Teófilo Fernandes 12/01/2015
A maior crise brasileira não
está e nunca esteve relacionada à economia, certamente a maior crise é
histórica, trata-se da crise moral, somos uma Nação enorme mas, sem cultura e
civismo, definitivamente não somos um povo sustentado em princípios éticos e
morais, não é culpa dessa geração, é o resultado de 500 anos de uma sociedade
formada sem princípios básicos necessários para transferir de geração para geração uma base moral, sem ela não há espaço para ética. Alguns educadores defendem
que ético é tudo aquilo que posso afirmar diante de todos como prática
individual justa e legal, é poder declarar para meus sucessores fielmente os
modos que justificam o meus resultados. Pode um profissional dizer aos seus
filhos que todo seu patrimônio foi formado por meios ilegais e acreditar que
preserva princípios éticos?
Não posso deixar de citar
uma das provas de crise moral: autoridades públicas a serviço da sociedade que
se caracterizam pela omissão de suas responsabilidades. Como pode um Ministro
da Justiça, assim como o presidente do CFM e o presidente da AMB, depois que a
imprensa denuncia para o mundo o escândalo das órteses e próteses que cirurgiões
colocam em pacientes sem necessidade, produtos com prazo de validade expirado,
reutilização de produtos, produtos de baixa qualidade, superfaturamento entre
outros absurdos falarem em punição, atitudes austeras, entre outras medidas?
Será que eles não sabiam? Claro que sabiam, eu um pobre mortal já ouvi muitos
relatos e artigos diversos como:http://cidadaniatransparencia.blogspot.com.br/2011/06/medicos-fazem-uso-excessivo-de-opme-sem.html, http://cidadaniatransparencia.blogspot.com.br/2011/04/industrias-farmaceuticas-tenta-reduzir.html; http://cidadaniatransparencia.blogspot.com.br/2011/03/nota-de-c-assunto-referente-konexx.html, entre tantos outros textos que denunciam tais abusos.
Tem especialidade que o
pagamento de comissões é quase unânime, raríssimos médicos não recebem, por
esta razão as empresas fornecedoras, na maioria o distribuidor, precificam seus
produtos já considerando a parte do médico, para que o paciente, o plano de
saúde ou o SUS pague a conta. Os pagamentos são feitos em dinheiro vivo, alguns
com até nota fiscal de prestação de serviços como consultoria médica, prática
muito comum no mundo político administrativo, são emitidas para que as empresas
possam fecharem suas contabilidades. A festa é grande há muitos anos, eu mesmo
já comento este assunto nesse blog a mais de 4 anos. Pacotes para congressos entre
outros presentes comuns à Indústria Farmacêutica para médicos prescreverem seus
produtos virou fichinha diante da Indústria de OPME. O escândalo é infinitamente
maior do que a Rede Globo publicou no Fantástico, aquilo foi só a ponta do iceberg.
Só para ter uma ideia, tem
médico que exige, por exemplo, 40% de todo valor que for cobrado de material
disponibilizado pelo representante (muitos deles ficam na sala de cirurgia com
o médico) e em contra partida se compromete com um número X de cirurgia dentro
de um determinado período. Tem médicos comprometidos por vários meses seguidos
ou até mesmo por um ano inteiro. O segredo está em: quanto de material o Sr.
vai utilizar nesse período? Dependendo do compromisso se negocia o percentual.
O valor é tão expressivo que não se justifica a omissão dos órgão fiscalizadores,
eles não terem percebido é injustificável, órgãos como o Ministério Público,
Ministério da Saúde, Polícia Federal, Receita Federal, etc. Estamos falando de
um mercado bilionário, porém difícil de se estimar em virtude da grande
sonegação de informações. Um artigo publicado por http://seguros-se.blogspot.com.br/2015/01/fenasaude-divulga-carta-aberta-sobre.html
nos confirma que a mais de 10 anos a Federação
Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde)
vem alertando as autoridades para este escândalo e nada foi feito, agora depois
que o Fantástico da Globo publicar para o mundo inteiro, todos posam de bons
moços a procura de culpados para punir. Não seriam eles cúmplices também?
Reafirmo, somos uma Nação
sem princípios éticos e morais vivendo uma grande crise.
Teófilo Fernandes
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