07/12/2012
- 08:19
Durante mais de dez anos, as multinacionais investiram forte no sul da
Europa, à medida que o nascimento do euro estimulava o crescimento económico.
Agora, elas mudaram a rota, escreve a revista VALOR, citando o The Wall Street
Journal.
O laboratório farmacêutico alemão Merck KGaA é apenas um dos exemplos:
recentemente cortou 20% do seu pessoal em Espanha, em parte devido aos cortes
nas comparticipações que o governo espanhol pagava pelos medicamentos.
Essas saídas fazem parte de um êxodo empresarial que ameaça sugar o
capital, a inovação e a experiência administrativa de que o sul da Europa
precisa desesperadamente para sair da recessão e da crise de dívida.
A queda brutal no consumo e os programas estatais de austeridade estão
na raiz do problema.
Factos como o recente encerramento do centro de pesquisas do laboratório
farmacêutico Sanofi, com 500 pessoas, em Milão, são especialmente lamentáveis
porque os governos do sul da Europa, com os seus orçamentos apertados, não têm
como dar nova capacitação aos funcionários demitidos. O risco, dizem os
economistas, é que o sul da Europa enfrente uma queda prolongada de emprego,
semelhante à que atingiu o norte da Europa nos anos 1970 e 1980 com o declínio
da antes poderosa indústria do carvão.
As perspectivas para o consumo não estão a melhorar, avança a VALOR. A
Standard & Poor's prevê que a renda disponível vai encolher no sul da
Europa este ano e no próximo. É por isso que, em contraste com crises europeias
anteriores, muitas empresas consideram irreversível sua decisão de fechar as
portas no continente.
Os sinais de enfraquecimento dos investimentos estrangeiros directos no
sul da Europa já têm sido notados desde o início de 2012. No primeiro semestre,
as saídas de investimentos de Itália superaram os fundos que entraram no país
em 1,6 mil milhões de dólares, de acordo com a Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento.
O investimento estrangeiro directo caiu 38% em Portugal, Espanha, Grécia
e Itália desde 2007, com os investidores a canalizar o dinheiro para os
mercados emergentes. No primeiro semestre deste ano, pela primeira vez, os
mercados emergentes absorveram metade de todo o investimento estrangeiro
directo mundial, de acordo com a CNUCED.
Directores financeiros de multinacionais disseram, numa pesquisa
recente, que é mais arriscado investir na Grécia do que na Síria, e que a
Espanha é mais arriscada do que o Egipto. "Houve uma fuga para a
segurança", diz Lawrence Evans, que realizou a pesquisa para a firma de
contabilidade BDO International. "Mas na Europa não sobram muitos
refúgios".
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