06/12/2012 - 08:34
Consultadas pela DW Brasil, as empresas farmacêuticas alemãs Bayer
HealthCare e Boehringer Ingelheim contestaram as acusações apresentadas no
estudo “Às custas dos pobres”, realizado pela ONG alemã Bundeskoordination
Internationalismus (Buko, na sigla em alemão). No estudo, os preços, a qualidade
de medicamentos e publicidade de empresas farmacêuticas no Brasil foram
questionados, avança a DW Brasil.
A Bayer rejeitou com veemência as acusações feitas pela Buko. "O
estudo publicado descreve as nossas actividades de forma incompleta e
negligencia informações por nós previamente disponibilizadas e tornadas
públicas, como por exemplo nosso engajamento na área da doença de Chagas",
respondeu a empresa.
A Bayer disse ainda que vai reunir-se no início de Dezembro com
representantes da Buko para debater o conteúdo e a metodologia do estudo.
Outra farmacêutica alemã, a Boehringer Ingelheim, respondeu que
comercializa apenas medicamentos com resultados positivos na avaliação
benefício-risco, ou seja, "na qual o benefício se sobrepõe aos possíveis
riscos à saúde". A empresa disse ainda que a decisão de lançar um produto
no mercado cabe apenas às autoridades de saúde nacionais.
A Boehringer Ingelheim disse ainda que mantém um "diálogo
crítico" constante também com a Buko e disponibiliza informações sobre os
produtos por ela oferecidos em países em desenvolvimento.
Posição da Bayer HealthCare
No relatório, a Bayer HealthCare foi criticada por vender caro o
medicamento Nexavar®, muito importante no tratamento do cancro do fígado,
afirma o estudo.
Outra crítica foi a "mistura absurda de vitaminas" –
considerada problemática por especialistas, uma vez que a reacção do corpo à
ingestão concomitante de tantos princípios activos seria imprevisível – no
composto Supradyn® Pré-Natal.
A Bayer disse que as "declarações e números" sobre os custos
de pesquisa do Nexavar® apresentados no estudo estão errados. A empresa afirmou
ainda que o desenvolvimento de um novo medicamento é um processo longo,
complexo, arriscado e com custos que podem ultrapassar mil milhões de euros.
"Além disso, os preços de medicamentos são negociados com as autoridades
locais e estão sujeitos a diferentes margens de lucro, impostos e outros
factores."
Sobre a segurança dos seus medicamentos, a empresa afirmou que
"todos os estudos clínicos [para a aprovação de medicamentos] se submetem
a rigorosos princípios éticos e científicos internacionais e preenchem, sem
excepção, as exigências das autoridades locais de saúde", acrescentando
que a aprovação de novos medicamentos só ocorre após testes de eficácia e segurança
por autoridades locais e internacionais.
Além disso, "a Bayer comprometeu-se com o marketing responsável,
segundo padrões internacionais, especificados por códigos de conduta e
preceitos externos. Todas as actividades de marketing ocorrem, em todo o mundo,
em estrita concordância com as leis e normas nacionais".
Posição da Boehringer Ingelheim
A Boehringer Ingelheim foi criticada por comercializar no Brasil o
Buscopan® Composto, proibido noutros países por conter a substância activa
metamizol. O estudo afirma que a substância pode desencadear diversas reacções
adversas no corpo, além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos,
importantes para o sistema imunológico.
A empresa respondeu que está convencida do "perfil de segurança e
eficácia" da família de produtos Buscopan®. Segundo ela, o medicamento
está aprovado em mais de 20 países, incluindo Bélgica, Espanha, Argentina e
Brasil.
A Boehringer Ingelheim afirmou ainda que a relação benefício-risco é
analisada e avaliada de forma contínua pela empresa e pelas autoridades de
autorização e de controlo, com base em todas as informações disponíveis.
"Assim asseguramos que os nossos medicamentos são eficazes e
seguros."
De acordo com a empresa, na Alemanha os dois princípios activos do
Buscopan® Composto – metamizol e brometo de n-butilescopolamina – estão
disponíveis no mercado isoladamente e podem ser combinados de forma livre.
A empresa disse ainda que havia uma campanha publicitária para a família
de produtos Buscopan® no Brasil, mas que esta foi exibida pela última vez em
Setembro de 2012.
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