05/03/2013 - 08:59
Revista Mente e Cérebro, de março, mostra
publicações científicas que desmitificam a maioria dos temores a respeito da
cannabis sativa.
A revista Mente e Cérebro, da Duetto
Editorial, de março, traz o “Especial Maconha” que revela os novos estudos que
comprovam as propriedades medicinais da Cannabis sativa, além da “onda”
norte-americana de legalização e a desmitificação em torno de transtornos.
Há décadas, a maconha vem sendo estudada por
pesquisadores de diversos países. Várias verdades e boatos existem sobre a
planta. A começar pela ampla repercussão de pesquisas que sugerem relações
entre uso da droga e desencadeamento de sintomas psicóticos, como a
esquizofrenia.
Segundo a publicação da Duetto Editorial, na
última década periódicos publicaram resultados que não apenas desmitificam a
maioria dos temores a respeito da maconha como mostram que alguns de seus
psicoativos podem ser aproveitados pela medicina.
A maconha para o bem -É comprovado que a
maconha pode trazer vários benefícios. A administração de Cannabis sativa em
pacientes com glaucoma ajuda a reduzir a pressão ocular que pode levar à perda
de visão. Também auxilia no alívio da dor crônica, combate náuseas e vômitos em
pacientes que enfrentam quimioterapia contra o câncer e ajuda a estimular o apetite
em pessoas que têm o vírus HIV.
Alguns países já regularizaram seu uso,
principalmente com fins terapêuticos. Nos Estados Unidos, o uso medicinal já é
permitido em 18 estados e no distrito de Columbia, e mais alguns consideram
mudar a legislação. No fim de 2012 os estados de Colorado e Washington
legalizaram o porte de pequenas quantidades de maconha (até 28 gramas) e o
cultivo para consumo próprio.
No ano passado, o vizinho do Brasil, o
Uruguai, anunciou um plano de legalização da maconha, com controle estatal da
produção, da distribuição e da venda da planta, além de autorizar o cultivo
para uso pessoal. Essas medidas têm o objetivo de combater o narcotráfico na
região, diminuir os índices de violência e funcionar como estratégia de redução
de danos, isto é, usar o comércio regulamentado de maconha para evitar o
consumo de drogas ilícitas potencialmente mais nocivas. Para isso, o projeto de
lei, que está em trâmite no parlamento uruguaio, prevê a criação do Instituto
Nacional da Cannabis (INCA) para atuar como órgão regulador.
Polêmicas da erva -Outra questão polêmica é o
falso lugar-comum de que a maconha é uma “porta de entrada” para outras drogas.
Muitos estudos mostram que a maioria das pessoas que utiliza outras drogas
ilícitas também já usou maconha. No entanto, a maioria esmagadora de usuários
de drogas como cocaína e crack afirma que a primeira substância que
experimentou não foi maconha, mas bebida alcoólica ou cigarro de tabaco.
Vicia ou não vicia? Segundo o “Especial
Maconha”, da revista Mente e Cérebro, de março, no Brasil, 1,5 milhão de
pessoas usa Cannabis diariamente. Os dados são do Levantamento Nacional de
Álcool e Drogas (Lenad), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para
Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad), divulgado em 2012.
Porém, essas pessoas são dependentes? Na
bíblia da saúde mental, o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM), o diagnóstico de dependência da Cannabis sativa requer que uma
pessoa atenda ao menos três de sete critérios (listados no quadro abaixo). Uma
quantidade significativa de estudos revela que a porcentagem de usuários de
fato dependente é baixa.
Riscos da Cannabis -Em janeiro, o The Journal
of the American Medical Association (JAMA) publicou um estudo feito com mais de
5 mil homens e mulheres dos Estados Unidos, que investigou o impacto do uso da
maconha por 20 anos sobre o sistema respiratório.
Os resultados revelaram que o consumo
moderado de cigarros de Cannabis (um por dia por até sete anos) não prejudica a
função pulmonar – ao contrário do tabaco, que, nessa mesma quantidade, tem
consequências adversas significativas. Surpreendentemente, o uso ocasional da
planta foi associado à melhora da função pulmonar. Porém, o consumo regular por
longos períodos (mais de dez anos de uso diário) foi relacionado a um ligeiro
declínio da capacidade dos pulmões.
Maconha é ilegal -No contexto sociopolítico
atual, a maconha é ilegal na maioria dos países, logo é necessário ter
consciência de que, até que sejam revistas, seu comércio estará atrelado à
violência intrínseca ao sistema de tráfico de drogas, que impacta toda a
sociedade.
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