Investigação do Ministério da Saúde lista 1,2 mil sites de venda
de medicamentos proibidos
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BRASÍLIA - Um trabalho encomendado pelo
Ministério da Saúde detectou que empresas que operam mercado paralelo na
internet de venda ilegal de medicamentos, de inibidores de apetites, de
esteroides anabolizantes, de abortivos e de receita azul fazem uso criminoso de
logomarcas oficiais. Foi identificado até um perfil falso do ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, no Twitter. Esses são alguns resultados do minucioso
levantamento “Fiscalização digital: ameaças à saúde coletiva na internet”, que
durou um ano, e foi encomendado a uma empresa privada especializada nessa área
digital.
O estudo foi entregue ao ministério em março.
Na internet, os criminosos usam símbolos e logomarcas de serviços e produtos do
Ministério da Saúde e enganam os consumidores com anúncios de que os
medicamentos têm o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
Foram contabilizadas a existência de 1,2 mil
sites ilegais, dos mais variados. De medicamentos abortivos, em especial
Cytotec, foram identificados 359 sites (30% do total); de inibidores de
apetite, 382 (32%); de esteroides anabolizantes, 258 (22%); de fitoterápicos,
159 (13%); e de venda de receita azul, 41 sites (3%).
No caso do abortivo, a empresa contratada
para fazer essa varredura na internet chega a calcular que o gasto com
internações por problemas decorridos do uso do Cytotec chega a R$ 13,4 milhões
por ano. O faturamento ilegal com anabolizantes, no período de um ano da
aferição, foi estimado em R$ 153 milhões. Com anorexígenos, o mercado ilegal
faturaria R$ 82,4 milhões.
Segundo o estudo, os sites vendem ilusões,
além de produtos não regulamentados e geradores de problemas de saúde. O
trabalho concluiu que há, nas redes sociais, “drogarias on-line”, com práticas
criminosas. “O físico e o virtual se misturam: ‘consultas’ médicas são feitas
on-line, medicamentos falsificados são comprados através da internet e enviados
para endereços reais. A ‘farmácia’ que vende produtos controlados sem receita
está na rede”, diz as conclusões do trabalho. “A internet é uma válvula de
escape: é o canal de comunicação entre o indivíduo e a rede criminosa que
permite o anonimato. A indústria de medicamentos falsificados é fomentada pela
busca por medicamentos proibidos, pela falta de fiscalização na internet, pelos
preços abaixo do mercado regular, e pela desinformação da população”.
Os autores concluíram que parte dos problemas
de saúde pública do Brasil está, de alguma maneira, associada à internet:
abortos ilegais, compra de remédios falsificados, intoxicação por medicamentos
falsificados e desenvolvimento de doenças devido à ingestão de medicamentos sem
acompanhamento médico.
O trabalho monitorou as principais marcas do
Ministério da Saúde, como UPA, Farmácia Popular, Saúde da Família, SUS e Samu.
Os produtos se apresentam assim na internet: “Cenaless, o segredo para seu
emagrecimento. Auxilia na busca do corpo belo. Bumbum perfeito: apareça na
praia com um corpo de causar inveja”. E diz que o produto é aprovado pela
Anvisa, o que não é verdade.
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