09/03/2011 - 16:43
É uma nova área de interesse para a Indústria
Farmacêutica (IF): há apenas 63 medicamentos disponíveis para tratar doenças
raras, mas na Europa estão actualmente em investigação tratamentos para 350
doenças distintas, disse ao Diário de Notícias KerstinWestermark, médica e
presidente do Comité para os Medicamentos Órfãos da Agência Europeia dos
Medicamentos (EMA). Estes remédios destinam-se ao tratamento de doenças que
hoje afectam cerca de 600 a 800 mil portugueses.
Entre estes medicamentos destacam-se tratamentos
para diversos cancros raríssimos, doenças neuromusculares, como a doença de
Duchenne, envenenamento por cocaína, epidermólise bolhosa hereditária, malária,
entre outros exemplos.
Os EUA já aprovaram precisamente 350
medicamentos, sete vezes mais do que na Europa, que apenas começou a apostar
nesta área em 2000. O que significa que há um longo caminho a percorrer para
ajudar os 27 a 30 milhões de doentes na Europa.
Kerstin Westermark refere em entrevista ao DN
que “cerca 50% a 60% destes medicamentos terão hipótese de chegar ao mercado”,
pelo menos tendo em conta os dados dos últimos dez anos: 63 aprovados e 46
negados por decisão da empresa ou da própria EMA. “Neste momento, 20% a 30% dos
medicamentos inovadores aprovados anualmente são para as doenças raras, quando
há uns anos a percentagem era de cerca de 4%”.
Em 2010, por exemplo, “batemos o recorde de
pedidos de empresas para a designação de medicamentos órfãos: 174 pedidos
contra os 88 de 2005. E 123 tiveram parecer positivo da comissão. Desde que a
Europa adoptou o programa para estes medicamentos, recebemos 1235 pedidos de
empresas e demos a 850 parecer positivo”.
Estes medicamentos têm de se destinar a doenças
que afectem menos de cinco pessoas por cem mil, ser essenciais à sobrevivência
dos doentes, tratar doenças altamente debilitantes ou ser uma alternativa mais
eficaz e segura às anteriores. As empresas que os produzem têm uma série de
vantagens em relação a outras áreas, porque têm de encontrar forma de compensar
o investimento. “Têm dez anos de exclusividade no mercado, 12 se destinados a
crianças. Por outro lado têm assistência e conselhos gratuitos nos protocolos
de desenvolvimento dos produtos.
A crise financeira tem levado até a um aumento
de investimento nesta área, que se tornou mais interessante para as empresas”.
“Acabou-se a era dos blockbusters, medicamentos
de uma área que valiam pelo menos mil milhões de dólares anualmente”, diz
António Vaz Carneiro, presidente do Centro de Estudos de Medicina Baseada na
Evidência.
Cancro lidera investimento
O cancro é a área líder na investigação de
medicamentos órfãos, representando 41% dos pedidos das empresas. Logo depois
estão as doenças musculo-esqueléticas ou metabólicas.
Medicamentos que, a chegar ao mercado, podem ou
não ser comparticipados. “Essas decisões cabem aos Estados. Os doentes devem
aceder ao tratamento, mas a decisão de apoiar depende dos países. É por isso
que deve haver colaborações entre países para ter acesso a dados sobre os
remédios. Porque sabemos que têm de ser feitas opções”, conclui Westermark.
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