terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Medicação dada a grávidas pode prejudicar saúde do filho

30/01/2012 - 13:52

Um estudo da Universidade do Minho (UM) revela que uma medicação que é dada a grávidas pode desenvolver no filho ansiedade excessiva e depressão e afectar negativamente o comportamento sexual, caso seja do sexo masculino, avança a agência Lusa.

Segundo aquele estudo, que acaba de ser publicada na revista internacional Psychopharmacology, em causa está a exposição intrauterina a glucocorticóides (GC) sintéticos, substâncias utilizadas para acelerar a maturação pulmonar fetal e que são dadas a 10 por cento das grávidas.

“Apesar de estudos em animais e humanos apontarem para efeitos adversos a nível do crescimento do cérebro e outros órgãos em desenvolvimento, o recurso a várias doses persiste na prática clínica”, explica Mário Oliveira, investigador da UM.

O trabalho analisou o impacto da dexametasona (DEX), um tipo de GC sintético frequentemente utilizado neste âmbito, no desenvolvimento do jovem adulto e avaliou as consequências desta exposição pré-natal no comportamento sexual masculino, uma vez que a diferenciação sexual cerebral começa durante a fase final da gravidez.

Além do impacto ao nível da ansiedade, os dados da tese revelam também que a DEX pré-natal altera o comportamento relacionado com o medo na idade adulta.

Estes traços comportamentais correlacionam-se com uma desregulação do mecanismo de resposta ao stress e com alterações do volume de áreas cerebrais que são responsáveis pela modulação da ansiedade.

“A exposição a stress ou níveis elevados de GC durante etapas cruciais do desenvolvimento contribuem para o aparecimento de distúrbios neuropsiquiátricos, nomeadamente a ansiedade e a depressão. É reconhecido que eventos adversos durante fases precoces da vida podem moldar a saúde física e mental do adulto”, esclarece.

Relativamente à repercussão da DEX pré-natal na conduta sexual masculina, verifica-se “um impacto em comportamentos que traduzem uma redução da motivação sexual”.

O estudo mostra ainda que a utilização alternativa de GC naturais parece ter efeitos mais ténues, o que leva a acreditar numa possível “reavaliação” e “uso sensato” destas substâncias na prática clínica.


Doutorado em Medicina pela UM, Mário Oliveira especializou-se em Urologia.

Está a trabalhar na Unidade de Oncologia do Serviço de Urologia da Fundació Puigvert, em Barcelona.

É membro do Quadro Europeu em Urologia e da Associação Europeia de Urologia e Associação Portuguesa de Urologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário