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Polícia
de SP investigará venda pela internet de beagle supostamente retirado do
Instituto Royal
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Cão
estava sendo anunciado por R$ 2.700; no comercial, que foi retirado do ar nesta
tarde, vendedor afirma que o animal está fraco
Marcelle
Ribeiro
SÃO PAULO - A Prefeitura de São
Roque (SP) suspendeu nesta sexta-feira o alvará de funcionamento do Instituto
Royal, de onde foram retirados os beagles usados em pesquisas. O prefeito
Daniel de Oliveira Costa determinou a suspensão por 60 dias depois de receber
documentos da comissão de deputados federais formada para investigar as
denúncias de maus-tratos a animais. Na quinta-feira, Costa havia vistoriado o
local e considerado que as instalações estavam aptar para funcionamento.
Em nota, o instituto Royal
confirmou a suspensão "de todas as atividades de pesquisas
científica", mas deu como razão "os danos físicos causados"
pelos ativistas que invadiram o local no sábado passado.
A polícia de São Paulo vai
investigar a denúncia de que um cão da raça beagle que teria sido levado por
ativistas do Instituto Royal, na cidade de São Roque, estava sendo vendido por
uma pessoa que anunciou no site Mercado Livre. A secretaria de Segurança de São
Paulo não informou se o delegado responsável pelo caso já entrou em contato com
o anunciante, mas disse que o caso fará parte do inquérito que apura a invasão
do instituto.
O cão, que supostamente estava
entre os 178 levados do instituto, estava sendo vendido por R$ 2.700, segundo a
assessoria de imprensa do Instituto Royal. No anúncio, que já não estava no ar
na tarde desta sexta-feira, o vendedor afirma que o animal está fraco.
O site Mercado Livre informou que
o anúncio foi removido horas depois de ter sido inserido na plataforma por um
usuário. A remoção foi feita porque usuários apertaram um botão no site
denunciando que aquele anúncio poderia conter algo de ilegal. O departamento de
Segurança do Mercado Livre analisou a denúncia dos internautas e decidiu
retirá-lo do ar.
O Mercado Livre disse a
propaganda foi colocada na manhã desta sexta-feira, por um usuário novo, que se
cadastrou nesta sexta, e afirmou que não há histórico sobre ele no portal. Em
nota, o Mercado Livre disse que “para utilizar a plataforma MercadoLivre.com,
tanto vendedores como compradores devem seguir os Termos e Condições de Uso, que
definem as práticas adequadas para se manter ativo no site” e que “os usuários
que infringem as regras do site têm seu cadastro cancelado”.
O site não informou quem é o
anunciante, mas disse que caso seja procurado pela polícia ou pelo Instituto
Royal, vai prestar todas as informações necessárias.
Em nota, o Instituto Royal pede
que, caso o anúncio seja verdadeiro, “o depositário do animal não o venda, mas
o encaminhe de volta, para que passe pelos exames veterinários adequados”. O
instituto salvou uma imagem do anúncio.
Nesta sexta, parlamentares da
comissão especial da Câmara de Deputados criada para apurar denúncias de
maus-tratos de animais no Instituto Royal foram a São Roque (SP) e coletaram
uma série de documentos sobre o laboratório. Os deputados vão analisar papéis
sobre a instalação da empresa na cidade, e também sobre como ela fazia o
controle de seus resíduos e tratava a questão sanitária. Os parlamentares
solicitaram documentos ao Ministério Público sobre as investigações feitas no
Royal. A direção e funcionários do instituto foram convidados a participar de
uma audiência pública que a Comissão de Meio Ambiente da Câmara realizará na
terça-feira, em Brasília.
— Quero que eles digam como eram
feitos os testes, com que animais, para que produtos e com que substâncias.
Falar só que faziam testes para remédios para câncer é vago, é estratosférico —
disse o relator da comissão especial, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
Também nesta sexta-feira, o
Instituto Royal divulgou em seu canal no Youtube em que Osvaldo Augusto Brazil
Esteves Sant'Anna, pesquisador do Instituto Butantã e do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico e coordenador de Toxinas do Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia em Toxinas (INCTTOX), afirma que a invasão do
Royal foi um “ato insano”.
— O uso de animais em pesquisas
em laboratórios é imprescindível. Não é uma questão de ser a favor ou contra. O
bom senso é que manda como respeitar o animal, como trabalhar. É possível haver
etapas do estudo em que você faça uma cultura de célula, por exemplo, para ver
a ação de um medicamento na membrana dessa célula ou estudar determinada
toxina. Mas chega um momento que é imprescindível, porque você não pode testar
diretamente no humano — diz Sant’Anna, no vídeo divulgado pelo instituto.
Artigo original em http://oglobo.globo.com/pais/suspenso-alvara-de-funcionamento-de-instituto-royal-10543558#ixzz2j2pRvLYC