01/08/2012 - 09:09
A Associação Médica Americana volta a insistir na importância da
utilização consciente do Truvada® por profissionais de saúde. Embora muitos
profissionais de saúde tenham aplaudido a última acção da FDA (entidade que
regula os medicamentos nos EUA), eles estão conscientes de que o medicamento não
vai acabar com a epidemia, avança o portal Isaúde.
Profissionais especializados em cuidar de doentes com Sida enfatizam a
importância do sexo seguro. "O Truvada® será mais uma ferramenta útil, mas
não é uma grande mudança no jogo. Não é uma bala de prata," disse Laurie
Dill, directora médica da organização sem fins lucrativos Medical Aids Outreach
of Alabama.
Antes de prescrever a medicação, os profissionais devem discutir com os
doentes por que eles poderiam beneficiar da droga e educá-los sobre como usá-la
adequadamente, disse Harvey Makadon, director do National LGBT Health Education
Center at Fenway Institute in Boston, entidade que trabalha com programa de
pesquisa do VIH.
O medicamento da Gilead, aprovado pela FDA para uso nos EUA, a 16 de
Julho, tem como objectivo reduzir a infecção de VIH/Sida doentes de alto risco.
De acordo com o Center for Disesase Control and Prevention (CDC), os
médicos são incentivados a discutir as vantagens e desvantagens da medicação
com doentes de alto risco, que incluem homens homossexuais e bissexuais que têm
múltiplos parceiros sexuais. Outros candidatos potenciais são pessoas não
infectadas em uma relação de longo prazo com uma pessoa que tem VIH / SIDA e
heterossexuais que se envolvem regularmente em um comportamento sexual
arriscado.
O CDC ainda não emitiu orientações oficiais sobre a prescrição do
comprimido para a pré-exposição, mas a entidade deixa claro que o Truvada® não
é um substituto para práticas sexuais seguras. "Para alguns indivíduos com
alto risco de infecção pelo VIH, a profilaxia pré-exposição pode representar um
método essencial de prevenção. Mas não vai ser bom para todos, e nunca deve ser
visto como uma primeira linha de defesa".
Ferramentas para os profissionais de saúde
Para garantir que os médicos façam uma utilização racional do Truvada®,
comunicando claramente aos pacientes a importância de praticar sexo seguro
paralelamente ao uso da medicação, a FDA desenvolveu junto com o fabricante do
medicamento, a Gilead Sciences, um programa de educação voluntária para todos
os profissionais que prescrevem o medicamento.
A instrução inclui um guia de formação sobre o uso correcto de Truvada®
e um folheto de segurança que discrimina potenciais efeitos colaterais da droga
que incluem dor abdominal, diarreia e náuseas, bem como a complicação menos
comum de diminuição da densidade mineral óssea, segundo a FDA.
Um requisito fundamental para a prescrição de Truvada® é confirmar que o
indivíduo é VIH-negativo com realização de testes a cada três meses. È
recomendado a interrupção do tratamento, se o indivíduo for contaminado, a fim
de reduzir o risco de o paciente desenvolver resistência ao medicamento.
A esperança é que, ao longo do tempo, a taxa de novas infecções seja
diminuída nos EUA, mas alguns médicos questionam a eficácia clínica. Um dos
maiores problemas é consciencializar o doente do uso constante do medicamento.
Outro complicador, segundo os médicos, é o custo do fármaco, cerca de 11
mil dólares por ano, inacessível para muitas pessoas que possam beneficiar
dele. Segundo estes profissionais, mesmo que as seguradoras de saúde paguem
parte do tratamento, o que pode ser possível de acordo com um artigo publicado
online, no dia 22 de Julho, na revista Annals of Internal Medicine, os custos
ainda seriam altos.
Outra preocupação dos profissionais de saúde é que pacientes prescritos
com o Truvada® desenvolvam comportamentos sexuais mais arriscados por se
sentirem mais protegidos. De acordo com os responsáveis pelo desenvolvimento da
droga, não houve nenhuma evidência de um aumento no comportamento sexual de
risco entre os participantes dos dois grandes estudos clínicos que demonstraram
a segurança e eficácia do Truvada®
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