Decisão sobre medicamentos para emagrecer no Brasil é adiada
O destino da sibutramina, um dos medicamentos mais prescritos no Brasil para o combate à obesidade, não tem prazo para ser definido. Após seis horas de audiência pública, convocada na quarta-feira devido à proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (Anvisa) de banir os medicamentos para emagrecer, membros de sociedades médicas, da Indústria Farmacêutica e outros representantes mostraram-se contrários à opinião da entidade reguladora, avança a Revista Veja.
Por isso, a proibição, programada para o início de Março, deverá ser suspenso, avançou Dirceu Barbano, director da agência. "A directoria tomará a decisão quando tiver segurança", disse. "As informações contraditórias precisam encontrar-se", completou, referindo-se à posição de sociedades contrárias ao veto.
A Anvisa quer banir o registo de quatro substâncias para emagrecer: a sibutramina e os fármacos considerados anorexígenos anfetamínicos – como anfepramona, femproporex e mazindol. A partir de um relatório de 90 páginas, a equipa técnica da Anvisa argumenta que o medicamento traz mais riscos que benefícios. A Anvisa baseia-se nos resultados do Scout, um estudo realizado com 10.000 pessoas com mais de 55 anos, durante seis anos. O estudo revelou que o uso da droga aumentava em 16% as probabilidades de risco cardiovascular.
Os médicos admitem que esses fármacos acarretam riscos — como qualquer medicamento, aliás. Mas alegam que, ao optar pela proibição, a Anvisa confunde efeitos secundários com contra-indicações específicas a determinados grupos de doentes. Ou seja: é possível controlar os riscos a partir do acompanhamento do histórico e da evolução dos doentes.
Durante a audiência, a posição da Anvisa foi contestada pelos médicos presentes. Durante cerca de dez minutos, Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, defendeu a continuidade desses medicamentos no mercado. Um dos principais argumentos apresentados foi que o Scout, que foi a base da proibição da sibutramina pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), foi baseado em dados de doentes que já apresentavam riscos de problemas cardiovasculares e diabetes – facto que impediria a indicação do medicamento, segundo a bula.
“Em vez de retirar do mercado, é preciso fiscalizar a prescrição incorrecta”, disse. "O tratamento tem que se iniciar sempre por modificações no estilo de vida, mas nem todas as pessoas conseguem aderir a um programa como esse. Nesse caso, a farmacoterapia é uma das iniciativas", ressaltou.
Os médicos expuseram a preocupação com o que aconteceria com pessoas que já beneficiam do uso do medicamento e com aquelas que nem poderão utilizar, devido à possível proibição. "Pelo bem dos obesos, que os fármacos sejam mantidos, mas que a Anvisa exerça um rigoroso controlo sobre a venda", afirmou Henrique Suplicy, da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Outro argumento, amplamente defendido, foi o possível crescimento do mercado paralelo e o contrabando de medicamentos.
No fim da audiência, Maria Eugênia Cury, da Anvisa, disse que todos os argumentos propostos seriam considerados. “É verdade que o Brasil tem uma realidade própria, mas precisamos estar atentos ao que acontece nos processos regulamentares de outros países”, disse. “Retirar medicamentos do mercado não é uma situação simplista, não é fácil. Precisamos aprofundar sobre isso”, concluiu.
Por isso, a proibição, programada para o início de Março, deverá ser suspenso, avançou Dirceu Barbano, director da agência. "A directoria tomará a decisão quando tiver segurança", disse. "As informações contraditórias precisam encontrar-se", completou, referindo-se à posição de sociedades contrárias ao veto.
A Anvisa quer banir o registo de quatro substâncias para emagrecer: a sibutramina e os fármacos considerados anorexígenos anfetamínicos – como anfepramona, femproporex e mazindol. A partir de um relatório de 90 páginas, a equipa técnica da Anvisa argumenta que o medicamento traz mais riscos que benefícios. A Anvisa baseia-se nos resultados do Scout, um estudo realizado com 10.000 pessoas com mais de 55 anos, durante seis anos. O estudo revelou que o uso da droga aumentava em 16% as probabilidades de risco cardiovascular.
Os médicos admitem que esses fármacos acarretam riscos — como qualquer medicamento, aliás. Mas alegam que, ao optar pela proibição, a Anvisa confunde efeitos secundários com contra-indicações específicas a determinados grupos de doentes. Ou seja: é possível controlar os riscos a partir do acompanhamento do histórico e da evolução dos doentes.
Durante a audiência, a posição da Anvisa foi contestada pelos médicos presentes. Durante cerca de dez minutos, Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, defendeu a continuidade desses medicamentos no mercado. Um dos principais argumentos apresentados foi que o Scout, que foi a base da proibição da sibutramina pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), foi baseado em dados de doentes que já apresentavam riscos de problemas cardiovasculares e diabetes – facto que impediria a indicação do medicamento, segundo a bula.
“Em vez de retirar do mercado, é preciso fiscalizar a prescrição incorrecta”, disse. "O tratamento tem que se iniciar sempre por modificações no estilo de vida, mas nem todas as pessoas conseguem aderir a um programa como esse. Nesse caso, a farmacoterapia é uma das iniciativas", ressaltou.
Os médicos expuseram a preocupação com o que aconteceria com pessoas que já beneficiam do uso do medicamento e com aquelas que nem poderão utilizar, devido à possível proibição. "Pelo bem dos obesos, que os fármacos sejam mantidos, mas que a Anvisa exerça um rigoroso controlo sobre a venda", afirmou Henrique Suplicy, da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Outro argumento, amplamente defendido, foi o possível crescimento do mercado paralelo e o contrabando de medicamentos.
No fim da audiência, Maria Eugênia Cury, da Anvisa, disse que todos os argumentos propostos seriam considerados. “É verdade que o Brasil tem uma realidade própria, mas precisamos estar atentos ao que acontece nos processos regulamentares de outros países”, disse. “Retirar medicamentos do mercado não é uma situação simplista, não é fácil. Precisamos aprofundar sobre isso”, concluiu.
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