16/07/2014 - 08:41
O Google e a farmacêutica suíça Novartis
estabeleceram uma parceria para desenvolver lentes de contacto capazes de medir
o nível de açúcar, um teste que os diabéticos normalmente fazem várias vezes
por dia picando os dedos para obter uma gota de sangue, avança o jornal
Público.
A ideia de usar lentes de contacto para medir
a glicose é discutida há anos, na indústria e no meio académico. As lentes do
Google, de que a empresa já tinha mostrado um protótipo em Janeiro, contêm
minúsculos dispositivos electrónicos que medem de forma contínua a glicose no
fluido lacrimal. A informação pode depois ser transmitida para um outro
aparelho, como um telemóvel. Para os diabéticos, este sistema seria mais
cómodo, não apenas por evitar as picadas nos dedos, mas também por permitir uma
monitorização constante do nível de açúcar.
Para além de medirem a glicose, as lentes
também são capazes de corrigir a visão das pessoas com presbiopia, ou seja, a dificuldade
em ver ao perto, frequentemente designada por “vista cansada” e que é um
problema que tende a surgir com a idade.
“Estamos ansiosos por trabalhar com o Google
para juntar a tecnologia avançada deles e o nosso extenso conhecimento de
biologia”, afirmou, em comunicado, o presidente executivo da Novartis, Joseph
Jimenez. “Este é um passo fundamental para irmos além dos limites da gestão
tradicional de doenças”.
“O nosso sonho é usar a mais recente
tecnologia de miniaturização electrónica para ajudar a melhorar a qualidade de
vida de milhões de pessoas”, disse, por seu lado, o co-fundador do Google
Sergey Brin, que nos últimos anos parece mais afastado da gestão quotidiana da
empresa e que tem vindo a financiar projectos de investigação na área da saúde
e da genética.
A parceria, anunciada nesta terça-feira sem
que fossem revelados os pormenores financeiros, está ainda sujeita a aprovação
das autoridades regulatórias. Também não foram indicados prazos para a
comercialização das lentes.
A monitorização do estado de saúde é uma das
tendências na indústria da electrónica de consumo. Vários dispositivos –
telemóveis, pulseiras, relógios inteligentes – e aplicações permitem registar o
número de horas de sono, o ritmo cardíaco, as distâncias percorridas e as calorias
consumidas, por exemplo. Muitos destes aparelhos têm sido direccionados pelas
marcas para os praticantes de exercício físico.
Recentemente, Apple, Google e Samsung
revelaram as respectivas plataformas de saúde para dispositivos móveis. Estes
sistemas agregam a informação recolhida pelo utilizador, mas também podem ser
usados por terceiros que queiram criar serviços e aplicações que assentem
nestes dados. Na apresentação da plataforma de saúde da Apple, no mês passado,
a Mayo Clinic, uma clínica privada dos EUA, explicou que as suas aplicações
passariam a reagir a situações anormais encontradas na informação registada
pelo utilizador, dando conselhos práticos ou até contactando um médico.
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