(Portugal) - Urgências por aborto clandestino caíram 80% depois da lei
Fonte: http://www.rcmpharma.com/actualidade/saude/urgencias-por-aborto-clandestino-cairam-80-depois-da-lei_234
27/05/2011 - 14:39
De acordo com dados da Direcção-geral de Saúde
Para perceber eventuais lacunas na actual lei do aborto, o director-geral da Saúde Francisco George remeteu quinta-feira o jornal i para o microsite do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva. No site, estão disponíveis os relatórios sobre interrupções de gravidez, com dados de 2007 a 2010 e "considerações finais". Nenhuma passa por rever a lei, mas por mais informação e aconselhamento, em especial nas comunidades de imigrantes. Antes da liberalização, estimavam-se 20 mil interrupções por ano. "Depois da entrada em vigor da lei nunca ultrapassaram este valor", diz o último relatório da DGS.
Em 2010 houve a primeira quebra: menos 412 interrupções para um total de 19 436, 97% por opção da mulher e as restantes por perigo de vida, má formação ou situações de ofensa sexual.
Luís Graça, director do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, disse ao i que "os ganhos em saúde são evidentes", a começar pela dimunição das urgências decorrentes de abortos clandestinos. No seu hospital eram 18 a 20 por mês e hoje são duas, uma quebra de mais de 80% testemunhada noutros serviços, conta. Rejeita também a ideia de que a lei pode ter ido demasiado longe, como sugeriu Passos Coelho.
"A maior parte dos países europeus permite o aborto até às 12 semanas." A revisão da lei foi proposta em 2010 pela Federação Portuguesa pela Vida, que associa à liberalização "comportamentos compulsivos de irresponsabilidade" e denuncia um gasto de 100 milhões de euros desde 2007.
Para Graça, a única revisão oportuna, tendo em conta até as finanças nacionais, seria o fim da isenção de taxas moderadoras no aborto por opção da mulher. "A gratuidade faz com que um acto médico seja desvalorizado". O pagamento seria apenas simbólico, uma vez que os abortos realizado no SNS, a maioria, custam 341 euros no caso de interrupção medicamentosa e 444 euros se for necessária cirurgia.
Já penalizar a reincidência, diz ao i, não faz sentido. "A resposta deve passar por uma melhor educação sexual e contracepção", defende. Aqui, concorda a DGS, a aplicação da lei ainda falha. A interrupção pressupõe a comparência numa consulta de planeamento familiar "mas apenas 35% das mulheres aparecem", lamenta Graça
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