segunda-feira, 29 de abril de 2013

Chefia e liderança: – tem diferença?

De: Mustafá Ali Kanso
Na esteira do artigo da semana passada “Chefe é Chefe – uma reflexão fabulosa” (Aqui - Chefe é Chefe)  tenho recebido uma enxurrada de e-mails de meus queridos leitores perguntando exatamente isso.

Qual ou quais são de fato as diferenças entre líder e chefe, ou se trata simplesmente de um bonito jogo de palavras que usamos em palestras motivacionais.

Apelando mais uma vez para o sociólogo Max Weber, podemos iniciar essa questão pela conceituação de poder e autoridade.

Como conceituamos na semana passada, “o poder” pode ser entendido como sendo toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, obstante qualquer resistência e independentemente do fundamento dessa probabilidade.
Por outro lado a autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer em virtude de sua influência pessoal.

Para ilustrar esses conceitos é fácil entender que a autoridade de um bom médico, por exemplo, é fundamentada em seus anos de estudo, em seu talento, e em sua ampla experiência na prática médica.
É fácil intuir que um bom médico possui prestígio em sua comunidade e é recomendado “boca a boca” por seus pacientes (e/ou familiares) satisfeitos – fator contínuo que vai paulatinamente aumentando seu prestígio e, portanto, sua autoridade.

Para esse exemplo que ilustra a autêntica autoridade descrita por Weber, de onde advém um poder “naturalmente exercido”, podemos contrapor os poderes instaurados por artifícios sociais, como é o caso do estabelecido pelos níveis de hierarquia nas corporações.

Algo como:

O chefe é o chefe e deve ser obedecido.

Trazendo então esses conceitos para o mundo corporativo é fácil também intuir que o verdadeiro líder é em sua essência uma “autoridade” não necessariamente formal ou oficial (como é o caso do chefe), porém que possui prestígio perante o grupo, seja pelo seu “conhecimento de causa” ou pelas “habilidades” indispensáveis para o exercício dessa autoridade.

Para esclarecer essa ideia vamos à etimologia da palavra “líder” e o conceito de liderança.
A palavra líder origina-se do termo germânico antigo “lad” que significa “caminho”. Daí se depreende que um “ladan” ou um “líder” era “aquele que mostrava o caminho”.

Em suma, um guia que conduzia caminhantes em segurança de um povoado ao outro, por meio de trilhas na neve e cuja responsabilidade era a cuidar de todos e também de cada um.

Com isso fica evidente que a autoridade do guia é a daquele sujeito experimentado que conhece muito bem o caminho, como também todos os perigos e contingências que o assolam.

Por isso o conceito de liderança surge naturalmente:

“Liderança é a ação humana que ajuda um grupo a identificar o caminho a seguir, motivando-o para alcançar suas metas” (DAVIS e NETSON, 1991);

“Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum” (James Hunter).

Daí também se pode deduzir que enquanto o líder persegue seus ideais, o chefe cumpre a tabela.

Isso por que:

O chefe centraliza, desconfia, manda, amedronta e intimida, fiscaliza, tem apenas subordinados, procura culpados, faz mistério, administra recursos para chegar-se a um fim, tem todo o poder da hierarquia, considera os conflitos como aborrecimentos e crises como riscos; acredita que as pessoas trabalham apenas por dinheiro e por isso acena com promessas e/ou ameaças que raramente cumprirá.

Enquanto o líder delega, confia, orienta, entusiasma e inspira, acompanha, tem parceiros, procura aliados, comunica, administra seres que pensam e sentem, tem todo o poder de sua competência, considera os conflitos como oportunidades de melhora e as crises como lições; acredita que as pessoas trabalham também por dinheiro e por isso compartilha seu prestígio e demonstra sua gratidão.

Em suma, poderíamos traduzir tudo isso em uma frase:

Enquanto o líder é autoridade o chefe é autoritário.

E para você leitor, existe diferença?
 
Leia os outros artigos de Mustafá Ali Kanso
 
Fonte: http://hypescience.com/chefia-e-lideranca-tem-diferenca/

Chefe é chefe – uma reflexão fabulosa!

De: Mustafá Ali Kanso
Um dos fundadores da sociologia, o economista alemão Max Weber, conceitua o poder como sendo toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, obstante qualquer resistência e independentemente do fundamento dessa probabilidade.

Um dos exemplos mais simplórios e também um dos mais anacrônicos do exercício do poder está manifestado no membro administrativo de algumas corporações, com grau hierárquico executivo identificado simplesmente como “o chefe”.

“O chefe” é o personagem muitas vezes caricato que, encarnando o detentor de alguma forma de poder, tem muitas vezes seu grau de hierarquia oficializado por títulos sugestivos, tais como coordenador, gerente, diretor, supervisor, etc.

Independentemente do título, ser chefe é ter acesso privilegiado às informações e às decisões, e também a outros instrumentos administrativos que viabilizam o exercício desse poder, tais como a promoção e a demissão de seus subordinados, por exemplo.

No Brasil das corporações anacrônicas é comum se ouvir nos bastidores:

- O chefe tem sempre razão!

- Manda quem pode – e obedece quem tem juízo!

E por aí vai.

A infelicidade de tal prática, onde chefe é chefe e subordinado é subordinado (sendo a diferença muito nítida também no montante dos salários) geralmente está acompanhada pelo autoritarismo de uma parte e a subserviência da outra.

Talvez uma herança atávica do feudalismo, o exercício do micro poder diário das chefias nos convida a um questionamento filosófico também sobre o exercício diário da ética, que se traduz, na interpretação de muitos filósofos modernos, como sendo simplesmente o exercício da moral.

Muitos chefes possuem um poder circunstancial. Mandam mas não lideram.

E talvez por falta dessa mesma liderança ameacem, intimidem e se transmigrem amiúde na versão tragicômica de pequenos tiranos.

Em síntese: um rato que ruge.

E o que é pior, é que muitos desses chefes tiranos brotaram do plano comum de seus subordinados.

Quando então promovidos simplesmente “mudam de lado”.

Talvez porque na maioria das corporações onde exista um chefe tirano, também existam subordinados que trabalhem direito apenas quando contam com uma “severa” supervisão.

Flagra-se, portanto, a carência de moral, tanto de uma parte como de outra.

Qual é a solução?

Melhorando-se o subordinado, transformando-o em colaborador se melhoraria também a chefia?

Ou trocando-se um chefe por um verdadeiro líder, a coisa toda mudaria de figura?

Será?

Ou é do indivíduo que temos de falar – antes de mais nada?

Para concluir este artigo e suscitar essa fabulosa reflexão – quero apresentar aqui minha releitura recorrente de uma das “Fábulas Fabulosas” de Millôr Fernandes:

“O rato que tem medo”

A história é bem simples. Um rato que depois de muito sofrer pede para um grande mágico transformá-lo em um gato. Não suportava mais ser perseguido e intimidado.

Nem bem foi transformado, ironicamente, passou a perseguir todos os ratos que encontrou. Porém, com inédita crueldade e efetiva precisão. Afinal conhecia com propriedade o modus operandi destrutivo dos ratos.

Viveu satisfeito até encontrar um cão – que então o persegue.

Implora mais uma vez para que mágico o transforme, dessa vez em um cão, e assim, por efeito da magia vai subindo sucessivamente a escala zoológica até chegar na iminência de ser transformado em ser humano.

Nessa passagem, o mágico, numa peripécia o transforma novamente num rato.

- Mas por que voltei a ser rato? – pergunta o animal, transbordando frustração.

É com a sabedoria típica das fábulas que o Grande Mágico responde:

- De que adiantaria para o mundo mais um Homem com “coração de rato”!

[Leia os outros artigos de Mustafá Ali Kanso]

EUA: Novartis processada por alegadamente subornar médicos

29/04/2013 - 14:35
O departamento de Justiça dos EUA anunciou na passada sexta-feira a instauração de um processo contra a farmacêutica Novartis por alegadamente pagar subornos multimilionários a médicos para que recomendassem os seus produtos a farmácias e a doentes, avança o Notícias ao Minuto, citando a agência Lusa.
“Esquemas de suborno como os empregues neste caso não só põem em dúvida a integridade das decisões médicas individuais, como elevam o custo da saúde de todos nós”, afirmou Stuart F. Delery, procurador-adjunto da agência federal, ao assinalar que muitos dos fármacos eram reembolsados pelos programas de assistência médica Medicare e Medicaid.
Entre as acções descritas no processo judicial, a companhia pagava banquetes, viagens e honorários aos médicos que recomendassem a compra dos seus medicamentos.
“Os pacientes merecem cuidados médicos baseados no juízo médico objectivo do clínico, não em função dos seus interesses financeiros pessoais”, acrescentou o procurador.
Em concreto os investigadores federais assinalaram que a Novartis pagou a médicos várias convenções médicas para que receitassem medicamentos como Lotrel® e Valtruna® para a hipertensão, ou Starlix® para a diabetes.
Este é o segundo processo contra a Novartis por parte das autoridades norte americanas por induzir certas farmácias a receitar a pacientes de transplantes de rins o seu produto Myfortic®.
A companhia multinacional farmacêutica, com sede na Suíça, afirmou que se irá “defender dos processos judiciais” e rejeitou as acusações.

Fonte:

Austeridade fiscal faz mal à saúde, revela pesquisa

Reuters

Por Kate Kelland

LONDRES, 29 Abr (Reuters) - As políticas de austeridade estão tendo um efeito devastador sobre a saúde na Europa e América do Norte, provocando suicídios, depressão e doenças infecciosas, e reduzindo o acesso a atendimento médico e remédios, disseram pesquisadores nesta segunda-feira.

Detalhando uma década de pesquisas, o economista político David Stuckler, da Universidade Oxford, e Sanjay Basu, professor-assistente de medicina e epidemiologista na Universidade Stanford, disseram que suas conclusões mostram que a austeridade é altamente nociva para a saúde.

Em um livro a ser lançado nesta semana, os pesquisadores dizem que mais de 10 mil suicídios e até 1 milhão de casos de depressão foram diagnosticados durante o período que eles chamaram de "Grande Recessão", que foi acompanhado de medidas de austeridade na Europa e América do Norte.

Na Grécia, medidas como cortes orçamentários nos programas de prevenção à Aids coincidiram com um aumento de mais de 200 por cento nas infecções pelo vírus HIV desde 2011 -- o que tem como explicação também a disparada no uso de drogas, num contexto em que o desemprego juvenil chega a 50 por cento.

A Grécia também registrou seus primeiros casos de malária em várias décadas depois de cortes nos programas de controle do mosquito transmissor.

Nos EUA, mais de 5 milhões de pessoas perderam o acesso a tratamento médico durante a recessão, disseram os pesquisadores, e na Grã-Bretanha cerca de 10 mil famílias se tornaram sem-teto por causa das medidas governamentais restritivas.

"Nossos políticos precisam levar em conta as sérias, e em alguns casos profundas, consequências das escolhas econômicas", disse David Stuckler, pesquisador-sênior da Universidade de Oxford e coautor do livro "The Body Economic: Why Austerity Kills" ("A economia do corpo: por que a austeridade mata", em tradução livre).

"Os males que encontramos incluem surtos de HIV e malária, escassez de medicamentos essenciais, perda do atendimento à saúde e uma evitável epidemia de abuso do álcool, depressão e suicídio", disse ele em nota. "A austeridade está tendo um efeito devastador."

Mas Stuckler e Basu disseram que os efeitos negativos sobre a saúde pública não são inevitáveis, mesmo durante as piores crises financeiras.

Na Suécia, por exemplo, programas ativos de inclusão no mercado de trabalho contribuíram para uma redução no número de suicídios, mesmo durante uma recessão. Países vizinhos onde isso não acontece registraram um grande aumento nos suicídios.

E, nos EUA, durante a Grande Depressão de década de 1930, a cada cem dólares adicionais distribuídos pelo programa New Deal havia cerca de 20 mortes a menos a cada mil nascidos vivos, 4 suicídios a menos a cada 100 mil pessoas, e 18 mortes por pneumonia a menos a cada 100 mil pessoas.

"No final, o que vimos é que a piora da saúde não é uma consequência inevitável das recessões econômicas. É uma escolha política", disse Basu na nota.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/austeridade-fiscal-faz-mal-saude-revela-pesquisa-8241189#ixzz2RuH8JX2T

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Novartis é acusada de suborno nos Estados Unidos

  • Na semana passada, outra gigante farmacêutica, a GlaxoSmithKline, recebeu acusações no Reino Unido de pagar concorrentes para atrasar lançamentos de remédios
  • Empresa suíça teria oferecido propina a farmacêuticos para que eles indicassem seu medicamento

Globo, Publicado:24/04/13

NOVA YORK - O governo dos Estados Unidos apresentou na terça-feira uma ação civil por fraude contra a empresa farmacêutica suíça Novartis, em Nova York, acusando-a de ter subornado ao menos 20 farmácias no país para aumentar as vendas de um de seus medicamentos. A queixa é de que a empresa vem oferecendo desde 2005 propina aos farmacêuticos responsáveis por esses estabelecimentos para que eles trocassem a indicação de um remédio de marca concorrente tomado por pacientes transplantados pelo seu Myfortic.

Na semana passada, a GlaxoSmithKline foi acusada pelo Departamento de Livre do Comércio do país de pagar propina à concorrência para retardar o lançamento de medicamentos genéricos que concorreriam diretamente com o antidepressivo Seroxat, que superou o Prozac em vendas.

O promotor americano Preet Bharara disse que a Novartis usou “o apelo de subornos disfarçados de descontos” para fazer com que alguns farmacêuticos deixassem de lado sua autonomia e tornassem-se verdadeiros representantes comerciais de um de seus produtos. Ele defende que as ações da companhia fizeram com que os cidadãos gastassem dezenas de milhões de dólares a mais por causa do esquema.

Segundo Bharara, a empresa tentou dissimular o esquema omitindo os acordos de contratos de desembolsos e descontos com a farmácia. Um dos casos que consta nas investigações é que a Novartis teria oferecido a um químico farmacêutico de Los Angeles um “bônus” de 5% sobre as vendas anuais de Myfortic, o que corresponde a milhares de dólares, para mudar a indicação de remédio de cerca de mil pacientes, que passaram a tomar o remédio da Novartis.

Bharara diz que a Novartis é reincidente e já sofrera acusações por pagamento de propina há menos de três anos. A ação foi apresentada na Corte do Distrito de Manhattan e busca, além de multas civis, uma compensação da Novartis por violar a Lei Federal de Falsas Alegações. A farmacêutica negou as acusações e disse que irá se defender.
 

Protocolo agiliza distribuição de pílulas do dia seguinte na rede pública.


Documento normatiza fornecimento da pílula e dispensa receita médica. Medicamento é usado em casos de relação sexual sem contraceptivos. Um protocolo lançado pelo Ministério da Saúde pretende tornar mais ágil a distribuição de pílulas do dia seguinte para pacientes da rede pública. O medicamento, que já era distribuído gratuitamente, agora poderá ser fornecido sem uma receita médica emitida previamente. A pasta afirma, no entanto, que o fim da obrigatoriedade da consulta não significa um relaxamento no rigor para o fornecimento do medicamento. Para obter a pílula, a mulher deverá primeiro conversar com um médico ou enfermeiro e explicar porque tem interesse em usar o medicamento. Caberá ao responsável pelo atendimento fornecê-lo ou não. Esses médicos e enfermeiros deverão agir de acordo com as orientações presentes no “Protocolo Levonorgestrel”, elaborado no fim de 2012 e distribuído no começo de 2013 para normatizar o uso da pílula do dia seguinte – Levonorgestrel é o nome do medicamento. A pílula em si já era distribuída gratuitamente antes, mas com a exigência de uma receita médica. Na prática, isso implicava marcar uma consulta com o ginecologista para só depois obter o medicamento, o que tornava o método ineficaz. Sendo atendida diretamente por um especialista, a mulher tem acesso mais rápido ao Levonorgestrel e maior chance de sucesso. Apesar do nome popular de “pílula do dia seguinte”, o medicamento é considerado bastante eficaz até cinco dias depois da relação sexual. De toda forma, quanto mais próximo da relação ele é usado, maior sua eficiência. A pílula é indicada para mulheres que não queiram ter filhos e que tenham tido alguma relação sexual sem usar nenhum método contraceptivo. Ela pode ser obtida em postos de saúde, hospitais e maternidades públicos e em serviços que atendem mulheres em situação de violência. Para a venda em farmácias da rede particular, a receita médica continua sendo necessária.

FONTE: G1

Artigo extraído originalmente de:

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Médicos preocupados com os efeitos dos biossimilares

24/04/2013 - 10:49
A falta de estudos que demonstrem quais os efeitos secundários nos doentes provocados pelos novos medicamentos biossimilares (do grupo dos biológicos) preocupa os médicos, avança o Correio da Manhã.


A indústria farmacêutica assegura que são eficazes e seguros, mas reconhece que os ensaios clínicos são mais limitados. A grande vantagem que os novos medicamentos apresentam é a redução do preço, podendo ser mais baratos 30 a 40% do que o medicamento original.

O oncologista Vítor Veloso, presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, manifesta ao CM preocupação pela falta de estudos que comprovem a segurança e eficácia destes medicamentos.

"Os biossimilares ainda não estão comprovadamente estudados, o que é uma grande preocupação para todos os profissionais de saúde, mas, sobretudo, para os doentes", sublinhou Vítor Veloso, defendendo que deviam "ser mais investigados".

A indústria farmacêutica defende que os biossimilares são mais baratos e que a redução do preço permite aumentar o acesso dos doentes aos tratamentos de várias doenças.
A diminuição da despesa com biossimilares pode levar as administrações hospitalares à substituição automática dos biológicos por biossimilares.

Estes tratamentos são disponibilizados exclusivamente pelas farmácias hospitalares e há o receio de que esse serviço possa ser feito sem o conhecimento ou autorização do médico que prescreveu. "Essa situação seria ilegal, contra a ética e a deontologia", refere Vítor Veloso.

A Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) recomenda aos estados-membros que regulamentem a utilização dos novos medicamentos. Os médicos receiam que a troca automática seja autorizada, como acontece com os genéricos. A troca de um biológico por um biossimilar pode provocar anticorpos no doente com consequências desconhecidas.


 

Como as reformas no sector de saúde impactarão a IF nos próximos anos

24/04/2013
Fomentar a inovação, reduzir custos, ampliar o acesso ao mercado e redefinir os modelos de vendas são alguns dos factores de transformação do mercado de saúde em termos globais, para as quais as organizações devem estar atentas, segundo o estudo “Health Care Reform and Life Sciences: Threat, opportunity or both?”, uma pesquisa inédita realizada pela Deloitte. O estudo analisa a nova onda de mudanças ocasionadas pelas reformas no sector e a reacção das empresas aos movimentos, além de trazer cases sobre Brasil, China e Alemanha - três mercados que devem crescer e reestruturar-se nos próximos anos, avança comunicado de imprensa.


Em todas as áreas, a compreensão sobre o andamento destas mudanças, em âmbito nacional e global e, como as empresas estão ou vão responder a elas, é um dos grandes desafios actuais. No entanto, os executivos ouvidos pela Deloitte acreditam que podem colher bons resultados, caso se adaptem com sucesso. De acordo com o estudo, 77% dizem ser prioridade a adaptação às transformações actuais do sector (entre os entrevistados de empresas farmacêuticas, este número chega a 88%). Entretanto, boa parte ainda tem reagido reactivamente. Mais de 60% afirmam que as mudanças no sector representam alto risco para os negócios, enquanto apenas 8% acreditam num risco pequeno. Como primeiro desafio apontado está o facto de ter de lidar com o governo e agências regulatórias, com 42% das respostas, seguido do ajuste do modelo comercial das organizações para a nova realidade (41%). Desta forma, a maior parte dos recursos gastos é com aspectos regulatórios e compliance (43%), além de estratégias globais, relações governamentais, marketing e vendas.


Brasil


A expectativa de crescimento anual do mercado de saúde no Brasil é de 5,3% até 2016. E o gasto per capita de produtos farmacêuticos é quase quatro vezes maior do que na China, que é o quinto maior mercado do mundo. “Isso explica, em parte, porque a indústria de saúde tem uma visão tão positiva do País”, pontua Enrico De Vettori, sócio-líder da Deloitte para o atendimento às empresas da indústria de Life Science and Health Care no Brasil.


Para 74% dos entrevistados, o Brasil é muito atractivo para a conquista de novos consumidores e, para 57%, muito atraente também para vendas (na China essa proporção é de 69% e 50% e na Alemanha é de 27% e 28%, respectivamente). O incentivo em processos de fabricação e em pesquisa e desenvolvimento vêm logo em seguida, com 49% e 46% das respostas respectivamente.


De uma forma geral, 20% dos entrevistados dizem que suas organizações são mais activas no mercado brasileiro contra 35% na China e 31% na Alemanha. Quando questionados sobre as áreas em que as organizações pretendem desenvolver-se nos próximos três anos, 81% dos executivos apontam vendas e actividades comerciais. Mas a ampliação no número de produtos a serem regulamentados está nos planos de 64%, enquanto 57% apontam as melhorias nas actividades manufactureiras. Ao falar sobre o público que mais entende as dificuldades de desenvolvimento das actividades comerciais e de produção no país, 64% dizem serem as agências tecnológicas de saúde e 61% indicam os reguladores.

Apenas 7% dos empresários do sector acreditam que haverá uma reforma ampla no sector de saúde para os próximos cinco anos no Brasil, que contemple questões regulatórias mais estáveis.


Para 39% estas mudanças serão moderadas, enquanto 36% acreditam em mudanças pequenas.

“Embora as reformas na China e na Alemanha estejam ocorrendo de forma mais acelerada, o sistema de saúde em muitos países e, sobretudo, no Brasil vem desenvolvendo políticas públicas que priorizam o acesso ao sistema médico hospitalar, às novas tecnologias e à criação de novos medicamentos. O programa Mais Saúde e a Farmácia Popular são exemplos desse movimento aqui no país”, contextualiza De Vettori.


Estimulo a inovação


Inovação continua sendo um dos principais planos para as empresas que participaram do levantamento. Ao longo dos próximos três anos, 75% delas dizem que mudarão seus processos neste quesito. Segundo o estudo, enquanto a redução de custos e maior acesso ao mercado são pontos importantes nas mudanças actuais do mercado, o governo tem incentivado a inovação de produtos, o que oferece oportunidades para as empresas de saúde.


Nesse aspecto, a China, por exemplo, tem ampliado a área de biotecnologia (uma das sete indústrias estratégicas do país). Enquanto isso, o governo brasileiro investiu 3 mil milhões de dólares no desenvolvimento de biotecnologia. A Alemanha, a partir de 2010, teve os preços dos medicamentos congelados e os descontos de vendas de produtos para o governo aumentaram de 6% para 16%.


“Sistemas de preços baseados em valores vem sendo desenvolvidos por muitos países, a ideia é recompensar produtos que têm características verdadeiramente inovadoras no que diz respeito aos pacientes”, diz Pete Mooney, líder global da indústria de Life Science and Health Care da Deloitte. "Embora difícil de implementar, na prática, o conceito de valor já está estabelecido e muitos executivos estão investindo na mudança de seus processos de pesquisa e desenvolvimento”, completa.


Acesso ao mercado e foco no paciente


Apesar dos desafios, 47% dos entrevistados dizem que as transformações no sector despertam uma grande oportunidade para a indústria de saúde. Parte desse potencial está no desenvolvimento de produtos que atendam, por exemplo, cuidados com foco no paciente: 39% apontam esse aspecto como o seu principal objectivo actual, enquanto 36% citam a ampliação de acesso ao mercado. O estudo revelou também que 53% esperam mudar inovação e processos e 44% pretendem modificar os seus modelos de venda.


“O ritmo das mudanças no sector de saúde, de forma global, está se acelerando e com factores mais integrados. Manter-se actualizado com as mudanças é uma tarefa bastante complexa. As empresas que adoptam uma abordagem estratégica devem ser ágeis o suficiente para identificar e aproveitar as oportunidades quando elas se apresentam”, pondera Money.


Sobre a metodologia


Desenvolvido em colaboração com a Economist Intelligence Unit, o estudou ouviu 295 executivos do mundo todo da indústria de Life Science & Health Care. Destes, 33% são de origem europeia, 33% são da América do Norte, 26% da Ásia e 3% da América Latina, além de África e Oriente Médio. 58% dos respondentes trabalham em companhias globais com receitas anuais que superam US$ 500 milhões de dólares. 36% dos executivos são da indústria farmacêutica, 20% são da área de dispositivos médicos e diagnósticos, 20% são fornecedores de serviços e 13% são da área de biotecnologia. Dos 295 executivos, 120 são CEO.


Fonte:  http://www.rcmpharma.com/actualidade/industria-farmaceutica/24-04-13/como-reformas-no-sector-de-saude-impactarao-if-nos-proxi

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fundamentalismo religioso ocupa a pauta da Alerj

Pastor crê em ‘patologias’ sexuais e deputado propõe restrição a remédio

Natanael Damasceno / Publicado:19/04/13 - 5h00

RIO - Conceitos pregados em Igrejas também estão na pauta da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Para agradar a sua base eleitoral, deputados da bancada religiosa têm apresentado projetos de lei com tons moralistas mesmo que, na prática, os textos sejam inócuos ou pareçam esdrúxulos. É o caso de dois projetos publicados esta semana no Diário Oficial, apresentados pelos deputados Márcio Pacheco e Édino Fonseca, ambos do PSC. A proposta do primeiro, muito criticada entre a classe médica, proíbe no estado a venda de medicamentos cujo princípio ativo seja o misoprostol, usado como indutor de partos naturais e para tratar abortos espontâneos. Já a ideia do segundo parlamentar é garantir acesso à saúde pública a quem for portador de “patologias” como transsexualismo, travestismo, transtornos de preferência sexual, entre outros. Segundo a justificativa que acompanha o projeto, “o Estado não pode se omitir quanto ao tratamento dessas pessoas que vivem conflitos internos e externos violentos.”

O deputado que assina o projeto, e também é pastor evangélico, diz que quer dar contribuição para ajudar os gays a “tratarem sua doença”:

— O Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar o homossexualismo um desvio sexual. Mas a Organização Mundial de Saúde, através da classificação internacional de doenças, define estes comportamentos como patológicos. Nós, nas igrejas, oferecemos conforto espiritual a estes indivíduos. O que queremos é que o Estado garanta um tratamento clínico a estes indivíduos.

Para quem não lembra, Édino ganhou os holofotes em 2004 ao apresentar um projeto de lei que previa a criação de um programa, financiado com recursos públicos, de auxílio às pessoas que quisessem deixar de ser homossexuais. Ele, que não se considera homofóbico, diz que a proposta atual é uma evolução do que foi apresentado naquela época e arquivado um ano depois.

— Fui mal interpretado. Quero ajudar estas pessoas. Elas precisam de ajuda e o Estado se nega a ajudar. Penso: ‘isso não pode ser normal’. Por isso, vejo nas passeatas gays um desfile de pessoas doentes, precisando de ajuda enquanto a sociedade diz que está tudo normal.

Apesar das ideias conservadoras do deputado, o projeto já agradou a comunidade GLBT. Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, o ativista Claudio Nascimento diz que o projeto vai ao encontro do que os transsexuais vêm pleiteando há anos.

— É nítido que ele quer ‘patologizar’ transsexuais e travestis para agradar seus eleitores. Mas o tiro vai sair pela culatra. Há anos, buscamos a aprovação de uma lei que garanta a continuidade de programas de atendimento psicológico a transsexuais. Não para que eles desistam da opção sexual, mas para tratar de conflitos reais. A lei pode se tornar um marco para a comunidade. Aliás, se o projeto for aprovado, ele será o primeiro deputado fundamentalista que terá o apoio unânime da comunidade gay. Vamos encher as galerias com transsexuais e ativistas com buquês de flores para o deputado.

‘Projeto estapafúrdio’

Já o projeto de Márcio Pacheco, que proíbe a venda do misoprostol, princípio ativo de medicamentos como o Cytotec, peca, segundo especialistas, por não ter nenhum efeito no que se propõe. O parlamentar, que já apresentou uma série de projetos contra o aborto, diz que a lei evitará a venda clandestina do medicamento para jovens grávidas. No entanto, o presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio, Marcelo Burla, explica que o medicamento é de uso hospitalar e que, por ordem da Anvisa, não é vendido em farmácias.

— O projeto é completamente estapafúrdio. Este é um medicamento essencial para a indução de partos naturais e para o tratamento de abortos, espontâneos ou provocados. Há venda clandestina, mas não será este tipo de lei que irá coibi-la. E, pior, ainda pode dificultar a venda do medicamento para hospitais no Rio — diz o médico.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/fundamentalismo-religioso-ocupa-pauta-da-alerj-8158354#ixzz2Qy1EIprF

Merck inaugura centro de distribuição no Rio de Janeiro

19/04/2013 - 08:25
O laboratório farmacêutico alemão Merck inaugurou um novo centro de distribuição no bairro de Jacarepaguá (zona oeste do Rio de Janeiro), onde fica localizada a sua fábrica de medicamentos no Brasil. Segundo a empresa, o novo centro aumentará em 60% a sua capacidade de armazenamento e a sua construção representou investimento 21 milhões de reais (cerca de 8 milhões de euros), avança o Valor Econômico.



Ainda de acordo com a Merck, o novo centro de distribuição, com área de 5,76 mil metros quadrados, criará condições para o aumento dos investimentos na produção da fábrica de Jacarepaguá que passaria assim a fazer parte do grupo das mais importantes entre as 18 fábricas que a empresa possui em 15 países. No ano passado, a fábrica do Rio bateu o recorde de produção de medicamentos sólidos, alcançando 1,1 biliões de comprimidos (face 768 milhões em 2011).


Além da fábrica de medicamentos no Rio, a Merck possui uma fábrica de produtos químicos em Barueri (São Paulo) e um centro de distribuição em Cotia, também em São Paulo. No mundo, a empresa facturou em 2012 um total de 10,74 mil milhões de euros, com crescimento de 8,4% em relação ao ano anterior.

GlaxoSmithKline é acusada de pagar concorrência para adiar entrega de genéricos

Farmacêutica teria agido para proteger lucros com o antidepressivo Seroxat, que superou o Prozac em vendas

O Globo, com agências internacional / Publicado:19/04/13 - 16h01

LONDRES - A GlaxoSmithKline foi acusada no Reino Unido de pagar outras empresas farmacêuticas para retardar a produção de versões genéricas de seu mais lucrativo antidepressivo, anunciou o Departamento de Livre Comércio do país (OFT, na sigla em inglês), segundo o jornal britânico “The Guardian”. O órgão de comércio investiga se a empresa abusou de sua liderança de mercado, articulando acordos com empresas rivais para prolongarem suas pesquisas, entre 2001 e 2004, com a finalidade de proteger o medicamento Seroxat.

O Seroxat foi lançado no início da década de 1990 e tornou-se um dos medicamentos mais vendidos no mundo, desbancando o Prozac. Mas a patente do remédio chegou ao fim em 2004 e versões genéricas mais baratas invadiram o mercado, pressionando os lucros da empresa.

A GlaxoSmithKline admitiu que fez acordos com os concorrentes, mas não que tivesse como objetivo postergar a entrada das versões genéricas no mercado. A empresa refutou as alegações, acrescentando que duas investigações similares já foram conduzidas pela União Europeia e não constataram erro algum. O órgão, no entanto, investiga se as fabricantes Alpharma, Genetics UK e Norton Healthcare receberam dinheiro para adiar sua produção.

“Cada fabricante de genéricos estava tentando lançar um produto de paroxetina para competir com o Seroxat, da GSK. Porém, em cada caso, a GSK intimidou as empresas com alegações de que os produtos iriam infringir as patentes da empresa”, disse o órgão regulador em comunicado.

Para resolver essas disputas, cada companhia de genérico fez um ou mais acordos com a GSK.

“A percepção da OFT é de que esses acordos incluíram pagamentos substanciais da GSK a companhias de genéricos em troca do compromisso deles de retardar os planos de fornecer paroxetina de forma independente”, diz o texoto da OFT.

“A GSK apoia a livre concorrência e nós acreditamos fortemente que agimos dentro da lei, como proprietários de patentes válidas da paroxetina, ao fazer os acordos que estão sob investigação. Esses arranjos resultaram, na verdade, em que versões genéricas da paroxetina entrassem no mercado antes que as patentes da GSK expirassem”, argumentou um porta-voz da farmacêutica

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lançada frente pela desoneração de medicamentos

17/04/2013 - 13:52
Valor Online

A Frente Parlamentar para a Desoneração de Medicamentos foi lançada nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados e anunciou a estratégia de atuação no Congresso e nas assembleias legislativas nos Estados. O evento que anunciou o início dos trabalhos do grupo teve a participação de deputados e senadores que farão parte do grupo, além de representantes da indústria, distribuidores de medicamentos, laboratórios e redes de farmácias e drogarias.

O presidente da frente, deputado Walter Ihoshi (PSD-SP), disse que o grupo foi montado para tentar isentar os medicamentos do elevado volume de que hoje incide sobre esses produtos e faz com que o consumidor seja um dos principais prejudicados. O parlamentar apontou que a carga tributária dos remédios é de cerca de 34%. "Totalmente desalinhado com o que acontece no mundo, onde é da ordem de 6%", afirmou.

Segundo Ihoshi, a frente já conta com mais de 200 parlamentares entre deputados e senadores. Ele apontou que, apesar de existirem outras frente militando na área da saúde no Congresso, o grupo terá foco na redução de impostos. Além da atuação em âmbito federal, o parlamentar afirmou que haverá frentes parlamentares estaduais para articular a desoneração dos medicamentos.

"Nós queremos iniciar esse debate através de audiências públicas, através de seminários aqui no Congresso Nacional, criar as frentes parlamentares estaduais, nas assembleias legislativas de todos os Estados brasileiros. E a primeira a ser criada, já temos uma presidenta, que é a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), deputada estadual que está criando no Estado de São Paulo", apontou.

O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan), Geraldo Monteiro, afirmou que o medicamento é um produto essencial e que o governo poderia reduzir o peso dos impostos no preço final desse item, como fez em outros setores da economia.

"Temos visto que a presidenta tem feito vários movimentos da redução da carga tributária tanto com produtos essenciais quanto não essenciais, como automóveis, entre outros. Por que não incluir medicamentos nesse rol de desoneração tributária?", declarou. "Porque hoje não é justo o cidadão pagar 33% de carga tributária de um produto essencial." Monteiro afirmou que os representantes do setor farão "corpo a corpo" com representantes do Congresso a partir de agora para pedir a votação de projetos que reduzam os impostos dos remédios.

O presidente do conselho diretivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Álvaro José da Silveira, afirmou que além dos impostos serem altos, as diferenças das legislações tributárias nos Estados encarecem os medicamentos no país. "Toda a cadeia de produção, desde a indústria até o consumidor", disse. "Hoje devemos ter 40 ou 50 caminhões parados por conta de diferença de legislação, cada Estado tem uma alíquota de ICMS.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/lancada-frente-pela-desoneracao-de-medicamentos-8139402#ixzz2QmX2YYyQ

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Remédio que ajudou a curar câncer de Dilma é vetado em parecer de comissão do SUS

  • Rituximabe, medicamento usado para tratamento de linfoma não Hodgkin, não ganhou aprovação para combater versão folicular da doença
  • Comunidade médica e pacientes protestam contra documento, ainda preliminar. Tipo de linfoma afetado representa 20% dos casos

RIO- Um remédio usado pela presidente Dilma Rousseff para o tratamento do câncer no sistema linfático que teve em 2009, o rituximabe, foi vetado em caráter preliminar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para ser prescrito a pacientes da rede pública. O documento, da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec), esteve até esta segunda-feira em consulta pública e causou protestos de médicos e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale). Já na rede privada, o mesmo medicamento tem licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para ser receitado desde 1998.

Dilma foi curada de um linfoma não Hodgkin de grandes células B. Para este tipo de linfoma — um entre os 20 tipos existentes e que acomete 30% dos pacientes com a doença — o SUS já aprovou o uso do rituximabe. Mas para o linfoma não Hodgkin folicular, responsável por outros 20% dos casos, o parecer prévio da Conitec informou que não foram encontradas evidências que justificassem o uso do remédio. Em média, o tratamento completo com o medicamento custa cerca de R$ 50 mil, de acordo com a Abrale.

A Conitec fez o parecer usando informações da Roche, farmacêutica que fabrica o remédio e pediu à comissão a licença para fornecer o remédio à rede do SUS.

Agora, terminado o prazo para consulta pública, a comissão do SUS terá que divulgar se mudou de ideia ou manterá o medicamento fora da lista fornecida pela rede pública. De acordo com o Ministério da Saúde, o parecer final deverá ser anunciado entre os meses de maio e junho.

— A comunidade médica internacional inteira recomenda o uso deste medicamento para o tratamento da doença. É como prescrever penicilina para tratar pneumonia. Não foi usado um critério médico, mas sim econômico para vetar o uso do rituximabe — afirma o oncologista Daniel Tabak, ex-diretor do Instituto Nacional do Câncer.

Diretor da Sociedade Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia celular, Carlos Sérgio Chiattone demonstrou perplexidade com o parecer técnico da Cointec. O hematologista diz que o documento distorce estudos científicos que comprovam o efeito do remédio no tratamento do linfoma folicular, associado à quimioterapia:

— É de absoluto conhecimento da comunidade científica no mundo desenvolvido da prescrição da imunoterapia (classe de medicamento à qual pertence o rituximabe) para o linfoma não Hodgkin folicular. Até os planos privados, que costumam ser altamente restritivos com custos, aceitam o tratamento.

Chiattone diz que a Conitec conseguiu ir na contramão inclusive do que prescreve a Rede Nacional de Compreensão sobre o Câncer, dos EUA (NCCN, na sigla em inglês), entidade que usa informações das 23 principais instituições de estudo de câncer do mundo.

— É razoável que o governo diga eventualmente que não tem dinheiro para determinado remédio e prefira usar o recurso para outro fim, mas com argumentos honestos. Nestes termos que a Cointec usou, é inaceitável.

No Brasil, o linfoma não Hodgkin é diagnosticado em cerca de 10 mil pessoas por ano e 3.500 pessoas, em média morrem da doença no mesmo período.

—Toda semana, entre 10 e 15 pacientes entram em contato conosco com dificuldades em obter o remédio. Acabam entrando na Justiça para consegui-lo, o que acaba sendo mais oneroso para o governo. É uma tristeza ver um paciente ter que vencer a burocracia para ter garantido um direito constitucional — disse Merula Steagall, presidente da Abrale — que submeteu à comissão do SUS uma lista mais de 61 mil assinaturas colhidas na internet contra o parecer

terça-feira, 16 de abril de 2013

Eli Lilly despede 30% da área de vendas nos EUA

15/04/2013 - 12:20
A farmacêutica americana Eli Lilly tenciona eliminar cerca de 1000 representantes de vendas locais no sentido de reduzir custos, afectada pela concorrência dos medicamentos genéricos, avança o Wall Street Journal, citando fontes próximas do processo, avança o jornal económico OJE.

A reestruturação afecta cerca de 30% da força de trabalho na área de vendas da companhia, abrangendo tanto os funcionários em regime de contrato como os de trabalho temporário, informa o jornal.


No final deste ano, o produto com mais relevância para a empresa, o antidepressivo Cymbalta®, perder protecção da patente, e as versões genéricas do medicamento para osteoporose Evista®, que factura mil milhões de dólares (764 milhões de euros) por ano, devem chegar ao mercado no início de 2014.


No último trimestre de 2012, a farmacêutica assumiu encargos de 74,5 milhões de dólares (57 milhões de euros) numa reestruturação global, que incluía os despedimentos na área de vendas dos EUA. Na altura a companhia não especificou quantos funcionários iriam perder os postos de trabalho. Em Janeiro, previu um agressivo controlo de gastos para 2013.


A conclusão do processo de demissões e reorganização está programada para Julho.


Roche aumenta em 45% o lucro no Brasil em 2012

16/04/2013 - 09:44
A Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos, subsidiária da empresa suíça Roche, lucrou 164,3 milhões de reais (cerca de 82 milhões de dólares) em 2012, uma subida de 45% em relação ao ano anterior, segundo resultados divulgados pela companhia. A empresa, com sede em São Paulo, é de capital fechado no país, avança o Valor Económico online.

A receita operacional líquida foi de 2,23 mil milhões de reais (cerca de 1,2 mil milhões de dólares, aumento de 12%. Os custos de produtos vendidos e serviços prestados subiram mais, 14%, o que pressionou ligeiramente a margem bruta (o que sobra das vendas depois de descontados os custos), que passou de 30,5% para 29,5%.


Essa perda foi compensada pela redução de 7% nas despesas operacionais líquidas, e o lucro operacional antes do resultado financeiro e impostos chegou a 230,7 milhões de reais (115 milhões de dólares), aumento de 60%.


A empresa tinha 92,8 milhões de reais (cerca de 46 milhões de dólares) em caixa no fim de Dezembro, sem empréstimos e financiamentos no curto e longo prazos. O património líquido era de 762 milhões de reais (380 milhões de dólares).


A fabricante do Valium®, Dormonid® e Rivotril® tem uma unidade de distribuição em Anápolis (Goiás) e uma fábrica no Rio, de onde são exportados os medicamentos controlados para os países da América Latina


Médicos agora miram anti-inflamatório.

Após fechar cerco aos antibióticos, sociedades médicas defendem mudança na forma de prescrição, com retenção de cópia da receita. Lígia Formenti / BRASÍLIA Um dos campeões de vendas nas farmácias e da automedicação, os anti-inflamatórios estão na mira das sociedades médicas. Com aumento de complicações e atendimentos de urgência provocados pelo uso inadequado, algumas entidades passaram a defender uma mudança na forma da prescrição. A proposta é que todos os medicamentos dessa classe sejam vendidos com a retenção de uma cópia da receita.“É preciso fazer algo. Boa parte dos atendimentos de urgência, como hemorragias e lesões agudas gástricas, é provocada pelo uso exagerado do remédio”, afirma o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, José Roberto Almeida. “Somos uns dos campeões mundiais no uso dessa classe de medicamento. Eles são importantes, úteis,mas quando usados de forma adequada”, afirma o diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Anthony Wong. Um dos principais erros, diz Wong, é usar anti-inflamatórios como ferramenta para reduzir a dor. “O remédio não foi desenvolvido com essa finalidade.” Ele atribui a grande incidência de complicações ao desconhecimento das interações que o medicamento pode trazer. “Geralmente esse tipo de remédio é usado por pessoas idosas, que já têm outros tipos de problemas.” Aideia, portanto é estabelecer como regra geral para todos os anti-inflamatórios o que já acontece com alguns medicamentos da classe e todos os antibióticos. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), Dirceu Barbano, afirma que pedidos de regras mais rígidas já chegaram à agência. “Por enquanto temos outra prioridade. Não acreditamos que o comportamento possa ser mudado só com o aumento de restrições.” Barbano diz que a agência quer encontrar mecanismos para fazer valer uma regra antiga, mas que raramente é respeitada: a necessidade da apresentação da receita para remédios de tarja vermelha. Em fevereiro, a Anvisa publicou pela segunda vez um edital para interessados em participar de uma força de trabalho encarregada de estabelecer medidas para estimular o uso racional de medicamentos. Cerca de 120 inscrições foram feitas. A expectativa é a de que até o fim do ano uma política já esteja traçada. A intenção é alertar a população sobre os riscos da automedicação, chamar a atenção dos locais de venda para a necessidade do cumprimento das regras e reforçar a vigilância. “Vamos alertar todos os setores envolvidos, discutir estratégias de tal forma que, quando a cobrança começar a ser feita, ninguém possa dizer que não estava preparado.” O presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo( Sindusfarma), Nelson Mussolini, considera acertada a estratégia da Anvisa. “Toda venda de medicamento com tarja deve ser feita mediante a apresentação da receita.” Para ele, a automedicação tem de ser reduzida não com mais burocracia, mas com a criação de campanhas de esclarecimento. Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica,concorda. “É preciso exigir receita, mas também garantir o acesso da população a atendimento médico”, disse.“Enquanto o acesso for difícil, as pessoas vão recorrer ao palpite da vizinha ou aos medicamentos sugeridos nas farmácias.” Roberto Almeida diz que atividades educativas são imprescindíveis. “Se isso não funcionar, é preciso pensar em algo mais restritivo.” Vendas. Em 2012, 129.279 caixas de anti-inflamatórios foram vendidas no País, segundo o levantamento feito pelo Sindusfarma e IMS Health. Essa classe de medicamentos, representa 4,9% da movimentação do setor. Em 2010, haviam sido vendidas 106.043, ou seja, uma alta de 21,9% em dois anos. “Houve um aumento, mas equivalente ao crescimento que ocorreu no mercado neste período”, diz o presidente do sindicato. Em 2012, foram vendidas no País 2.587.868 caixas de remédios, uma alta de 25% em comparação ao total de 2010 (2.069.607).
FONTE: O ESTADO DE SÃO PAULO – SP

sábado, 13 de abril de 2013

Ministério da Saúde anuncia pacote de medidas de incentivo à indústria nacional de saúde

11/04/2013 -  Saúde - Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Ministério da Saúde anunciou hoje (11) um pacote de medidas que visam incentivar a indústria brasileira do setor da saúde. Foram firmadas oito parcerias entre laboratórios públicos e privados, que prevêem a transferência de tecnologia para a produção nacional de equipamentos e cinco medicamentos, hoje consumidos por 754 mil brasileiros. A produção deve ter início imediato.

De acordo com o ministério, a maior parte desses medicamentos hoje é importada e distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com as parcerias, o ministério estima uma economia, em cinco anos, de R$ 354 milhões.

Pelos acordos, os laboratórios estrangeiros se comprometem a transferir aos laboratórios brasileiros a tecnologia para a produção nacional do medicamento ou vacina, dentro de um prazo de cinco anos. Como contrapartida, o governo garante exclusividade na compra desses produtos, pelos menores valores cotados no mercado mundial, durante o mesmo período.

Os medicamentos que passarão a ser produzidos no Brasil são o antirretroviral darunavir (usado no tratamento do HIV); galantamina (contra o mal de Alzheimer); espirais de platina (usadas nas cirurgias de aneurisma cerebral); cloroquina, anfotericina B e anfotericina B lipossomal (medicamentos usados contra malária e leishmaniose). Também será transferida a tecnologia para a produção de um polivitamínico usado para anemia profunda indicado para crianças de até três anos, e a construção de três tipos de aparelhos auditivos.

Com os novos acordos, passam a estar em vigor 63 parceria entre 15 laboratórios públicos e 35 privados para a produção nacional de 61 medicamentos e seis equipamentos de saúde. Segundo o ministério, as parcerias rendem uma economia, anual, de cerca de R$ 2,5 bilhões.

“Produzir no Brasil significa economia para o governo e menores preços para os medicamentos. O país passar a produzir equipamentos de ponta significa também segurança para os pacientes Esses medicamentos serão fornecidos independentemente de qualquer crise internacional”, disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha, no lançamento dos programas, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em parceria com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ministério da Saúde também anunciou, pelo programa Inova Saúde, editais para financiamentos de R$ 2 bilhões destinados a empresas de inovação, que desenvolvem medicamentos biológicos – usados geralmente no combate ao câncer e a artrite –, medicamentos tradicionais e equipamentos de saúde.

Também o BNDES lançou a terceira etapa do Profarma, que cria uma linha de financiamento de R$ 5 bilhões para apoiar empresas de desenvolvimento de produtos biotecnológicos no Brasil.

Edição: José Romildo

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