PORTUGUESE
/ Updated May 10, 2012, 7:33 p.m. ET
Agora é tchau mesmo, Lípitor.
A Pfizer Inc. realizou um experimento intrigante em marketing de marcas
este ano, anunciando intensivamente o remédio contra colesterol Lípitor nos
Estados Unidos mesmo depois de ter perdido sua patente, em 30 de novembro.
Mas depois de gastar mais de US$ 87 milhões promovendo o Lípitor, a
maior farmacêutica do mundo agora decidiu abandonar discretamente o remédio que
já foi seu maior gerador de receita, já que mais versões genéricas devem chegar
logo às farmácias.
Executivos da Pfizer disseram ao The Wall Street Journal que a empresa
não está mais negociando novos contratos para vender o Lípitor a planos de
saúde, que começaram a fechar acordos para comprar versões genéricas muito mais
baratas. A empresa parou recentemente de enviar vendedores a consultórios
médicos para promover o Lípitor e parou de anunciar o medicamento em meio
impresso, televisivo ou on-line, um gasto publicitário que já chegou a US$ 272
milhões por ano.
"O cenário em geral será muito mais hostil" para a venda do
Lípitor aos níveis que a Pfizer já conseguiu, disse Albert Bourla, que comanda
a divisão responsável por vender o Lípitor e outros medicamentos da Pfizer cuja
patente nos EUA venceu.
O Lípitor, que no auge gerou US$ 12,9 bilhões em vendais anuais para a
Pfizer, começou a enfrentar a concorrência dos genéricos assim que a patente
venceu, no fim de novembro. Geralmente, as farmacêuticas abandonam o marketing
de um remédio quando concorrentes mais baratos chegam ao mercado. Mas a Pfizer
tentou espremer o máximo possível de faturamento do Lípitor enquanto a
concorrência dos genéricos ainda estava começando, com ajuda de marketing,
promoções e descontos substanciais.
Por quanto tempo a Pfizer continuaria com esse esforço era um mistério.
Executivos da Pfizer disseram que consideram o plano um sucesso e que o remédio
manteve 33% do mercado e gerou US$ 383 milhões em receita nos EUA no primeiro
trimestre. Mas agora eles dizem que a empresa não pode esperar que a droga
continue gerando essa receita depois de 31 de maio, quando enfrentará uma nova
onda de genéricos e o preço deve desabar.
A mudança com o Lípitor é o fim de uma era na farmacêutica sediada em
Nova York. O Lípitor, marca criada pela Pfizer para a substância atorvastatina,
já chegou a responder por um quarto da receita da Pfizer e a tornou a maior
farmacêutica do mundo em vendas. Mas como muitas outras empresas do ramo que
perdem a proteção de patentes, ela precisa agora se focar em novos caminhos
para crescer. Para o novo estágio em sua evolução, a Pfizer tenta agora se
transformar numa empresa mais enxuta.
A Pfizer está reestruturando suas operações para cortar custos e fechou
acordo no mês passado para vender seu negócio de nutrição infantil para a
Nestlé SA por US$ 11,85 bilhões, como parte dos esforços para se concentrar em
medicamentos. A empresa também planeja desmembrar a divisão de saúde animal.
Para continuar crescendo, a empresa precisa elevar as vendas de produtos
como a vacina pneumocócica Prevnar 13, que recebeu autorização das autoridades
no final do ano passado para pacientes adultos com idades acima de 50 anos, e
ter aprovados novos medicamentos. Em uma votação recente, uma comissão de
peritos da FDA, a agência que regula o mercado de remédios e alimentos dos
Estados Unidos, recomendou a aprovação do tofacitinib, novo medicamento para a
artrite reumática da Pfizer.
No entanto, a analista do Credit Suisse Catherine Arnold diz que a
Pfizer ainda pode ser grande demais para que os cortes de custos e lançamentos
de novas drogas como o tofacitinib tenha um efeito significativo. É preciso
muito mais para mudar esse cenário, diz Arnold. "Eles terão que fazer
coisas como recomprar mais ações."
A Pfizer disse que recomprou US$ 9 bilhões em ações no ano passado e
planeja comprar outros US$ 5 bilhões este ano.
Em seu esforço para arrancar mais vendas do Lípitor, a Pfizer gastou
mais de US$ 87 milhões em publicidade, marketing médico e distribuição de
amostras desde que perdeu a proteção de patentes em 30 de novembro, de acordo
com a Cegedim Strategic Data.
Greg Reeder, que supervisiona o marketing do Lípitor nos EUA, atribui a
preservação de mercado da Pfizer à assistência direcionada que a companhia
ofereceu para pacientes que optaram por continuar com a marca.
A Pfizer disse que vai continuar a promover a droga em mercados emergentes,
onde ela ainda vê oportunidade para vendas substanciais.
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