Cientistas descobrem como melhorar antidepressivos
15/04/2011 - 12:56
Uma nova investigação com células-tronco humanas descobriu como os antidepressivos produzem novas células no cérebro, o que deve ajudar investigadores a desenvolver medicamentos mais eficientes para combater a depressão, avança o site HypeScience.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afecta cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo. Está entre as principais causas de incapacidade, e menos de 25% dos doentes têm acesso a tratamentos eficazes.
Algumas pesquisas recentes apontam que pacientes depressivos têm uma redução em um processo denominado neurogénese, o desenvolvimento de novas células cerebrais. Os cientistas acreditam que esta redução da neurogénese pode contribuir para os sintomas debilitantes da depressão psicológica, tais como desânimo ou memória prejudicada.
Estudos anteriores já haviam demonstrado que os antidepressivos tricíclicos, tais como os inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS) geravam novas células cerebrais, mas até agora os cientistas não sabiam exactamente como eles faziam isso.
O novo estudo descobriu que as drogas regulam o receptor de glicocorticóide (GR), uma proteína chave envolvida na resposta ao stress. Segundo os investigadores, todos os tipos de antidepressivo são dependentes de GR para criar novas células.
A partir dessa descoberta, os cientistas são capazes de usar um sistema de célula-tronco para modelar doenças psiquiátricas em laboratório, testar novos compostos e desenvolver drogas antidepressivas com alvos muito mais eficazes.
Durante a pesquisa, a equipa usou células-tronco do hipocampo, a fonte de novas células no cérebro humano, para investigar os efeitos dos antidepressivos em neurónios no laboratório.
Os cientistas trataram as células com Zoloft®, conhecido genericamente como sertralina, um ISRS usado para tratar a depressão. A classe ISRS também inclui o Prozac® da Eli Lilly e o Paxil®, da GlaxoSmithKline. Segundo os investigadores, uma nova classe de antidepressivos conhecidos como inibidores selectivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN), que incluem o Effexor® da Pfizer e o Cymbalta® da Eli Lilly, também funcionam.
Pela primeira vez num modelo clinicamente relevante, os investigadores foram capazes de mostrar que os antidepressivos produzem mais células-tronco e aceleraram o seu desenvolvimento nas células do cérebro adulto. Os cientistas descobriram que uma proteína específica da célula, os receptores de glicocorticóides, é essencial para que isso ocorra. Os antidepressivos activam a proteína, que liga os genes particulares que transformam células-tronco adultas em células cerebrais adultas.
Segundo os cientistas, pode levar algum tempo até novos tipos de antidepressivos serem desenvolvidos para a fase de testes em pacientes, mas como as empresas farmacêuticas já têm por onde começar, isso pode acontecer dentro de cinco anos
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