segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Exploração de caranguejos-ferradura nos EUA por indústrias farmacêuticas causa revolta


Por Robson Fernando de Souza em sábado, 6 de setembro de 2014 às 10:05 ·  comentário. Venha deixar o seu também  

Repercutiu essa semana no Brasil o caso da exploração de caranguejos-ferradura para fins medicinais e lucrativos. Postais como o Gizmodo divulgaram, ainda que num tom acrítico, que 250 mil animais dessa espécie são sequestrados do seu habitat – na costa leste dos EUA – todo ano, aprisionados em recintos de fornecedoras de matéria-prima farmacêutica e submetidos à remoção de parte do seu sangue para a produção de remédio.
Afirma-se que o sangue deles, de cor azul, contém uma substância capaz de, mesmo em concentração ínfima, detectar e isolar contaminações por bactérias. Por isso ela é usada em testes de equipamentos médicos e vacinas. Esses testes, chamados de LAL, alegamente têm evitado muitas mortes humanas por infecção, e são uma imposição vinda do governo dos EUA para a indústria de medicamentos e de implantes cirúrgicos.
O Gizmodo (o mesmo portal que havia divulgado a mentira de que a reação de uma dada espécie de planta a ondas sonoras era “má notícia” para os veganos) mostrou, mesmo sem um tom de denúncia, que essa exploração animal tem diminuído significativamente a população de caranguejos-ferradura na América do Norte. E a política bem-estarista de tomar 30% do sangue de cada animal e devolvê-lo ao habitat não tem impedido que entre 10 e 30% desses animais morram durante a coleta e a taxa de natalidade dessa espécie tenha diminuído por causa da exploração.
O portal revelou também que há um claro interesse econômico, longe de uma preocupação altruísta em salvar vidas humanas, em explorar esses animais. O litro do sangue roubado deles custa 15 mil dólares e alimenta, assim, uma indústria multimilionária de matérias-primas de fins medicinais.
Algumas pesquisas têm procurado criar uma versão sintética da substância tirada do sangue deles, mas ainda estão em fase preliminar.
Essa notícia tem causado revolta nos defensores dos Direitos Animais. Retrata fielmente o fato de que a indústria farmacêutica trata animais não humanos como máquinas de produção ou instrumentos de trabalho descartáveis, não como seres sencientes que querem continuar vivos e voltar para a liberdade.
Queremos acreditar que o movimento abolicionista estadunidense tem demandado de cientistas a dedicação no desenvolvimento de uma versão sintética ou um substituto ético dessa substância. De qualquer forma, fica escancarada mais uma faceta da exploração animal promovida pela indústria farmacêutica.

Autor dos blogs Consciencia.blog.br e Veganagente e do vlog Canal Veganagente. Articulista desde 2007, blogueiro desde 2008, vlogueiro desde 2011. Atualmente estuda Ciências Sociais na UFPE



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