domingo, 13 de maio de 2012

Pfizer diz adeus às vendas multimilionárias do Lípitor

PORTUGUESE / Updated May 10, 2012, 7:33 p.m. ET


Agora é tchau mesmo, Lípitor.

A Pfizer Inc. realizou um experimento intrigante em marketing de marcas este ano, anunciando intensivamente o remédio contra colesterol Lípitor nos Estados Unidos mesmo depois de ter perdido sua patente, em 30 de novembro.

Mas depois de gastar mais de US$ 87 milhões promovendo o Lípitor, a maior farmacêutica do mundo agora decidiu abandonar discretamente o remédio que já foi seu maior gerador de receita, já que mais versões genéricas devem chegar logo às farmácias.

Executivos da Pfizer disseram ao The Wall Street Journal que a empresa não está mais negociando novos contratos para vender o Lípitor a planos de saúde, que começaram a fechar acordos para comprar versões genéricas muito mais baratas. A empresa parou recentemente de enviar vendedores a consultórios médicos para promover o Lípitor e parou de anunciar o medicamento em meio impresso, televisivo ou on-line, um gasto publicitário que já chegou a US$ 272 milhões por ano.

"O cenário em geral será muito mais hostil" para a venda do Lípitor aos níveis que a Pfizer já conseguiu, disse Albert Bourla, que comanda a divisão responsável por vender o Lípitor e outros medicamentos da Pfizer cuja patente nos EUA venceu.

O Lípitor, que no auge gerou US$ 12,9 bilhões em vendais anuais para a Pfizer, começou a enfrentar a concorrência dos genéricos assim que a patente venceu, no fim de novembro. Geralmente, as farmacêuticas abandonam o marketing de um remédio quando concorrentes mais baratos chegam ao mercado. Mas a Pfizer tentou espremer o máximo possível de faturamento do Lípitor enquanto a concorrência dos genéricos ainda estava começando, com ajuda de marketing, promoções e descontos substanciais.

Por quanto tempo a Pfizer continuaria com esse esforço era um mistério. Executivos da Pfizer disseram que consideram o plano um sucesso e que o remédio manteve 33% do mercado e gerou US$ 383 milhões em receita nos EUA no primeiro trimestre. Mas agora eles dizem que a empresa não pode esperar que a droga continue gerando essa receita depois de 31 de maio, quando enfrentará uma nova onda de genéricos e o preço deve desabar.

A mudança com o Lípitor é o fim de uma era na farmacêutica sediada em Nova York. O Lípitor, marca criada pela Pfizer para a substância atorvastatina, já chegou a responder por um quarto da receita da Pfizer e a tornou a maior farmacêutica do mundo em vendas. Mas como muitas outras empresas do ramo que perdem a proteção de patentes, ela precisa agora se focar em novos caminhos para crescer. Para o novo estágio em sua evolução, a Pfizer tenta agora se transformar numa empresa mais enxuta.

A Pfizer está reestruturando suas operações para cortar custos e fechou acordo no mês passado para vender seu negócio de nutrição infantil para a Nestlé SA por US$ 11,85 bilhões, como parte dos esforços para se concentrar em medicamentos. A empresa também planeja desmembrar a divisão de saúde animal.

Para continuar crescendo, a empresa precisa elevar as vendas de produtos como a vacina pneumocócica Prevnar 13, que recebeu autorização das autoridades no final do ano passado para pacientes adultos com idades acima de 50 anos, e ter aprovados novos medicamentos. Em uma votação recente, uma comissão de peritos da FDA, a agência que regula o mercado de remédios e alimentos dos Estados Unidos, recomendou a aprovação do tofacitinib, novo medicamento para a artrite reumática da Pfizer.

No entanto, a analista do Credit Suisse Catherine Arnold diz que a Pfizer ainda pode ser grande demais para que os cortes de custos e lançamentos de novas drogas como o tofacitinib tenha um efeito significativo. É preciso muito mais para mudar esse cenário, diz Arnold. "Eles terão que fazer coisas como recomprar mais ações."

A Pfizer disse que recomprou US$ 9 bilhões em ações no ano passado e planeja comprar outros US$ 5 bilhões este ano.

Em seu esforço para arrancar mais vendas do Lípitor, a Pfizer gastou mais de US$ 87 milhões em publicidade, marketing médico e distribuição de amostras desde que perdeu a proteção de patentes em 30 de novembro, de acordo com a Cegedim Strategic Data.

Greg Reeder, que supervisiona o marketing do Lípitor nos EUA, atribui a preservação de mercado da Pfizer à assistência direcionada que a companhia ofereceu para pacientes que optaram por continuar com a marca.

A Pfizer disse que vai continuar a promover a droga em mercados emergentes, onde ela ainda vê oportunidade para vendas substanciais.

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