Câncer renal: Anvisa aprova medicamento oral para tratamento do carcinoma das células renais avançado ou metastático
13/05/2011 - 00:00
Perfil de toxicidade baixo, destacado por oncologistas e urologistas, é considerado na aprovação do medicamento no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido.
Recentemente, São Paulo e Porto Alegre receberam os principais especialistas em câncer renal do país, além de urologistas europeus, para o de lançamento de um tratamento inédito para câncer renal no Brasil, o Votrient® (pazopanibe), da GlaxoSmithKline (GSK). Em São Paulo, o evento foi apresentado pelo Dr. Antônio Carlos Buzaid, chefe do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, ligado à Beneficência Portuguesa de São Paulo, enquanto em Porto Alegre foi apresentado pelo Dr. Carlos Barrios, diretor do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e diretor do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus. Ambas as cidades receberam conferencistas internacionais, como o Dr. Thomas Powles, urologista e conferencista sênior no St Bartholomew’s Hospital e do University College of London, e o Dr. Alex Bex, cirurgião urológico no Instituto de Câncer da Holanda, em Amsterdã, que debateram o tratamento clínico da doença e o pazopanibe como nova opção para os pacientes.
O baixo perfil de toxicidade do medicamento foi o principal ponto destacado pelos especialistas. “Não temos uma comparação direta entre o pazopanibe e sunitinibe – duas únicas opções de tratamento de primeira-linha para o carcinoma das células renais. Mas podemos identificar, na experiência com os pacientes, que elas são toleradas de forma diferente. O pazopanibe é uma opção bem atraente por seu baixo perfil de toxicidade”, explica o Dr. Thomas Powles. Para o Dr. Antônio Carlos Buzaid, a toxicidade menor do pazopanibe é também a principal vantagem do medicamento. “A fadiga não é uma banalidade, o paciente pode ir parar no hospital por causa dela. O pazopanibe atinge pacientes com menor tolerância para estes efeitos colaterais, como os idosos, por exemplo. Porque seu perfil de toxicidade é menor, o que o deixa muito atraente”.
Sobre a eficácia, um importante estudo de fase III (VEG105192) publicado em fevereiro de 2010 (Sternerg CN et al, 2010), que envolveu 435 pacientes com câncer renal avançado e / ou metastático, demonstrou que o uso do pazopanibe naqueles pacientes, sem tratamento prévio, resultou em um tempo maior de sobrevida, livre de progressão da doença, de 11 meses, comparado ao placebo – que foi de 2,8 meses. Os autores do estudo concluíram que o medicamento é capaz de reduzir a progressão de um tumor ou o risco de morte em 54% se comparado ao placebo e a taxa de resposta global para pacientes tratados com pazopanibe foi de 35%. Estes, certamente, foram alguns dos fatores levados em consideração para a aprovação pela Anvisa, no Brasil, pelo FDA nos Estados Unidos e pelo NICE, no Reino Unido.
Além disso, este mesmo estudo indicou que o tratamento com pazopanibe não determinou impacto negativo sobre a qualidade de vida do paciente, quando comparado ao placebo. O que reforça a segurança e a boa tolerabilidade do medicamento, fator crítico para o sucesso do tratamento contra o câncer, já que é sabido que muitas vezes os efeitos colaterais de um medicamento, como alguns quimioterápicos, podem comprometer significativamente o sucesso e a adesão do paciente ao tratamento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu recentemente a autorização para que o pazopanibe (Votrient®) fosse comercializado no País. O medicamento é indicado para pacientes com carcinoma de células renais (CCR) avançado e/ou metastático, o mais frequente nos rins — nove entre dez casos identificados. Nos EUA, o pazopanibe foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) em outubro de 2009. A aprovação do registro do pazopanibe (Votrient®) no Brasil marca um grande avanço no tratamento do câncer renal, como uma grande esperança, já que este tipo de câncer é altamente resistente à quimioterapia e uma parte dos pacientes não obtém resposta com o uso de medicamentos já conhecidos, como as citocinas. Além disso, por ser uma terapia oral e de administração mais conveniente, o medicamento dispensa a necessidade de o paciente ir ao hospital para receber o tratamento. Ele pode realizar o tratamento em casa.
O pazopanibe é um medicamento produzido através de biotecnologia, que atua interrompendo os sinais que as células cancerosas emitem para crescer e se proliferar. Ele se constitui em um potente inibidor multialvo da enzima tirosina quinase (TKI) que atua sobre receptores dos fatores de crescimento presentes nas células. Ao bloquear a enzima tirosina quinase, ele inibe a geração de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e, consequentemente, o tumor não receberá oxigênio e nutrientes necessários ao seu crescimento. A angiogênese é, portanto, crítica para o crescimento e sobrevivência de tumores.
Perfil-O VEG105192 é um estudo fase III randomizado, duplo cego e controlado com placebo em 435 pacientes com câncer de rim avançado que receberam tratamento prévio ou não obtiveram sucesso no tratamento com citocina. Os pacientes do estudo foram randomizados em dois grupos para se avaliar a eficácia do pazopanibe, um potente inibidor multialvo da tiroquinase (TKI) de receptores dos fatores de crescimento. Na randomização, os pacientes receberam pazopanibe 800mg, uma vez ao dia, ou placebo. O estudo foi divulgado no Journal of Clinical Oncology, volume 28, número seis, em fevereiro de 2010.
CCR (carcinoma de células renais)-Segundo dados da American Society of Clinical Oncology, ao longo de 2009, há uma estimativa de cerca de 57.700 novos diagnósticos de câncer de rim e 13 mil mortes em função da doença nos EUA. Ele acontece duas vezes mais em homens e cerca de 25% dos seus diagnósticos se dão já com a doença avançada e/ou metastática. Os principais fatores de risco são tabagismo, obesidade, hipertensão e histórico familiar. A maioria dos casos é diagnosticada entre 50 e 70 anos de idade. Um dos principais agravantes do câncer do rim é a falta de sintomas, que leva ao diagnóstico tardio do tumor, quando ele já está em estágio avançado ou metastático.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) publicou estudo realizado com 508 pacientes, coordenado pelo diretor da SBU, Aguinaldo Nardi. Do total de pacientes com câncer renal, 59% são homens, 79% brancos, 46% sofrem com hipertensão, 18% são obesos e 15% têm histórico de tabagismo. A idade média dos pacientes é de 60 anos. Cerca de 73% foram diagnosticados através do ultrassom abdominal, enquanto 19% foram diagnosticados através da tomografia. A incidência do câncer renal aumentou em 43% nas últimas três décadas e 40% dos casos são diagnosticados quando o tumor está nos estágios 3 e 4, ou seja, os mais avançados.
Perfil-A GSK Oncologia dedica-se a descobrir, desenvolver e produzir inovações no combate ao câncer capazes de fazer profundas diferenças na vida dos pacientes. Sua pesquisa mundial em Oncologia inclui colaborações com mais de 160 centros de tratamento oncológico. Com uma nova geração de tratamentos focados nos pacientes, a GSK busca desenvolver terapias para diversas frentes de combate ao câncer, seja na área de prevenção, quimioterapia e ou terapias específicas.
GlaxoSmithKline – Somos uma das empresas lideres em saúde e pesquisa farmacêutica. Estamos comprometidos em melhorar a qualidade de vida das pessoas, permitindo que façam mais, vivam mais e sintam-se melhor. [www.gsk.com.br].
Fonte: http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=157969
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