quarta-feira, 20 de março de 2013

Eduardo Campos critica velhas práticas políticas no país e defende renovação

 

Eduardo Campos participa de jogo de vôlei com portadores
 de necessidades especiais Hans von Manteuffel / Agência
 O Globo 
Um dia após a posse dos novos ministros de Dilma, governador de PE volta a afirmar que é possível fazer ‘muito mais’
 
Leticia Lins (Email · Facebook · Twitter)
 
RECIFE — Depois do périplo por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, na semana passada - onde se reuniu com políticos, autoridades do governo e empresários, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), criticou neste domingo os “velhos pactos políticos’ no Brasil, um dia após a posse dos novos ministros do governo Dilma nomeados já por conta dos acordos para as eleições de 2014. O governador declarou que os velhos pactos políticos já não servem para promover mudanças no país, e defendeu que o que o Brasil precisa é de renovação. Ele voltou a insistir, que é possível o governo " fazer muito mais" e cobrou a reforma tributária, ressaltando que o modelo brasileiro é um dos piores da América Latina. Campos criticou ainda as desonerações adotadas para movimentar a economia que, segundo o socialista, começam a dar sinais de esgotamento.
- O pacto político, ao meu ver, que vai ser capaz de fazer as mudanças continuarem, acelerarem, não será conservador, com as velhas políticas, com aquilo que incomoda a sociedade brasileira. O prazo (para consumá-lo) acho até que está passando, porque a gente precisa dessa renovação, mas não é possível dizer em qual data ela vai se dar. Eu já sinto os sinais do processo de renovação. Vi isso aqui em Pernambuco, fiz parte desse processo de renovação — disse o governador do PSB, partido que conseguiu acabar com hegemonia de doze anos do PT frente à prefeitura da capital.
De roupa esporte e calçando tênis, o governador, Campos, um dos prováveis candidatos à Presidência em 2014, testou a popularidade na Praia de Boa Viagem, em Recife, após a cerimônia de lançamento do programa "Praia sem Barreiras", programa de governo destinado a dar às pessoas com problemas de locomoção acesso à praia. Ele distribuiu abraços, apertos de mão e atendeu a todos os pedidos de banhistas, posando para fotografias ao lado deles. Por fim, ainda jogou vôlei sentado na areia da praia por quase quinze minutos, para testar a quadra construída para atender a pessoas que portadoras de necessidades especiais. Com a rede baixinha, jogou com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), e com pessoas com dificuldades motoras, ficando no mesmo nível delas: sentado no chão. Ao final da partida, comemorou:
- Estou jogando melhor sentado do que em pé — brincou, ressaltando, sempre, que não está em campanha.
O socialista afirmou que vai continuar discutindo o país, que enxerga sob perspectiva muito otimista, apesar das dificuldades econômicas:
- Vi uma dose grande de pessimismo nas perguntas no debate que participei em São Paulo. Eu disse que sou um otimista, que nos últimos anos se fez muito. Mas também disse que pode ser feito mais. No dia que a gente achar que não pode fazer mais, a gente se entrega 'às circunstâncias, às desigualdades que estão aí, às deficiências que ainda existem e são muitas na vida brasileira. Precisamos fazer mais sim. Até porque tivemos dois anos muito duros para o Brasil, 2011 e 2012, e precisamos ganhar 2013. Infelizmente o debate eleitoral foi antecipado e aí, tudo que a gente disser, sempre se puxa para a questão eleitoral. É um direito que se puxe para a questão eleitoral, como é um direito meu continuar discutindo o Brasil, mesmo sem o viés eleitoral.
Para Campos, até a presidente Dilma Rousseff deve reconhecer que é preciso fazer mais.
— Com o espírito público que ela tem, provavelmente deseja fazer mais. A cidadania quer mais, essa é a questão.
Eduardo cobrou uma reforma tributária e salientou que o sistema tributário brasileiro é um dos piores da América Latina. Reconheceu as desonerações fiscais como importantes, para movimentar a economia, mas as comparou a um remédio que, de tanto ser repetido termina sem fazer efeito no organismo:
- Ultimamente, estamos fazendo desonerações tributárias muito pontuais, que são importantes para determinados setores. Mas acho que os efeitos dessa desoneração sobre a economia já demonstraram que elas, a cada dia que passa, são muito limitadas. É como se você já tivesse acostumado o organismo com determinado tipo de medicamento e determinada dose — reclamou.
Para o socialista, no entanto, as desonerações devem ser ampliadas:
— A gente precisa fazer reduções tributárias mais lineares, transversais, ao conjunto da economia. Tudo que tiver espaço fiscal para a desoneração, a gente precisa fazer.
O programa “Praia sem Barreiras”, lançado hoje por Campos, é um conjunto de iniciativas destinado a facilitar o acesso de cadeirantes ao banho de mar. Implantada com sucesso no arquipélago de Fernando de Noronha, o programa foi inaugurado neste domingo na capital e será estendido, também, à cidade de Olinda e a Porto de Galinhas, principal destino turístico do litoral sul do estado. O Praia sem Barreiras tem rampa de acesso à areia, tendas na areia com 21 monitores e seis cadeiras anfíbias. Conta, ainda, com quadra para prática de vôlei. Aos sábados e domingos, cadeirantes contarão com transporte gratuito para levá-los à praia, depois de devidamente cadastrados e do passeio agendado. Recordista mundial de lançamento de disco e com cerca de 20 premiações internacionais, a para-atleta Suely Guimarães era só comemoração:
— A limitação fica na cabeça das pessoas. O que a gente tem que fazer é se adaptar. Eu já vinha à praia, mas agora, posso fazer isso sem necessidade de me sujar na areia — disse.
Aos 52, Mércia Correia de Araújo só conseguia ir à praia carregada, com a ajuda de parentes.
— O sistema é válido demais, tenho mais liberdade para tomar meu banho de mar — disse.
Ela teve poliomelite quando criança e atua como professora voluntária em entidades que abrigam crianças portadoras de necessidades especiais. Segundo o Secretário de Turismo de pernambuco, Alberto Feitosa, Boa Viagem foi a primeira praia escolhida na região metropolitana, por concentrar 90 por cento dos hotéis da capital.

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