Filme polímero natural é o único que adéqua-se às
variações de calor e deve ser usado em pessoas com paralisia facial e
dificuldade de deglutição; animais também serão beneficiados com a descoberta.
Pesquisadores da Universidade da Federal de Pernambuco
desenvolveram um novo método biotecnológico de dissolução de medicamentos e
alimentos que promete revolucionar os setores de fármacos e alimentos no
Brasil. O projeto multidisciplinar, criado pelo pesquisador médico de
Bioengenharia Ricardo Yara foi coordenado pela professora Cláudia Sampaio, do
Comitê Técnico de Plantas Medicinais e Fitoterápicos da UFPE, e conta com uma
equipe formada pelos pesquisadores Beate Saegesser Santos e Júlio César Bezerra
Pereira.
A lâmina de textura plástica, que se parece muito com
finos filetes de balas mentoladas, geralmente encontradas em diversos
comércios, é uma espécie de filme polímero natural, hidrossolúvel às variações
variações de temperaturas. O novo produto é inovador por ser obtido por meio de
fontes 100% naturais, e por facilitar a administração de medicamentos para quem
tem a deglutição comprometida – pessoas que apresentem paralisia facial
epatologias neurodegenerativas. O uso do medicamento é comprovadamente eficaz
até no uso veterinário, beneficiando a saúde animal com a descoberta.
“Na modificação laboratorial, houve o cuidado de
preservação destas características e utilizou-se no processo, apenas materiais
comuns, utilizados na indústria alimentícia. Por estes motivos, podemos inferir
que o filme é atóxico, não provocando danos à saúde humana ou animal”, afirma a
professora Cláudia Sampaio de Andrade Lima, coordenadora do grupo de pesquisa
em Biotecnologia de Produtos Naturais.
Aplicação em fármacos e alimentos -A indústria
farmacêutica e cosmética terá o produto natural como forte aliado para
transferência de princípios ativos para humanos e animais. Anticépticos e
refrescantes bucais, anti-hipertensivos, hipoglicemiantes e outros tantos
medicamentos e cosméticos hidrossolúveis são alguns dos exemplos. Já, em
alimentos os chás, sucos, temperos, sopas instantâneas, vitaminas ou qualquer
outro tipo de alimento – solúvel em água ou em mucosas – poderão utilizar o
novo produto dissolúvel.
Hoje temos 250 empresas de pesquisa no país. Algumas
estão pautadas na Biotecnologia e são bem vistas como as principais apostas da
indústria farmacêutica no Brasil, nos próximos anos. Prova disso está na
criação da "superfarmacêutica" Orygem Biotecnologia, ocorrida em maio
deste ano. A força resulta da união dos laboratórios Biolab, Cristália,
Eurofarma e Libbs.
De acordo com Marcus Vinicius Andrade, diretor executivo
do ICTQ – Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade – especializado em
formar farmacêuticos para o setor industrial com cursos de pós graduação e
MBAs, “o setor está à procura de pesquisas importantes, como esta, que devem
sair da escala laboratorial para a escala industrial. E é nosso dever fomentar
a inovação biotecnológica na indústria farmacêutica, preparando e qualificando
profissionais que estarão à frente das estratégias e da linha de produção
destes produtos", garante o executivo sobre o impacto do filme polímero
natural no setor farmacêutico.
Mudanças benéficas na cadeia produtiva -O produto natural
poderá beneficiar a população brasileira e todos os segmentos da cadeia
produtiva, desde a base. A idéia original é de garantir às comunidades caiçaras
que produziriam a matéria prima, de forma sustentável, passando pela indústria
de medicamentos – esta teria à disposição uma forma farmacêutica economicamente
viável. Enquanto isso, as indústrias de alimentos poderiam fornecer nutrição
com baixa caloria – tendo como outro importante benefício a facilidade e
praticidade de transportar os produtos, que poderão ser transformados no filme
polímero.
“Finalmente os consumidores teriam à sua disposição novas
famílias de produtos. Além disso, todas estas vantagens podem ser relacionadas
ao uso veterinário”, finaliza a pesquisadora da UFPE
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