teriam existido e que seriam uma adaptação de alguns deuses da mitologia grega, no entanto esta tese é refutada pelos que acreditam na real existência dos santos gêmeos. É interessante também observar que estes santos são chamados por diversas “seitas” como se fossem oriundos do paganismo, ou seja, não cristãos. Essa observação é facilmente refutada tendo-se em vista que foi justamente por serem cristãos e estarem preocupados em converterem os pagãos, que Cosme e Damião foram perseguidos pelos romanos e martirizados.
Na época em que Cosme e Damião viveram era normal a população acreditar em várias divindades simultaneamente. Também era comum as pessoas adorarem astros e fenômenos da natureza. Sol, vento e chuva eram considerados manifestações divinas. Os “meninos”, porém, não confiavam muito nessa crença…
A mãe deles, Teodora, logo percebeu a movimentação e questionou o que estava acontecendo com os filhos. Os meninos eram órfãos de pai, um mercador árabe que morrera quando ainda eram bebês. Os meninos não tinham conhecimento sobre os ensinamentos do messias. Mesmo assim, os gêmeos passaram a invocar o nome desse “pai de todos” para curar animais. Como deu certo, eles começaram a fazer o mesmo com crianças doentes da vila onde moravam. Bastava um toque ou algumas palavras para que curassem os amigos. Criados pela mãe com ajuda da família, os gêmeos contaram a ela o que haviam descoberto. Carinhosa, Teodora prometeu ajudá-los a descobrir quem era o criador do mundo.
No Brasil, o culto aos santos teve início em 1535, quando foi erguida a primeira igreja católica do país, em Igarassu (PE), que recebeu o nome de São Cosme Damião.
No Rio de Janeiro há vários locais em que se fazem festas para as crianças e distribuem-se doces e brinquedos. Muitos o fazem com organização através de senhas (uma espécie de convite) que são entregues antecipadamente, outros distribuem os doces e/ou brinquedos em suas residências ou trabalhos solicitando a formação de uma fila. Há quem prefira distribuir de dentro do seu carro, vão passeando e encontrando-se com as crianças que estão pelas ruas, aí entregam os saquinhos de doces. Enfim, há uma quantidade imensa e diversificada de se distribuir ou organizar festas para as crianças nestes dias.
Na Bahia, principalmente em Salvador, seu dia é comemorado fazendo-se uma festa, doando-se doces, balas e presentes e o famoso caruru (comida típica baiana) às crianças carentes.
Cosme e Damião são muito cultuados não só pelo povo fluminense e baiano mas também em outros Estados do Brasil, como Pernambuco. Tendo suas promessas estendidas por sete anos é muito comum fazerem a festa da mesa onde sete crianças ou multiplos de sete (quatorze, vinte e um, etc) sentam-se ao redor de uma mesa farta para comer diversos tipos de doces, cajuzinhos, Maria-mole, doce de leite, etc e o famoso carurú e receberem presentes.
Eram médicos, mas não cobravam por seus atendimentos.
Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas, e decidiram atrair pessoas ao Senhor Deus através de seu serviço. Por isso, não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, e por esse motivo eram chamados de “anárgiros”, ou seja, “aqueles que são inimigos do dinheiro / que não são comprados por dinheiro”. A riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos perdidos, o que, a cada dia, conseguiam mais e mais. Seus corações ardiam por ganhar vidas, e nisto se envolveram através da prática da medicina. Inspirados pelo Espírito Santo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Confiando sempre no poder da oração, operaram verdadeiros milagres, pois em nome de Jesus curaram muitos doentes, vários desses à beira da morte. Cosme e Damião possuíam uma revelação clara do chamado que tinham como ministros do Evangelho, chamado que cumpriam no cotidiano da rotina profissional, ministrando Cristo através de seu trabalho.
Foram assassinados na época do império romano com a acusação de feitiçaria, pois operavam curas milagrosas e devido ao fato de não se prostrarem diante de outros deuses, o governo imperial ordenou a prisão dos dois médicos, acusados de acérrimos inimigos dos deuses pagãos. Foram jogados de um despenhadeiro. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência. Assim, morreram como mártires de Cristo em 303 d.C, aproximadamente.
Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Ao gêmeo Acta é atribuído o milagre da levitação e ao gêmeo Passio a tranquilidade da aceitação do seu martírio.
Como vimos são amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, nesses dias de setembro, quando crianças saem aos bandos pedindo doces e esmolas em nome dos santos.
Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé, em relação às representações de Cosme e Damião, é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7) anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Nas festas das tradições afro-brasileiras, enquanto as crianças se deliciam com a iguaria consagrada, os adultos ficam em volta entoando cânticos (oríns) aos orixás.
Como se pôde perceber é antagônico ver a total profanação dos Princípios Eternos pelos quais os gêmeos árabes morreram. Nunca Cosme de Damião deram-se aos ídolos e jamais praticaram magia ou ocultismo, embora tenham sido acusados de fazê-lo. E por isso foram presos e assassinados. Eles foram cristãos fiéis até o fim de suas vidas amaram a Deus sem medida e sem restrições manifestaram Jesus diariamente e assim, ganharam inúmeras almas ao Senhor, através do amor e da pregação.
Para finalizar termino com a oração atribuída a São Cosme e Damião:
São Cosme e Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes, abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal.
Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranqüila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração. Que a vossa proteção conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino do Céu”.
São Cosme e Damião, rogai por nós. Amém
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Abraços do Benito Pepe.
 
Artigo publicado originalmente no site http://www.benitopepe.com.br
 
*Benito Pepe é empresário, administrador, filósofo, astrônomo amador, colunista, palestrante, facilitador e professor. Com Pós graduações em: Administração Estratégica de Empresas; Marketing; Filosofia Antiga e Filosofia Contemporânea.
 
Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/cosme-e-damiao-quem-foram-estes-santos/

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