Estudos evidenciam a eficácia do Remicade® no tratamento de doentes com colite ulcerosa
06/05/2011 - 09:50
Os doentes com colite ulcerosa moderada a grave em falência aos corticosteróides estão mais próximos de alcançar remissão livre de corticóides se receberem uma terapêutica combinada de infliximab (Remicade®®) com azatioprina (AZA), do que aqueles que receberam tratamento com apenas um dos fármacos. Esta conclusão resulta de um estudo levado a cabo nos últimos cinco anos em diversos centros de investigação e hospitalares do espaço europeu, incluindo Portugal, onde desde há cinco anos o Remicade®® tem utilização autorizada no tratamento desta doença, avança comunicado de imprensa.
Um estudo recente, apresentado por ocasião do 6º Congresso da Organização Europeia da Doença de Crohn e Colite, e referido no Simpósio Científico “Remicade® - cinco anos na colite ulcerosa”, promovido pela MSD, no final de Abril, no Porto, demonstrou ainda que quase o dobro dos doentes tratados com uma estratégia terapêutica com Remicade® + azatioprina alcançou resposta clínica e cicatrização da mucosa em comparação com aqueles que foram tratados apenas com azatriopina.
Silvio Danese, do Istituto Clinico Humanitas, de Milão, Itália, e um dos oradores internacionais do Simpósio Científico, procedeu a um levantamento das experiências efectuadas nos últimos cinco anos com a utilização de biológicos (infliximab) no tratamento da colite ulcerosa e concluiu que alguns dos mitos ainda prevalecentes não têm qualquer sustentação científica.
Segundo Silvio Danese, o primeiro mito diz que “a Colite Ulcerosa é uma doença curável por cirurgia”. O investigador italiano apresenta resultados de um estudo efectuado com 294 doentes com colite ulcerosa que mostra que em 73% dos casos, “os doentes procuram evitar a cirurgia. Ou seja, aquela afirmação traduz um optimismo não realista”.
O segundo mito questiona o tratamento a longo prazo para doentes com colite ulcerosa com manifestações irregulares no tempo. Para rebater esta ideia, Danese apresenta resultados de estudos que evidenciam que a maioria dos doentes com colite ulcerosa “têm recaídas crónicas frequentes, pelo que o tratamento a longo prazo é plenamente justificado e recomendado”.
Aos que afirmam que na prática clínica o Inlfiximab é menos eficaz na colite ulcerosa comparativamente à doença de Crohn, o terceiro mito, Silvio Danese contrapõe com estudos segundo os quais, “o infliximab é tão eficaz na doença de Crohn como na colite ulcerosa”.
Por fim, mas não menos relevante, para os que defendem que o infliximab só deve ser usado como terapia de resgate em doentes graves, Danese cita estudos que provam que “os doentes com manifestações moderadas a graves, são aqueles em que há mais provas da eficácia do infliximab e onde a elevada eficácia está claramente comprovada”.
Maximização do tratamento com biológicos na colite ulcerosa
Subrata Ghosh, Professor de Medicina e Director do mesmo Departamento na Universidade de Calgary, Alberta, Canadá, defendeu, ser possível maximizar o tratamento com biológicos na colite ulcerosa melhorando assim os resultados do estudo UC-SUCCESS – Schering Ulcerative Colitis Comparative & Safety Study.
Para defender esta tese, apresentou o caso de uma doente, de 32 anos, diagnosticada com pancolite ulcerativa em Fevereiro de 2010. Apresentava episódios diários de sangrento e incontinência. A colonoscopia efectuada permitiu confirmar uma colite extensa com ulcerações, mucopus, fragilidade (do tecido) e sangramento. A doente foi tratada com 40mg/dia de prednisona e 4,8 mg/dia de Mezavant®. Ao fim de 16 semanas registaram-se melhorias e foi iniciado o desmame dos corticóides, passando o tratamento a 2,4 mg/dia de Mezavant®.
Em Novembro de 2010 a doente recidivou e apresentou novos episódios de diarreia com sangue. A rectosigmoidoscopia (exame ao recto e cólon sigmóide – primeira secção do intestino grosso) confirmou ulcerações extensas, mucopus e sangramento, registando uma perda de peso na ordem dos 3 Kg. Iniciou-se de imediato tratamento com infliximab 5mg/Kg às semanas 0,2 e 6 e a partir daí de 8/8 semanas, associada a azatioprina 2,5 mg/dia. Em Fevereiro de 2011 a doente entrou em remissão com evidência da mucosa cicatrizada
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