quinta-feira, 15 de agosto de 2013

‘Financial Times’: Herbalife mantém ligação com esquema de pirâmide no Canadá

·         Jornal britânico afirma que gigante permitiu operação de associada dez anos após condenação
 
O GLOBO
Publicado:15/08/13 - 16h22

NOVA YORK - A gigante de vendas diretas Herbalife — de produtos de nutrição, controle de peso e cuidados pessoais — permitiu que uma empresa associada continuasse operando em sua rede por quase uma década, mesmo após as autoridades canadeneses afirmarem que a companhia funcionava sob o esquema de pirâmide, segundo investigação divulgada nesta quinta-feira pelo jornal britânico “Financial Times”. Em dezembro, Bill Ackman, fundador do fundo hedge Pershing Square, afirmou publicamente que a Herbalife é uma pirâmide e desde então a empresa tem se defendido da acusação.

De acordo com o “FT”, o histórico da empresa Online Business Systems (OBS) — que até este ano era especializada em recrutar vendedores para a Herbalife — levanta suspeitas sobre práticas aceitas pela gigante.

O jornal britânico afirma que a OBS é sucessora da Global Online Systems (GOS), que em 2004 foi considerada culpada pela corte federal canadenese por “esquema de venda em pirâmide”. Ainda segundo o diário, ambas as empresas faziam parte de um grupo para promover a Herbalife e ajudar a vender seu material de marketing e outros serviços, como leads (clientes já interessados, aguardando contato), a recrutas de vendas diretas.

O “FT” afirma que o julgamento de 2004 obrigou os diretores da GOS — Deborah Stoltz e sua irmã Marilyn Thom — a mudar as práticas da empresa, como divulgar a remuneração média de todos os participantes canadenses do esquema nos materiais de marketing. A informação sobre ganhos divulgada pela Herbalife a seus distribuidores canadenses incluía apenas o que era recebido por “líderes ativos”, que representam apenas 10% de todos os participantes.

Devido à condenação, destaca o “FT”, a GOS também tinha de notificar todos os clientes sobre a decisão judicial. No entanto, antes da decisão, em novembro de 2004, os clientes foram encorajados a ir para uma nova empresa, a OBS, dirigida por Nicole Dahl, filha de Deborah, e seu marido Shawn Dahl.

A investigação do “FT” encontrou arquivos on-line mostrando que sites operados pela GOS — como o www.4u4meletsdream.com — foram renomeados como sendo da OBS. Um site que encorajou os participantes da GOS a se registrarem na OBS em setembro de 2004 afirmava explicitamente que eles se manteriam na mesma rede: “Sua linhagem Herbalife continuará a mesma, apesar das mudanças para um novo sistema de marketing”.

Os que foram recrutados pela OBS tornaram-se parte da rede de vendedores Herbalife do casal Dahl e, em 2009, a dupla era listada entre os 50 maiores distribuidores da marca, integrando o “Chairman’s Club”. Deborah e a irmã Marilyn continuaram sendo proeminentes distribuidoras Herbalife, segundo o jornal.

Procurada pelo “FT”, a Herbalife informou que “suas 350 equipes globais de práticas de negócios de distribuição global e de verificação de cumprimento tomam medidas proativas, assim como de resposta, para identificar, pesquisar e lidar com cada infração de regras de distribuição da Herbalife e na aplicação da regulação e da lei”.

No início deste ano, destaca o jornal, a Herbalife tomou medidas para se distanciar da OBS, ao restringir o uso de seu material de marketing por seus distribuidores. Após a mudança, Deborah passou para uma empresa rival de venda direta. E a Herbalife proibiu totalmente a venda de leads por ou para seus distribuidores.

A OBS, o casal Dahl, Deborah e Marilyn não responderam aos pedidos de entrevista feitos pelo “FT”.

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