Nota de C&T:
Nada contra aqueles que se manifestam sobre a problemática dos custos de OPME, porém uma omissão é praticada pela esmagadora maioria daqueles que se manifestam, não sei se por falta de conhecimento ou de forma proposital para proteger muitos colegas e a se próprio. Trata-se das altas comissões pagas à esmagadora maioria dos cirurgiões. Indústrias, Importadoras e distribuidoras calculam seus preços como se todos (100%) os cirurgiões vão receber comissões. Não utilizarei o termo propina porque não é propina. Para ser propina seria necessário ter um dos agentes como servidor público e aqui eu quero me referir exclusivamente a profissionais da rede privada. No público também ocorre da mesma forma, mas prefiro não desviar o foco da rede privada. São raríssimos os neurocirurgiões, cirurgiões de coluna e outros ortopedistas, cirurgiões cardíacos, entre muitos outros que não recebem comissões devidamente negociadas como se fosse um representante comercial dos referidos materiais. Aquele que não cobra a comissão, o fabricante se beneficia muito mais, pois os preços são planilhados considerando às comissões, chamadas de investimentos científicos ou outros termos semelhantes.
Nas cirurgias de coluna são comuns materiais e procedimentos que superam R$ 100.000,00 e a escala de comissão varia entre 15% a 40%. Cada empresa (fabricante e atravessadores) tem seus grupos de profissionais definidos e comprometidos. Isto é fato, só não são investigados e punidos porque aqueles que deveriam puni-los não querem. O problema mais sério é que se for investigar irão mexer com muita gente poderosa. É fato também, que alguns fabricantes e distribuidores são médicos empresários donos de clinicas, hospitais, representações comerciais e até diretores de planos de saúde.
Os rastos para uma investigação são mínimos. Sem um envolvimento da Policial Federal e o Ministério Público Federal será praticamente impossível punir alguém. O processo é complexo e precisaria quebrar sigilos fiscais, telefônicos e bancários além de outras investigações coercitivas. Tudo é feito com muita habilidade e por pessoas extremamente conhecedoras do ramo.
A criação de tecnologias e recursos direcionados à saúde faz com que os tratamentos tornem-se cada vez mais caros. Um dos ramos onde essa situação é evidenciada é o setor de órteses, próteses e medicamento especiais (OPME). Segundo a diretora de saúde da empresa Evidência, Patrícia Medina, existem muitos procedimentos em que o uso das OPME não é necessário.
“Muitas aquisições de OPME podem ser evitadas se o médico ampliar os seus conhecimentos. Não se pode apenas usar os livros como referência, é importante fazer uso de medicina baseada em evidências”.
Em sua explanação feita no XI Congresso Brasileiro de Auditoria em Saúde, da Adh 2011, realizada na última sesta-feira (27), Patrícia conta que a medicina baseada em evidências vai além dos artigos científicos e leva em consideração experiências médicas, resultados obtidos e interação com o paciente.
Ela usa como pano de fundo para sua explicação a questão dos custos elevados de OPME à cirurgia de varicocele.
“É comum os cirurgiões tratarem a varicocele com procedimento cirúrgico invasivo onde é implantada uma mola na região afetada para que assim aumente o número de espermatozóides produzidos pelo individuo. Esse procedimento custa em média R$ 14 mil”.
Patricia que também é cirurgiã proctologista afirma, no entanto, que não existe nenhum estudo cientifico que comprove que a cirurgia realmente aumenta a quantidade de espermatozóides. “Antes de realizar um procedimento cirúrgico que fará uso de OPME é preciso saber se o método realmente será eficaz para o paciente”.
Aplicação
Ela ressalta que a pesquisa de estudos que utilizam medicina baseada em evidências deve ser feita de forma responsável.
“Não se pode usar qualquer estudo como referência. É preciso primeiramente conhecer o caso do paciente para assim procurar uma literatura que possua boa qualidade sobre o tema”.
Falta de opção
Outro problema existente na aquisição de OPME é que muitos profissionais estão acostumados a trabalhar com apenas um tipo de material e não permitem a utilização de outro tipo de recurso.
Para ela, esse tipo de resistência precisa ser sanado, pois pode prejudicar o tratamento do paciente. “O especialista precisa oferecer opções de materiais a serem utilizados no tratamento, não se pode pagar tudo a qualquer preço”.
Além disso, existem casos em que o tratamento está adequado, mas não está no contrato de cobertura do plano de saúde.
Diante desse fato, Patricia ressalta a importância de também manter um dialogo com a rede credenciada.
Fonte: http://saudeweb.com.br/21385/medicos-fazem-uso-excessivo-de-opme-sem-necessidade/#comentarios
Conheço muita gente desse ramo de órteses e chega a dar nojo de muitos "médicos", que chegam a cancelar cirurgias se o seu "material preferido", ou seja, que paga a maior propina não for o aprovado. É uma vergonha isso, nossos planos de saúde poderiam ter um custo muito mais baixo não fossem esses mercenários, que em alguns casos "inventam cirurgias" para ganharem o seu "sagrado dinheiro", é revoltante.
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