Dados fazem parte do levantamento apresentado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada
BRASÍLIA – Apesar de terem crescido nos
últimos dez anos, os investimentos públicos nas áreas de saúde, infraestrutura
e educação no país, ainda estão longe de alcançar os padrões internacionais,
segundo levantamento apresentado nesta terça-feira (15) pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o ano de 2010.
O estudo Brasil em Desenvolvimento: Estado,
Planejamento e Políticas Públicas destaca o papel que as áreas sociais
desempenharam, na primeira década dos anos 2000, para sustentação e dinamização
da economia.
Na educação, os investimentos públicos
representaram 5% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Plano Nacional
de Educação, o padrão internacional, que é de 7%, seria alcançado em 2020. Há
dez anos, eram investidos cerca de 3% do PIB na educação. Na saúde, os
investimentos somaram 3,77% do PIB. Em dez anos, houve crescimento de 1,27
pontos percentuais. “Seria necessário quase dobrar os investimentos para
alcançar o padrão internacional de 7%”, explicou Aristides Monteiro Neto,
coordenador do estudo.
Os recursos destinados ao setor de
infraestrutura de transporte, por sua vez, representaram 0,7% do PIB, enquanto
o padrão internacional é 3,4%. Há dez anos, o percentual era 0,2%. Os padrões
têm como base os países membros da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa os países mais industrializados do
mundo.
- Temos um caminho ainda de construção de
investimento na área social. O desafio é fazer isso sem comprometer as
exigências do investimento em infraestrutura - disse o presidente do Ipea,
Marcio Pochmann. Um dos caminhos apontados pelo estudo é estimular
investimentos pelo setor privado. De acordo com o estudo, o setor público atuou
fortemente no estímulo a atividade produtiva nos últimos anos, mas a capacidade
de investimentos já chega a um limite.
Para Monteiro Neto, diante da possibilidade
de esgotamento das fontes de recursos, que não permitiria alcançar os patamares
internacionais nas áreas sociais em médio prazo, é necessário ter foco na
aplicação das políticas.
- Países da América do Sul e Ásia que gastam
5% do PIB tem padrões educacionais melhores que o Brasil. Eles nos apontam que
nem tudo é recurso financeiro. A melhor utilização do recurso existente pode
gerar melhores resultados - disse.
O estudo mostra, ainda, um crescimento dos
investimentos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, diminuindo a
disparidade histórica com o Sul e o Sudeste.
- Percebemos uma inflexão do ponto de vista
da geografia do investimento. As regiões que eram menos dinâmicas foram as que
mais cresceram. A região Centro-Oeste, por exemplo, é onde mais cresceu o setor
industrial - disse Pochmann.
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