terça-feira, 11 de setembro de 2012

Aché busca aquisições fora do Brasil


 O laboratório nacional Aché vai levar adiante seu plano de internacionalização. "Estamos olhando com muito carinho empresas que tenham tecnologia farmacêutica diferenciada no mercado internacional", afirmou ao Valor José Ricardo Mendes da Silva, principal executivo do grupo.

Segundo o executivo, a companhia entende que tecnologia farmacêutica é importante para a diferenciação do Aché no futuro. "Explicamos para o BNDES que o caminho não é comprar bases comerciais, mas obter bases tecnológicas", disse. O Aché está analisando oportunidades no mercado para fazer aquisição total ou parcial de empresas com esse perfil.
No ano passado, o grupo esteve prestes a concluir uma joint venture com a inglesa GlaxoSmithKline (GSK) parecida com o modelo Supera RX, empresa criada pela Eurofarma e Cristália, que se associaram à americana MSD (Merck & Co.), para a comercialização de produtos maduros e inovadores das três farmacêuticas. O negócio não foi levado adiante, mas o Aché não desistiu dos planos de globalizar a companhia.

O laboratório nacional também chegou a olhar ativos na América Latina, mas os acionistas da companhia concluíram que não seria um bom negócio para a empresa. "A gente analisou muito uma aquisição no Peru no ano passado. Mas as bases de preços de produtos lá são baixas porque os requisitos regulatórios não são os mesmos que o do Brasil. Colocar uma base comercial não é adequado para nós."

A companhia decidiu fazer licenciamento de medicamentos. "Temos presença em doze países com produtos licenciados [na América Latina]. Nossas exportações estão crescendo nesses países. Procuro não exportar caixinha, quero licenciar marca. A marca é minha, um ativo meu lá fora. Eu ainda não tenho empresa no Chile, mas tenho um ativo lá, que é o Cordiaflan, o nosso Acheflan, com marca local. Estou construindo produtos, receitas, mas ainda não quero entrar comercialmente neles", disse.

Silva afirmou que o Aché tem um produto de pesquisa incremental patenteado, que está na primeira etapa em teste toxicológico. Sem dar detalhes da pesquisa em desenvolvimento pelo grupo, o executivo afirmou que uma eventual parceria com uma multinacional poderia tornar esse futuro medicamento global.

"A estratégia atual é discutir com multinacionais desenvolvimento conjunto de produtos patenteados, nos quais a molécula foi identificada pelo Aché e patenteada. Com um parceiro forte, com mais experiência, a ideia é licenciar o produto globalmente. E o Aché ficaria com o produto no país. Assim, obtenho o aprendizado de fazer isso, parceria em pequisa para desenvolvimento de produto sintético", disse.

Segundo Silva, o país não está ainda totalmente preparado para pesquisa clínica em suas diversas etapas para produtos inovadores. "Então, para [um grupo nacional] ganhar velocidade, estabelecer parcerias ajudaria muito a vencer essas dificuldades. Há poucas pesquisas de fase 1 no Brasil. A própria malha de pesquisa ainda está sendo estruturada para isso."

Com o foco em remédios de prescrição médica voltados para as áreas respiratória, cardiologia e sistema nervoso central (SNC), a farmacêutica também tem um importante portfólio de medicamentos genéricos e de isentos de prescrição (Mip). Em abril, o Aché criou uma nova divisão, a de dermocosmético, segmento no qual já atuava, mas que não estava separado como área de negócio. No ano passado, a companhia registrou faturamento líquido de R$ 1,4 bilhão, alta de 11% sobre o ano anterior, que ficou em R$ 1,26 bilhão. O lucro líquido foi de R$ 380,7 milhões, aumento de 15% sobre o ano anterior. A expectativa para este ano é avançar de 8% a 10% em receita líquida, sustentada pelos lançamentos e pela nova divisão de negócios do grupo.

Os planos de abertura de capital foram descartados por conta do cenário macroeconômico adverso. A farmacêutica não precisa de recursos no curto prazo, uma vez que tem capacidade de investimento para as necessidades atuais. A operação poderá ser retomada, quando o cenário voltar a ficar atraente.


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