Pesquisa com ratos prova que crescimento do hipotálamo está associado ao ganho
de peso na fase adulta
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos,
descobriram que ratos com uma dieta rica em gordura na fase de crescimento
desenvolvem depois, na fase adulta, células nervosas novinhas em folha em uma
área do cérebro chamada hipotálamo. O crescimento dessas células, segundo o
estudo, cria um ciclo vicioso: quanto mais gordura se come, mais o hipotálamo
induz o corpo à obesidade e a uma vontade maior de consumir gordura.
Os cientistas explicam que o mecanismo pode ser interpretado como uma
adaptação evolutiva. Numa época da evolução dos ratos em que a comida foi
escassa, o organismo se defendeu criando um mecanismo para armazenar gordura e
induzir o corpo a aproveitar ao máximo a chance de comer. Mas nos tempos
atuais, tal faceta evolutiva tem outra consequência se aplicada aos humanos,
conforme sugere o estudo. Uma infância com calorias em excesso significa uma
fase adulta com maiores chances de desenvolver obesidade e distúrbios
metabólicos.
Até recentemente, acreditava-se que apenas duas áreas do cérebro eram
capazes de criar novas células nervosas, mesmo na fase adulta: o hipocampo,
envolvido na memória, e o bulbo olfativo que, como o nome já diz, tem a ver com
a capacidade de sentir cheiros. Com a descoberta de que o hipotálamo também
cria células no decorrer da vida, os pesquisadores do Departamento de
Neurociência da Johns Hopkins, no estado americano de Maryland, concentraram
esforços em saber por que isso ocorre.
O estudo, publicado esta semana na revista “Nature”, mostra que os
cientistas criaram um grupo de ratos com ração rica em gordura e outro com
alimentação normal. Enquanto animais muito jovens mostraram nenhuma diferença
no hipotálamo, não importando a dieta, o crescimento de neurônios no hipotálamo
simplesmente quadruplicou nos ratos adultos que tiveram uma infância
engordurada desde o desmame. E esses animais ganharam mais peso e mais gordura.
O hipotálamo é também reconhecidamente associado a várias funções do
corpo, como o sono, a temperatura, a fome e a sede. Para comprovar a tese sobre
a obesidade, os neurocientistas da Jonhs Hopkins separaram os ratos com ração
gordurosa e mataram as células novas do hipotálamo com emissões de raio-X.
Resultado: os animais manipulados com radiação ganharam menos peso que os ratos
que tiveram a mesma alimentação, mas não passaram pelas sessões de raio-X no
hipotálamo.
Se a descoberta do grupo de neurocientistas for confirmada em estudos
futuros, pesquisadores poderão usá-la para tratar a obesidade por meio de uma
radioterapia no hipotálamo ou com o desenvolvimento de medicamentos que inibam
a neurogênese — nome que se dá ao crescimento de novos neurônios
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