Consumidor precisa se cadastrar nos programas
das empresas
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/laboratorios-dao-descontos-de-ate-68-em-medicamentos-7931168#ixzz2OVyRlCRH
Colaborou Andrea Freitas
Publicado:23/03/13 - 17h52.
Grandes laboratórios farmacêuticos oferecem descontos de 20% a 68% sobre
os preços de alguns medicamentos, sobretudo aqueles de uso contínuo que
costumam ser os mais caros. É o caso por exemplo, do Lipitor 20mg, da Pfizer,
que custa R$ 171,84 a caixa com 30 comprimidos e pode ser comprado por R$
54,99, ou do Exelon, da Novartis, cujo valor pode passar de R$ 515 para R$
262,65. Embora a prioridade dos programas sejam os remédios para doenças
crônicas, é possível encontrar também produtos de uso mais corriqueiro, como o
Cataflam, anticoncepcionais e até medicamentos contra impotência, como Viagra e
Cialis.
Para ter direito aos descontos, os consumidores precisam se cadastrar em
programas de apoio à saúde mantidos pelos laboratórios. Mas muita gente nem
sabe que eles existem. O acesso aos programas é simples. Não há nenhum critério
de renda, idade ou mesmo tipo de doença. A única exigência das empresas é que o
paciente tenha uma receita médica. E são unânimes em afirmar que o principal
objetivo desses programas é garantir a continuidade dos tratamentos e
disseminar informações sobre saúde.
— O paciente é uma montanha-russa. No caso do colesterol, por exemplo,
ele começa a tomar o remédio, faz novos exames, a taxa baixa e ele interrompe.
E, como é uma doença sem sintomas, pouco tempo depois, ele está com os níveis
altos de novo. Com o programa, observamos que o tempo médio de tratamento
passou de três para seis meses — diz Vagner Pin, diretor Comercial e de
Desenvolvimento de Negócios da Pfizer, que já cadastrou mais de um milhão de
pessoas em dois programas, o primeiro iniciado em 2006.
O sistema dos laboratórios funciona assim: a pessoa entra no site ou
liga para um Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), faz o cadastro,
informa o CRM do médico que prescreveu o remédio e verifica se o produto está
na lista dos que têm desconto. Se estiver, verifica as farmácias credenciadas
e, depois, é só ir a uma delas, com receita médica, identidade ou número de
inscrição no programa e comprar o remédio.
Propaganda dos descontos é proibida
A parte mais complicada é saber quais são os medicamentos cobertos pelos
descontos. Os laboratórios não podem fazer uma divulgação ostensiva dos
produtos com redução de preço, sob pena se serem punidos pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão que regula o setor. “A propaganda de
medicamentos sujeitos à prescrição médica para o público leigo é vedada pela
Lei 9294/96. Mesmo a propaganda indireta, como merchandising, por exemplo, é
vedada pela legislação”, informou a Anvisa, em nota, ao ser consultada sobre os
programas.
Na maior parte das farmácias, mesmos as credenciadas, também não há
informações sobre os programas e o desconto só é dado quando o cliente já chega
cadastrado. Outra fonte de informação para os pacientes são os médicos, mas o
Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) condena a prática.
— Não é papel do médico indicar que o medicamento tem desconto. Por mais
que seja um benefício para o paciente, isso colocaria o médico numa situação,
no mínimo, desconfortável. Afinal, se o laboratório pode cobrar R$ 200 de quem
se cadastrou no site, por que precisa cobrar R$ 300 dos outros? — indaga Márcia
Rosa Araújo, presidente do Cremerj.
O executivo da Pfizer rebate:
— Quando uma pessoa se cadastra no programa, ela recebe uma série de
informações sobre a própria saúde, empenha-se no tratamento e é nisso que as
empresas fazem um investimento.
Polêmicas à parte, para o consumidor é vantajoso investigar se o remédio
que tem que usar é alvo de desconto. Foi o que fez a empresária Adejaci
Ribeiro. Aos 65 anos, hipertensa, ela toma cinco medicamentos de uso contínuo
que, pelo valor de tabela, sairiam por R$ 486,92 por mês.
— É um gasto de mais de meio salário mínimo — reclama.
Por isso, inscreveu-se em dois programas. O Onglyza de 5mg, para
diabetes, passou de R$ 208,71para R$ 99,66, queda de 52%. Já o Lipitor de 10mg
baixou de R$ 141,84 para R$ 55,31, 61% menos. Só com estes dois, ela deixou de
gastar R$ 195,58 por mês, ou R$ 2.346,96 por ano.
E a busca de economia ficará ainda mais necessária, já que depois do dia
31, haverá o reajuste anual dos medicamentos. O percentual não foi fixado.
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Nota de C&T:
Até aqui nenhuma novidade, faz anos que as Indústrias Farmacêuticas
oferecem descontos e outros benefícios, aliás, o tema correto é só benefícios,
nada de descontos, este termo pode trazer problemas éticos ferindo relações de compliances. Não há divulgação
direta, mas indireta existe e em grande quantidade. Durante tempos milhares de
médicos receberam cartões provisórios que entregavam aos pacientes em mãos, até
aí nada demais, pelo contrário, pacientes devidamente documentados com uma
prescrição médica tinham em mãos tais cartões orientados na maioria das vezes
pelos seus médicos de confiança. E exigência da ANVISA de proibir envolvimentos
de médicos nestes programas é um exagero, uma falta do que fazer, um desserviço
a sociedade, pura hipocrisia. O pior é deixar o paciente nas mãos dos
competentes operadores de marketing, excluindo o médico desta relação. A propaganda
chega de qualquer forma ao conhecimento dos pacientes, muitas vezes errada.
Não seria melhor a ANVISA através de sua câmara especializada identificar
as razões pelas quais as Indústrias oferecem tantos descontos, sem limites de
quantidades e tempo de uso de seus produtos envolvidos nos programas? Qual é a justificativa
da Indústria lutar por aumentos anuais em média de 6% e oferecer descontos de
até 68% para o consumidor final?Imaginem todos os custos embutidos e mesmo com
estes descontos para os consumidores estes produtos ainda dão lucros.
Quanto aos reais interesses das Indústrias com estes programas
poderemos discutir em outra oportunidade, podendo inclusive ser nos comentários.
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