Autor(es): Por Mônica Scaramuzzo | De São Paulo
Fonte: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/12/28/farmaceuticas-ameacam-reduzir-os-descontos-a-medicamentos
Valor Econômico – 28/12/2012
Mussolini, presidente do Sindusfarma: "O setor vai
continuar em expansão, mas as indústrias vão abrir mão da margem"
Pressionadas pelos altos custos, as farmacêuticas vão
reduzir o índice de descontos concedido a medicamentos a partir de 2013. A
disparada do dólar nos últimos meses e os custos com mão de obra vão espremer
as margens do setor, afirmaram fontes ouvidas pelo Valor.
O setor farmacêutico brasileiro foi um dos poucos que
passaram longe da crise financeira global desencadeada em 2008 e manteve crescimento
acima de dois dígitos nos últimos anos. Neste ano, as indústrias instaladas no
Brasil projetam crescimento de até 14% em receita em relação a 2011, e as
perspectivas indicam que em 2013 a expansão pode até superar os dois dígitos,
mas sem o mesmo desempenho robusto de antes.
A indústria farmacêutica do país está entre as atividades
com margens líquidas mais atraentes, acima de dois dígitos, entre 18% e 28%,
segundo fontes do setor. Pesquisa feita pelo Valor Data mostra que a margem
líquida de cinco grandes grupos nacionais oscilou entre 14% e 27%. Na
comparação com farmacêuticas americanas, a margem líquida média também é alta,
entre 10% e 25%.
Os custos de produção farão parte do centro de discussão
do setor em 2013. "O aumento médio salarial entre 2007 e este ano foi de
cerca de 60%. Começamos o ano com o dólar a R$ 1,60 e vamos encerrar com uma
média de R$ 2,10", disse Nelson Mussolini, presidente-executivo do
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sindusfarma). "O
setor vai continuar em expansão, mas as indústrias vão abrir mão da
margem." A alta do dólar para as farmacêuticas pressiona os custos, uma
vez que boa parte dos insumos para a produção de medicamentos é importada.
As indústrias de genéricos nacionais, responsáveis em
grande parte pela atração de investimentos externos, também estão adotando um
discurso mais moderado. "Vemos 2013 com preocupação", afirmou Telma
Salles, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos
Genéricos (Pró Genéricos). Os laboratórios produtores de genéricos são os que
têm maior flexibilidade para conceder descontos, em média, de 50%. "Isso
poderá ser revisto devido aos altos custos das indústrias", disse.
As perspectivas para 2013 não contemplam crise, a não ser
que o quadro macroeconômico se agrave e o desemprego avance no país. "A
renda é um fator importante para nossas indústrias. Se tiver desemprego, o
impacto é instantâneo porque as pessoas deixam de pagar plano de saúde e
reduzem a compra de medicamentos", afirmou Mussolini.
Segundo Telma, da Pró Genéricos, a expectativa das
indústrias para expansão será no aumento do acesso aos medicamentos por meio de
políticas públicas. "Estamos batalhando para isso", disse.
Ao contrário do movimento aquecido de fusões e
aquisições, observado entre 2009 e 2011, essas operações serão menos intensas
nos próximos meses para o setor. "O glamour do mercado brasileiro
continua, mas o movimento é de cautela", afirmou Mussolini.
O Brasil continua alvo de interesse de grandes
farmacêuticas globais que ainda não estão no país. No entanto, a oferta menor
de ativos à venda com seus preços inflacionados poderá reduzir o volume de
transações no mercado.
A comercialização de
genéricos no país atingiu 621,4 milhões de unidades (caixas) no acumulado do
ano até novembro, crescimento de 19% sobre igual período do ano passado,
segundo a Pró Genéricos. Em receita, as vendas totalizaram R$ 10,2 bilhões,
alta de 29% em relação aos 11 meses de 2011. De janeiro a novembro, a venda
total de medicamentos, incluindo os de referência, similares e genéricos,
alcançou 2,371 bilhões de unidades (caixas) no acumulado, alta de 12% sobre
igual período do ano passado, de acordo com dados da consultoria IMS Health. O
faturamento do setor no período somou R$ 45,5 bilhões, aumento de 12% em
relação aos 11 meses de 2011. Os valores até novembro deste ano já superaram as
vendas de 2011, que encerraram em R$ 42,8 bilhões. Vale lembrar que o IMS
audita a receita bruta, sem os descontos concedidas pelos laboratórios.Fonte: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/12/28/farmaceuticas-ameacam-reduzir-os-descontos-a-medicamentos
Nenhum comentário:
Postar um comentário