terça-feira, 8 de outubro de 2013

Medicamentos para 350 doenças raras (Medicamentos órfãos)

09/03/2011 - 16:43
É uma nova área de interesse para a Indústria Farmacêutica (IF): há apenas 63 medicamentos disponíveis para tratar doenças raras, mas na Europa estão actualmente em investigação tratamentos para 350 doenças distintas, disse ao Diário de Notícias KerstinWestermark, médica e presidente do Comité para os Medicamentos Órfãos da Agência Europeia dos Medicamentos (EMA). Estes remédios destinam-se ao tratamento de doenças que hoje afectam cerca de 600 a 800 mil portugueses.

Entre estes medicamentos destacam-se tratamentos para diversos cancros raríssimos, doenças neuromusculares, como a doença de Duchenne, envenenamento por cocaína, epidermólise bolhosa hereditária, malária, entre outros exemplos.

Os EUA já aprovaram precisamente 350 medicamentos, sete vezes mais do que na Europa, que apenas começou a apostar nesta área em 2000. O que significa que há um longo caminho a percorrer para ajudar os 27 a 30 milhões de doentes na Europa.

Kerstin Westermark refere em entrevista ao DN que “cerca 50% a 60% destes medicamentos terão hipótese de chegar ao mercado”, pelo menos tendo em conta os dados dos últimos dez anos: 63 aprovados e 46 negados por decisão da empresa ou da própria EMA. “Neste momento, 20% a 30% dos medicamentos inovadores aprovados anualmente são para as doenças raras, quando há uns anos a percentagem era de cerca de 4%”.

Em 2010, por exemplo, “batemos o recorde de pedidos de empresas para a designação de medicamentos órfãos: 174 pedidos contra os 88 de 2005. E 123 tiveram parecer positivo da comissão. Desde que a Europa adoptou o programa para estes medicamentos, recebemos 1235 pedidos de empresas e demos a 850 parecer positivo”.

Estes medicamentos têm de se destinar a doenças que afectem menos de cinco pessoas por cem mil, ser essenciais à sobrevivência dos doentes, tratar doenças altamente debilitantes ou ser uma alternativa mais eficaz e segura às anteriores. As empresas que os produzem têm uma série de vantagens em relação a outras áreas, porque têm de encontrar forma de compensar o investimento. “Têm dez anos de exclusividade no mercado, 12 se destinados a crianças. Por outro lado têm assistência e conselhos gratuitos nos protocolos de desenvolvimento dos produtos.

A crise financeira tem levado até a um aumento de investimento nesta área, que se tornou mais interessante para as empresas”.

“Acabou-se a era dos blockbusters, medicamentos de uma área que valiam pelo menos mil milhões de dólares anualmente”, diz António Vaz Carneiro, presidente do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência.

Cancro lidera investimento

O cancro é a área líder na investigação de medicamentos órfãos, representando 41% dos pedidos das empresas. Logo depois estão as doenças musculo-esqueléticas ou metabólicas.

Medicamentos que, a chegar ao mercado, podem ou não ser comparticipados. “Essas decisões cabem aos Estados. Os doentes devem aceder ao tratamento, mas a decisão de apoiar depende dos países. É por isso que deve haver colaborações entre países para ter acesso a dados sobre os remédios. Porque sabemos que têm de ser feitas opções”, conclui Westermark.

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