Laboratórios apostam em remédios
de ponta para driblar prejuízos com perda de patentes
Brasil
Econômico
- Claudia
Bredarioli*
Medicina
de precisão, medicamentos de ponta para tratar as doenças da modernidade e
vários milhões de dólares em investimentos para desenvolver remédios cada vez
mais específicos para um tratamento quase individual dos pacientes formam o
cotidiano das indústrias farmacêuticas da Costa Oeste dos Estados Unidos.
Reunidos
em um ambiente de alta tecnologia — cercadas de universidades, com grande
oferta de pesquisadores e disponibilidade de verba para apostar em inovação —,
esses laboratórios assumem diariamente uma acirrada disputa pelos bilhões
movimentados em todo o mundo no mercado de produtos farmacêuticos.
Não
que várias dessas empresas abram mão de apostar também em medicamentos
genéricos e remédios de consumo em massa, mas passaram a ter novas abordagens em
sua estrutura de negócios depois de amargarem grandes prejuízos com os
vencimentos de exclusividade de uso de patentes que recentemente obrigaram os
laboratórios farmacêuticos a procurarem novos caminhos para manter os lucros em
torno de suas operações bilionárias.
Para
isso, gigantes como a Pfizer chegam a investir anualmente cerca de US$ 7
bilhões por ano no desenvolvimento de novos medicamentos. Esforços assim
resultaram em 78 projetos de pesquisa em processo (dos quais o Brasil participa
de 59% dos estudos) atualmente, sendo que sete já estão em fase final de
registro em agências regulatórias — e também contribuíram para que a companhia
registrasse faturamento global de US$ 59 bilhões em 2012, dentro dos quais o
Brasil teve participação de R$ 4,6 bilhões.
“Temos
a missão de ser a melhor indústria farmacêutica em inovação, avançando com o
foco em doenças que ainda não têm tratamento. O caminho da medicina de precisão
é encontrar as drogas certas para os pacientes certos”, diz Valerie Fantim,
vice-presidente da Pfizer na área de oncologia e biologia de tumores.
Além
da oncologia,entre as pesquisas de ponta na área de vacinas profiláticas e
terapêuticas que são desenvolvidas na Califórnia, há inovações futuras em asma,
rinite alérgica grave, cessação do tabagismo, câncer, doenças infecciosas,
cardiovasculares e neurodegenerativas. Só no tratamento da alergia asmática, a
companhia calcula que haja atualmente um potencial de 300 milhões de pacientes
no mundo, que poderão chegar a 400 milhões até 2025.
Takeda
Outro grande laboratório, o japonês Takeda tem apostado especialmente em novas drogas para câncer e diabetes, com produtos já em fase final de aprovação. No Brasil, por exemplo, a Takeda prevê que até 2014 esteja disponível no mercado uma droga para tratamento de diabetes para ingestão oral — o que seria um diferencial em relação aos demais medicamentos injetáveis disponíveis hoje no mercado.
Outro grande laboratório, o japonês Takeda tem apostado especialmente em novas drogas para câncer e diabetes, com produtos já em fase final de aprovação. No Brasil, por exemplo, a Takeda prevê que até 2014 esteja disponível no mercado uma droga para tratamento de diabetes para ingestão oral — o que seria um diferencial em relação aos demais medicamentos injetáveis disponíveis hoje no mercado.
A
Takeda investe anualmente cerca de US$ 3,5 bilhões em pesquisa e tem 42 novos
medicamentos em seu pipeline — em diferentes fases de estudo para chegarem ao
mercado a partir de 2014. “Países emergentes com mercado em crescimento como o
Brasil vão se fortalecer como alvo de nossas ações”, diz Keith Wilson,
presidente da Takeda em San Diego.
Na
Amgen, que tem se focado no desenvolvimento de moléculas com mecanismos de ação
únicos, os planos de atuação em pesquisa no Brasil ganharam fôlego em razão do
apoio do governo em programas voltados à pesquisa e desenvolvimento como o
Ciência sem Fronteiras.
“O
Brasil vai continuar crescendo dentro da área de pesquisas avançadas e o apoio
do governo sem dúvida contribuiu muito nesse processo”, diz Laura Hamill,
vice-presidente da companhia responsável por América Latina, Canadá, Austrália
e Nova Zelândia. Na Califórnia, a companhia desenvolve estudos avançados em
câncer de ovário, melanoma, doenças cardiovasculares, osteosporose, psoríase e
asma.
Já
na Shire, que atua especialmente na área de doenças raras, o foco em
especialidades e no caráter individual do tratamento fica ainda mais evidente.
Atuando no Brasil com o tratamento de doenças que somam entre 300 e 400
pacientes, a companhia tem se empenhado no desenvolvimento de tecnologias com o
uso de células humanas.
“No
futuro, poderemos utilizar essa tecnologia em outras doenças genéticas porque
trabalhamos com proteínas que não são identificadas como estranhas pelo corpo
humano”, afirma Cláudio Santos, presidente da companhia no Brasil.
*
Viajou a San Diego (EUA) a convite da Interfarma
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